Vinho de US$ 18 mil pode ser intragável
O Chateau Mouton Rothschild 1945 é um dos vinhos mais raros do mundo e foi vendido por US$ 18 mil em um leilão. Mas talvez ele não possa ser consumido
Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2015 às 17h48.
Uma garrafa de um dos vinhos mais raros do mundo foi vendida por US$ 18.000 em um leilão realizado em Londres, na última quinta-feira. Só tem um problema -- talvez o conteúdo não possa ser consumido.
O Chateau Mouton Rothschild 1945 foi arrematado por um colecionador privado da Europa, disse a casa de leilões Bonhams.
O preço de venda -- que equivale a cerca de US$ 1.500 por taça ou ao fretamento de um jato Learjet de Londres a Saint-Tropez -- estava no limite inferior das expectativas porque a garrafa sofreu oxidação, segundo Richard Harvey, diretor global de vinhos da Bonhams.
O ullage, jargão do setor que se refere ao espaço entre o vinho e o fundo da rolha, estava abaixo do gargalo, “o que denota uma chance maior de o vinho estar oxidado e, portanto, de não poder ser tomado”, disse Harvey, em entrevista antes da venda.
Se estivesse em melhores condições, a garrafa de 70 anos de antiguidade, de uma safra descrita pelo crítico Michael Broadbent como a “Churchill dos vinhos”, poderia ter duplicado a faixa entre 10.000 libras (US$ 15.000) e 15.000 libras que a Bonhams havia estimado em seu catálogo de venda.
Mesmo estragado, o vinho é procurado por seu valor histórico.
O V em seu rótulo, desenhado pelo ilustrador francês Philippe Jullian para celebrar a vitória dos aliados sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, também representa o triunfo sobre as condições climáticas difíceis para os vinhedos de Bordeaux na época, incluidas uma dura geada e uma onda de calor que provocou uma seca.
A 11.750 libras, incluindo 1.750 libras em custos administrativos, o preço da garrafa cobriria os custos de um ano de estudos na London School of Economics.
Em seu catálogo, a Bonhams diz que os níveis de ullage aumentam com o tempo, mas que a casa só leiloa vinhos que considera estarem em boas condições.
Nascida na Califórnia, a vinícola fundada em 1933 responde pelo maior volume de vinho vendido no mundo inteiro, com mais de um bilhão de litros comercializados por ano. A liderança é mantida com a ajuda de um portfólio de quase 50 rótulos, distribuídos no mercado americano e em mais de 60 países.
Fundada em 1853, a marca está presente em mais de 80 países. Entre as bebidas mais conhecidas estão as do tipo Eileen Hardy Chardonnay, o Shiraz e o Thomas Hardy Cabernet Sauvignon. Segundo levantamento da consultoria Intangible Business, a marca é avaliada em 10 milhões de dólares.
O fundador da marca, Robert Mondavi, é reconhecido pelo mercado como um dos responsáveis pela construção da fama dos vinhos do condado de Napa, na Califórnia. Seus rótulos mais conhecidos incluem o Napa Valley Chardonnay e o Cabernet Sauvignon Reserve.
Fundada em 1875, a marca nascida na Califórnia ficou conhecida no mercado interno pelos seus rótulos do tipo Moscato, e mais tarde pelas bebidas do segmento de luxo. Para se expandir além do mercado americano, a empresa investiu em parcerias voltadas para o turismo na Europa, principalmente torneios de golfe internacionais.
Fundado há 160 anos, o vinho australiano cresceu 1,5% em volume de vendas dentro do mercado interno do país em 2012, ao mesmo tempo em que conquistou impressionantes 32% de salto em consumo na China. Segundo a consultoria BrandFinance, a marca está avaliada em 338 milhões de dólares.