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Muito além de selfies: essas viagens são aulas transformadoras

Viagens de conhecimento é conceito que passa longe de pontos turísticos. O importante é aprender sobre geologia, sociedade e até biologia

Safári em Botsuana, na África: agência de turismo leva especialistas para acompanhar os viajantes pelo continente (Latitudes/Divulgação)

Safári em Botsuana, na África: agência de turismo leva especialistas para acompanhar os viajantes pelo continente (Latitudes/Divulgação)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 13 de fevereiro de 2019 às 05h00.

Última atualização em 26 de abril de 2019 às 14h37.

São Paulo - A África é praticamente desconhecida por você? Se você visitou o continente, pisou apenas na África do Sul ou no Marrocos? Imagine então viajar por oito países da chamada "África profunda" em um jato particular e aproveitar para aprender sobre teoria da evolução, ter noções sobre condições geológicas e desenvolvimento humano?

É isso o que propõe a agência Latitudes, que leva especialistas para explicar os locais visitados e, mais do que isso, relacionar o que é visto com grandes temas da nossa sociedade.

O conceito se enquadra no de viagem de conhecimento, que a empresa trouxe dos Estados Unidos em 2003. Lá, esse serviço é oferecido por grandes jornais e veículos da imprensa. Isso porque os próprios jornalistas dos veículos participam das viagens como especialistas.

Ao longo do tempo, a agência aprimorou essas viagens temáticas até passar a fazê-las, em 2016, em um jato. Antes, eram oferecidos apenas roteiros terrestres, dos quais participavam de oito a 18 pessoas, normalmente viajantes experientes.

A viagem à África, entre outubro e novembro, será a terceira feita em um jato Airbus  A319 de classe executiva. Diferente das duas primeiras viagens, cujos temas foram "A Origem do Homem e seus Deuses" e "Grandes impérios da humanidade" e levaram 50 viajantes cada, a expedição à África será mais intimista, para 32 pessoas. "Escolhemos a África para falar sobre a origem da vida porque é o continente mais diversificado que existe, seja em termos de linguagem, etnias, culturas, ecossistemas e paisagens", diz Alexandre Cymbalista, presidente da agência

Fazer a viagem em um jato é confortável, ainda mais quando o roteiro irá cruzar um continente. Apesar de alguns trechos serem feitos em aviões locais, dispensa hubs e diversas conexões, dribla filas, consegue pousar em mais tipos de aeroportos e faz desaparecer problemas com bagagens. Os trechos percorridos pela aeronave giram em torno de 30 minutos.

Jato executivo particular fretado pela agência de viagens Latitude

Jato executivo particular fretado pela agência de viagens Latitudes (Latitude/Divulgação)

Para a África, a Latitudes irá levar o jornalista Lourival Sant´Anna, especialista em geopolítica; o biólogo Daniel Larh e o geólogo e fotógrafo da National Geographic, Adriano Gambarini. A ideia é que deem palestras durante os voos da pequena aeronave ou à noite, em meio a jantares nos hotéis.

Sant´Anna falará sobre tribalismo, como os povos locais se adaptaram a mudanças climáticas e também sobre suas experiências religiosas, enquanto Larh irá acabar com mitos sobre a teoria da evolução, como o de que o ser humano é superior a outros seres vivos. Já Gambarini pretende falar um pouco sobre as dunas desérticas (Namíbia), deltas de Rio (Botsuana) e regiões vulcânicas (Ruanda) visitadas, além de treinar o olhar de fotógrafos, equipados com máquinas robustas ou apenas o celular.

Cada pessoa tem uma tarefa nas tribos da África. Por isso, em algumas localidades, os povos não pararam de produzir nem mesmo durante a guerra, diz Sant'Anna. "Além disso, os habitantes do continente são altivos e elegantes, o que é um contraste em relação aos poucos bens materiais que possuem. Há lições que o povo africano pode dar que servem para toda a humanidade: a principal é ter empatia com o próximo".

Hotel Royal Living Stone, em Victoria Falls, Zâmbia: integração com a natureza e jantares ao ar livre

Hotel Royal Livingstone, em Victoria Falls, Zâmbia: integração com a natureza e jantares ao ar livre a poucos passos de uma das Sete Maravilhas do Mundo (Latitude/Divulgação)

Os hotéis que fazem parte do roteiro são lodges de luxo com ampla estrutura, mas íntimos. A ideia é que contem um pouco da história do local e se integrem ao entorno. O último deles, na paradisíaca Seychelles, está localizado em uma ilha. No momento da viagem, irá abrigar apenas o pequeno grupo de viajantes, que terão uma ilha inteira a seu dispor.

Um médico acompanha toda a viagem para tranquilizar viajantes e cuidar de resfriados ou possíveis intoxicações alimentares. Em cada hotel visitado a agência de viagens deixa brindes e 10 dólares em cédulas caso o viajante precise de ajuda para custear transportes locais. A bordo do jatinho, haverá chefs que apresentarão a culinária local. Os passeios oferecidos incluem balões, safáris e trekkings que respeitam a capacidade física de cada viajante.

Aliás, durante todo o roteiro, o grupo é dividido entre algumas atividades. "Isso dá um toque mais personalizado à viagem, Não gostamos do termo 'excursão'", diz Cymbalista.

A experiência, naturalmente, é para poucos. O roteiro de 22 dias, com dois a três dias em cada país, custa cerca de 100 mil dólares por pessoa. Já roteiros terrestres podem custar 5 mil dólares.

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