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Veterano Disney, Eric Goldberg é destaque no Anima Mundi

" Não queremos saber que você é capaz de copiar perfeitamente o estilo Disney. A gente quer saber o que só você é capaz de fazer", aconselhou

Eric Goldberg ministrou aula para quem quer trabalhar nos estúdios Disney (Reprodução)
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Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2014 às 10h12.

Rio de Janeiro - "Quer trabalhar na Disney? Pergunte-me como." Assim poderia ser resumida uma das apresentações que o diretor, designer e animador Eric Goldberg fez durante a edição carioca do festival Anima Mundi 2014, encerrado neste domingo, 3.

Em sua primeira passagem pelo Brasil, o diretor, que é especialista na criação de personagens, revelou para uma plateia atenta como funciona um dos maiores centros de produção de animação do mundo: os estúdios Disney.

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Diante de dezenas de jovens dispostos a entrar para a indústria que gera milhões e milhões todo ano, Goldberg deu dicas preciosas e um conselho que vale também para quem quer produzir sua própria animação: "Não apareça dizendo que faz qualquer coisa. Não queremos saber que você é capaz de copiar perfeitamente o estilo Disney. A gente quer saber o que só você é capaz de fazer."

Mais do que apresentar o programa de Trainees da Disney em um dos maiores festivais de animação do mundo, Goldberg também ministrou uma master class sobre como criar personagens memoráveis e participou de uma conversa sobre sua carreira - o que fará também na edição paulista do Anima Mundi, que começa na quarta e segue até domingo.

"Vou falar e mostrar trechos dos meus primeiros trabalhos e dos mais importantes", contou ao Estado o animador, um dos responsáveis pela criação de personagens como o Gênio, de Aladdin (1992), o sátiro Phil, de Hércules (1997), e o jacaré Louis, de A Princesa e o Sapo (2009).

Versátil, Goldberg destaca a o traço artesanal e a herança de valorização dos personagens, crucial para o pioneiro Walt Disney , mas não perde de vista os avanços tecnológicos e sociais.

"O ideal é um mix de tradição e modernidade. É preciso ter sensibilidade para entender que, apesar de desenho, nossos personagens têm alma e são criados tanto pelo animador quanto pelo ator que os dubla", analisa ele, que também tem no currículo a codireção de Pocahontas (1995) e Fantasia/2000.

Em tempos em que as novas tecnologias invadem até mesmo os estúdios da Disney, ouvir um especialista da velha guarda como Goldberg falar de animação é uma lição não só de mercado mas também de cinema. "Como se manter atual? E criar personagens que têm personalidade, que continuam com você mesmo depois do filme ?", indaga.

"É preciso estar atento ao que move as pessoas, às emoções. Há muitos talentos em todo o mundo. Quero muito ver O Menino e o Mundo (longa brasileiro que venceu o último Festival de Annecy). É grande conquista ver que o Brasil está propondo novas linguagens e temáticas."

Mesmo que, como mostra a seleção do Anima Mundi, o mundo tenha ganhado diversos novos centros produtores de animação, o padrão Disney ainda tem influência forte sobre os jovens.

Para continuar relevante, o estúdio não quer parar no tempo. "Estamos de olho nos novos talentos e em tecnologias que tragam novas possibilidades. Mas são os criadores que guiam sempre o visual e as emoções dos filmes", diz.

"Hoje somos 930 animadores de todo o mundo. Cada um traz algo particular. Investimos muito nos curtas, como Paperman, que levou o Oscar este ano. Nosso novo longa, por exemplo, Big Hero 6, é a primeira animação da Marvel que a Disney vai lançar."

E como encantar as novas gerações, cujos sonhos de menina não se limitam mais a encontrar o príncipe encantado? "O público quer heróis que representem as mudanças da sociedade", declara.

"É como fazer sorvete de chocolate. A cada filme reinventamos algo que todos amam. E continuamos sendo atuais. A Tiana, de A Princesa e o Sapo, é cheia de atitude, quer ter seu negócio. Pocahontas é atlética, caçadora. Mas, a bem da verdade, mais que realista, uma boa história tem de ser verossímil. Se conseguirmos fazer com que o público acredite nela, teremos vencido a batalha."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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