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UFC abre guerra contra doping após caso de Anderson Silva

A direção da principal entidade de lutas de MMA apresentou um plano de ação contra o uso de substâncias proibidas por seus lutadores nos eventos mundiais

Anderson Silva: "o doping de Anderson Silva foi um marco no controle antidoping. Todos ficamos muito chocados", disse Dana White (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2015 às 17h58.

São Paulo - O UFC abriu guerra contra o doping. A direção da principal entidade de lutas de MMA (sigla em inglês para mistura de artes marciais) apresentou nesta quarta-feira, em Las Vegas, um plano de ação contra o uso de substâncias proibidas por seus lutadores nos eventos espalhados por todo o mundo, que terá início a partir de 1.º de julho.

A ação foi tomada devido aos recentes casos de Jon Jones e Anderson Silva , dois dos principais atletas da modalidade, que foram flagrados em exames este ano.

"O doping de Anderson Silva foi um marco no controle antidoping. Todos ficamos muito chocados", disse Dana White, presidente do UFC.

A principal alteração apresentada pelos diretores do UFC pode causar o fim da carreira de Anderson Silva. Lorenzo Fertitta, diretor-geral do UFC, defende que a pena para casos de doping para melhorar o desempenho deve ser de dois a quatro anos, seguindo as normas das principais ligas norte-americanas e do Comitê Olímpico Internacional.

Antes da luta contra Nick Diaz, Anderson Silva foi pego em um exame surpresa com as substâncias drostanolona (que aumenta massa muscular) e androsterona (aumenta testosterona). No dia do combate, foi flagrado também com benzodiazepina, um inibidor de ansiedade.

Com os exames, Spider não recebeu o dinheiro da luta (cerca de R$ 2,7 milhões), foi tirado do TUF 4 e está suspenso até o próximo julgamento, em março.

Em junho de 2014, Chael Sonnen testou positivo para anastrozol e clomifeno, ambos auxiliadores na produção de testosterona. Para o incidente, Sonnen alegou sofrer de hipogonadismo, doença que impede a produção hormonal. Na sequência, o lutador também disse que estava com problemas de fertilidade. Mesmo após anunciar a aposentadoria do UFC, ele foi suspenso por dois anos pela Comissão Atlética de Nevada.

Nick Diaz testou positivo para o uso de maconha quando lutava pelo Pride, em 2007, e no UFC, em 2012 e 2015. Neste ano, Diaz está suspenso até novo julgamento, em março. Em 2012, ficou parado um ano e foi multado em US$ 60 mil.

No ano passado, Wanderlei Silva se negou a realizar um exame surpresa antes da luta contra Chael Sonnen. Dias depois, em audiência na Comissão Atlética de Nevada, Silva explicou que estava usando diuréticos, que aumentam a eliminação de líquidos, devido a uma lesão no punho.

O brasileiro, que se aposentou após o episódio, foi banido de lutar no Estado americano e multado em US$ 70 mil.

Depois de uma vitória em 2007, Royce Gracie apresentou níveis 25 vezes acima do normal para a nandrolona. O brasileiro disse que não sabia porque o exame tinha dado esse resultado. Como punição, Gracie foi suspenso por um ano e multado em US$ 2,5 mil.

No início de 2015, o campeão dos meio-pesados do UFC, Jon Jones, foi pego por uso de cocaína. Dias depois, o lutador anunciou que iria para uma clínica de reabilitação, onde ficou apenas um dia. O UFC multou Jones em US$ 71 mil por violar código de conduta da entidade.

"Assim o lutador vai pensar bastante se vale a pena correr o risco de usar a droga e encerrar sua carreira precocemente", afirmou Dana White, presidente do UFC, que fez uma comparação com o beisebol. "Eles também atacaram rapidamente o doping. E um detalhe: lá eles batem com um taco na bola. Quem se importa?", analisou fazendo uma analogia com o MMA, onde um lutador "dopado" pode machucar um lutador "limpo".

Os diretores do UFC, entretanto, afirmaram que vão aguardar o julgamento a que Anderson será submetido em março na Comissão Atlética do Estado de Nevada.

"Trata-se de um processo longo. O Anderson vai ter o direito de se defender e temos de esperar a conclusão do processo", afirmou Fertitta.

Por ser réu primário, Anderson poderia sofrer uma punição de apenas nove meses, mas o brasileiro foi pego duas vezes.

Na primeira, em 9 de janeiro, foi apontado o uso de esteroides anabolizantes. Já no dia da luta contra Nick Diaz, dia 31, o exame do ex-campeão mundial dos médios, além dos anabolizantes, também apontou a presença de substâncias para conter a ansiedade e combater a insônia. Anderson venceu o combate por pontos mas, por causa do doping, sua vitória foi anulada.

MAIS EXAMES

Além do aumento das penalidades, o UFC também vai aumentar a quantidade de exames a serem feitos de surpresa e nos dias das competições. "O UFC não é imune às drogas que melhoram o desempenho", disse Fertitta. Nos 79 eventos realizados em 2013 e 2014, a entidade gastou US$ 500 mil para analisar exames de sangue e de urina em seus 585 atletas registrados.

"Não sabemos o valor, mas é certo que teremos um gasto muito maior. Não importa quanto será investido, o importante é garantir a credibilidade do esporte e mantê-lo limpo", continuou o diretor-geral.

Nos dois últimos anos, segundo documento apresentado pelo UFC, 900 exames foram feitos durante as competições e outros 1.800 realizados de surpresa. Apenas dez atletas deram positivo (1,1%) para drogas recreativas (maconha, cocaína) e 12 (1,3%) para drogas que melhoram o desempenho do lutador (como esteroides anabolizantes).

Fertitta garantiu que a partir de 1.º de julho todos os atletas de todos os eventos deverão ser submetidos a exames. O controle será feito por organizadores independentes. Para pagar os gastos, o UFC busca um patrocinador que, segundo os dirigentes, já está sendo negociado e perto de um acordo.

Por falar em patrocinadores, Dana White afirmou que os recentes casos de doping não afetaram o relacionamento da entidade com seus investidores.

Até alguns anos, o currículo do ciclista americano Lance Armstrong era apenas uma sucessão de casos bem sucedidos. Só das vitórias na Volta da França são sete troféus. Além disso, após nocautear um câncer nos testículos, Armstrong investe em pesquisas de tratamentos da doença.

Há uma semana, no entanto, acusações do membro de sua ex-equipe voltaram a colocar o brilho dessa trajetória em xeque.

De acordo com o ciclista Tyler Hamilton, Armstrong teria injetado eritropoietina recombinante (EPO) durante a Volta da França de 1999. O principal efeito dessa hormônio sintético é a elevação das taxas de hemoglobina no sangue, e consequente elevação do transporte de oxigênio. O próprio Hamilton admitiu ter feito doping. Por conta disso, no último dia 20, ele devolveu a medalha de ouro que ganhou nos últimos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004.

Mas ele não está sozinho nessas acusações. Na semana em que Armstrong colocou um ponto final em sua carreira, em janeiro deste ano, a revista Sport Illustrated (EUA) publicou uma série de entrevistas que o acusavam de instigar o doping em sua equipe durante os anos 90 – entre outros.

Dois dias depois da publicação, a Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA) abriu investigações contra o atleta.

Até agora, caso sejam comprovadas, ainda não se sabe quais os reflexos dessas acusações para a vidade Armstrong.
  • 2. Rede de Atletismo

    2 /10(Creative Commons/Agif)

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    O maior flagrante de doping em uma mesma modalidade aconteceu às vésperas do Mundial de Atletismo de Berlim em 2009. Dos 45 membros da delegação brasileira que iriam participar do campeonato, seis foram flagrados nos exames antidoping. Todos eram da equipe Rede de Atletismo.

    Bruno Lins, Jorge Célio, Josiane da Silva, Luciana França, Lucimara Silvestre e Lucimar Teodoro apresentaram altos níveis da substância eritropoietina, que eleva o número de glóbulos vermelhos no sangue.

    O técnico Jayme Netto e o fisiologista Pedro Balikian ministraram as injeções. Jayme Netto ganhou suspensão de dois anos e abandonou o esporte.
  • 3. Daiane dos Santos

    3 /10(Getty Images)

  • A ginásta Daiane dos Santos ainda se recuperava de duas cirurgias no joelho quando um teste surpresa revelou doping para a substância furosemida, em julho de 2009.  De acordo com a atleta, a substância era devido ao uso de remédios para perder peso. Por conta do deslize, levou cinco meses de suspensão do esporte.
  • 4. Rebeca Gusmão

    4 /10(Getty Images)

    Depois de encantar nas raias dos Jogos Pan-Americanos em 2007, a nadadora Rebeca Gusmão teve que devolver as quatro medalhas que conquistou na época. Motivo? Alto índice de testosterona no sangue.

    A recorrência – o exame antidoping do ano anterior acusara o mesmo resultado – levou Rebeca a ser banida do esporte pela Federação Internacional de Natação em 2008.

    No ano passado, a ex-nadadora tentou seguir carreira política. Concorreu ao cargo de deputada distrital de Brasília pelo PC do B. Conquistou 437 votos nas urnas – número insuficiente para se eleger.
  • 5. Maurren Maggi

    5 /10(Placar/Arquivo)

    Em 2004, Mauren Maggi foi flagrada no exame antidoping. O teste acusou a presença do clostebol no sangue atleta. Ela alegou que a substancia está presente em um creme cicatrizante que usou após uma sessão de depilação. Mesmo assim, ela foi suspensa durante dois anos do esporte.

    Retornou às pistas em 2006. Um ano depois, levou o ouro nos Jogos Pan-Americanos. E, em 2008, alcançou a marca de 7,04 metros no salto olímpico e conquistou a primeira posição nos Jogos Olímpicos de Pequim.
  • 6. Marion Jones

    6 /10(Getty Images)

    Cinco. Esse foi o número de medalhas olímpicas (três de ouro e duas de bronze) que a velocista americana Marion Jones teve que devolver após confessar o uso de substâncias proibidas durante as Olímpiadas de Sidney em 2000.

    As investigações contra a atleta começaram em 2004. Até 2007, ela negava o uso de esteroides ou outras drogas. Na confissão, no entanto, Marion acusou seu ex-treinador, Trevor Graham, de oferecer a substância anabolizante a ela alegando ser um suplemento nutricional.

    Em 2008, Marion cumpriu pena de seis meses em prisão federal por mentir durante o julgamento do caso de esteroides. Em maio passado, a ex-velocista retornou para a carreira de atleta – agora, como jogadora de basquete.
  • 7. Giba

    7 /10(Arquivo)

    Em 2002, no fim do seu primeiro casamento e com o diagnóstico de hipertireoidismo, o jogador da seleção brasileira de vôlei Giba foi flagrado pelo uso de maconha. Na época, Gilberto Godói (seu nome de batismo) jogava para o clube Estense 4 Torri, de Ferrara, na Itália. Foi suspenso de oito partidas e ganhou a pena de reverter parte de seu salário para instituições que ajudam dependentes químicos.
  • 8. André Agassi

    8 /10(Getty Images)

    O ex-tenista americano André Agassi até foi flagrado no teste de doping da Associação dos Tenistas Profissionais. No entanto, ele foi salvo pela própria lábia.

    Até 1997, Agassi era apenas uma sucessão de vitórias: Wimbledon em 1992, Aberta dos EUA, em 1994 e Aberto da Austrália, em 1995. O desempenho baixo nas quadras devido a uma lesão nos pulsos o levou a valer-se da metanfetamina Crystal Merth, que apesar de mais barata é dez vezes mais potente do que a cocaína. O exame antidoping da ATP revelou o consumo dessa substância. No entanto, para safar-se da punição, Agassi escreveu uma carta repleta de mentiras à ATP – que acreditou em cada palavra e deixou o tenista sair ileso. Até se aposentar das quadras, Agassi contabilizou várias outras vitórias e voltou ao topo do ranking mundial. Toda essa história veio a público apenas em 2009, quando o próprio Agassi relatou o caso em sua autobiografia Open. A ATP, no entanto, decidiu encerrar o inquérito contra o ex-tenista.
  • 9. Maradona

    9 /10(Getty Images)

    Por durante quase toda a década de 90, entre títulos e muitas outras polêmicas, o hermano argentino Diego Maradona rendeu muitas notícias por consumo de drogas.

    A via crucis começou em 4 de abril de 1991, quando jogava pelo Napoli da Itália. O exame antidoping apontou consumo de cocaína. O craque foi suspenso da Federação Italiana por 15 meses.

    Um mês depois, foi preso em Buenos Aires por porte de drogas. Após pagar fiança e ser liberado, deu tiros com uma espinguarda de ar comprimido contra os jornalistas que estavam em frente a sua casa. Foi obrigado, pela justiça argentina, a fazer um tratamento de desintoxicação em 1992.

    Na primeira fase da Copa do Mundo de 1994, o exame antidoping após a partida contra a Nigéria acusou uso de efedrina, substância anabolizante. A Fifa suspendeu Maradona por 15 meses.

    Apesar de se internar em uma clinica de reabilitação em 1996, ele novamente foi pego pelo exame antidoping em uma partida do Boca Juniors contra o Argentinos Juniors. Dois meses depois, Maradona se despediu dos gramados como jogador.

    Na Copa do Mundo de 2010, voltou para o campo agora como técnico da seleção argentina.
  • 10. Ben Johnson

    10 /10

    24 de setembro de 1988. Jogos Olímpicos de Seul, na Coreia do Sul. O canadense fez o americano Carl Lewis comer poeira ao cruzar a prova de 100 metros rasos em apenas 9s79.

    Três dias depois, no entanto, ele teve que devolver a medalha de ouro. Motivo? Um teste realizado após a prova acusou uso da substancia estanozolol, um esteroide anabolizante.

    Ele recorreu da punição. Um ano depois, porém, o técnico Charles Francis confessou que injetava substâncias proibidas no velocista desde 1981. Ambos ficaram suspensos dois anos dos esportes.

    Em 1992, Johnson voltou para as pistas. Mas foi flagrado com o uso de esteroides um ano depois em uma prova no Canadá. A reincidência na prática ilegal rendeu o fim de sua carreira. Ele foi banido do esporte pela Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf).
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