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Turismo de luxo tem potencial bilionário no Brasil, diz CEO da maior organização privada do setor

O Conselho Mundial de Viagens e Turismo projeta que até o final de 2024 os gastos com turismo internacional no Brasil atingirão seu novo recorde histórico com US$ 7 bilhões

Julia Simpson, CEO do WTTC: "Brasil tem muito potencial turístico". (Divulgação/Divulgação)

Julia Simpson, CEO do WTTC: "Brasil tem muito potencial turístico". (Divulgação/Divulgação)

Gilson Garrett Jr.
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 8 de outubro de 2024 às 06h13.

Até o final de 2024, o setor de viagens e turismo no Brasil deve movimentar um recorde de R$ 169,3 bilhões, um aumento de 9,5% em relação a 2019, período pré-pandemia de covid-19. Os dados são de um estudo da Oxford Economics, encomendado pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês), a maior organização privada do setor no mundo.

Parte desse setor bilionário é o turismo de luxo, que tem potencial para ser ainda maior, segundo Julia Simpson, CEO da entidade. “O primeiro desafio é a conectividade entre os destinos”, afirma a executiva em entrevista exclusiva à EXAME Casual. Para ela, o país já conta com destinos que atraem turistas de alta renda, mas o desafio é facilitar o acesso a esses locais, muitas vezes distantes do eixo Rio-São Paulo.

Durante a entrevista, Simpson destacou que o Brasil precisa capturar melhor o turista estrangeiro, citando exemplos bem-sucedidos, como Turquia e Emirados Árabes Unidos, que têm atraído inclusive turistas brasileiros. “A Embratur está fazendo um bom trabalho, mas esse esforço precisa de suporte político”, afirma. Confira os principais trechos da conversa.

A pesquisa da Oxford Eecomics mostra muitos números sobre o potencial do turismo no Brasil, dizendo que o setor vai crescer cerca de 1,5% ao ano. O que você acha que é o nosso potencial e qual seria a meta ideal de crescimento?

No WTTC, fazemos projeções com a Oxford Economics. Acreditamos que o setor de viagens e turismo poderá contribuir com a economia com 195 bilhões de dólares nos próximos 10 anos, representando 7,4% da economia brasileira. Esse número é menor do que esperamos para 2024. Na verdade, vejo o potencial de o setor atingir 9% ou 10% da economia, o que poderia acrescentar mais 50 milhões de dólares ao PIB. O Brasil tem uma oferta muito rica e variada de destinos, o que mostra que ainda há muito espaço para crescer e se consolidar no cenário mundial como um grande destino turístico.

Você mencionou o turismo de luxo. Quais são os desafios e as oportunidades nessa área?

Quando olhamos para o valor da receita em turismo proveniente de visitantes estrangeiros, vemos que apenas cerca de 5% vêm do exterior, enquanto 94% são de visitantes domésticos. Isso é algo que precisa mudar, e o turismo de luxo é uma das melhores maneiras de atrair mais estrangeiros e gerar mais receita para o país. O Brasil já possui uma infraestrutura de hotéis e propriedades ecológicas de altíssimo padrão, o que o posiciona muito bem nesse mercado.

E quais seriam os principais obstáculos para atrair mais turistas de luxo?

O primeiro desafio é a conectividade entre os destinos. Um turista de alta renda que chega ao Rio de Janeiro ou São Paulo precisa ter facilidade para se deslocar para outros destinos no país. Isso envolve melhorar a infraestrutura, como voos e rodovias, para garantir que esses turistas possam explorar mais áreas do Brasil de forma eficiente e confortável. O outro ponto crucial é a promoção internacional. Muitas pessoas ainda não conhecem o verdadeiro potencial turístico do Brasil e, por vezes, têm uma percepção errada por causa das notícias negativas.

O Brasil ainda precisa melhorar sua promoção internacional?

Sim, definitivamente. O Brasil é um país enorme, com uma diversidade de atrativos que muitas vezes é subestimada no cenário internacional. Acho que as pessoas de fora não têm uma visão clara de tudo o que o Brasil pode oferecer. Infelizmente, muitas vezes o país aparece no noticiário de forma negativa, e isso acaba influenciando a imagem que o turista estrangeiro tem. É preciso equilibrar essas notícias com uma promoção mais forte dos destinos e experiências únicas que o Brasil tem. A Embratur está fazendo um bom trabalho, mas esse esforço precisa de suporte político, com envolvimento direto do governo. Turismo é uma das melhores formas de um país se mostrar para o mundo e ganhar força no cenário internacional.

Na sua visão, quais países são bons exemplos de promoção de turismo que podemos aprender?

A Turquia é um ótimo exemplo de um país que transformou sua imagem por meio do turismo. Ela investiu muito na promoção e tem uma companhia aérea, a Turkish Airlines, que conecta o país a diversos destinos globais, fortalecendo sua posição internacional. O Oriente Médio é outro exemplo, com companhias como a Emirates, que simboliza os Emirados Árabes Unidos. A Arábia Saudita está investindo 800 bilhões de dólares no turismo, um movimento que vem diretamente de uma liderança política forte. O Brasil precisa dessa mesma paixão política para impulsionar o turismo como uma forma de desenvolvimento econômico sustentável.

Durante a pandemia, muitos brasileiros redescobriram o próprio país. Isso foi uma tendência global?

Sim, isso aconteceu em vários países. Nos Estados Unidos, por exemplo, as viagens domésticas sempre foram fortes, mas cresceram ainda mais durante a pandemia e continuam assim. O Brasil também passou por isso, já que as fronteiras estavam fechadas e o turismo interno se fortaleceu. No Reino Unido, por ser um país pequeno, isso não foi tão forte, mas é interessante ver como em países maiores, como o Brasil e os Estados Unidos, as pessoas começaram a valorizar mais as opções internas. Isso abriu novos horizontes para o turismo doméstico, e agora o desafio é manter esse crescimento, mas também atrair mais turistas estrangeiros.

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