Tiggo 8, o SUV mais luxuoso da Chery, chega para brigar com o Tiguan
Com vendas em alta, montadora chinesa quer provar que faz carro com tecnologia. O preço do novo modelo: menos de 170 mil reais
Felipe Giacomelli
Publicado em 12 de agosto de 2020 às 06h54.
Última atualização em 12 de agosto de 2020 às 12h43.
No site da montadora, o carro é descrito de forma hiperbólica como “a oitava maravilha do mundo”. O Tiggo 8, o SUV mais caro da família da Chery , está sendo lançado hoje, com uma série de novidades: espaço interno com sete lugares, motorização forte e, principalmente, muita tecnologia. O carro é visto pela montadora chinesa como chance de se posicionar no segmento premium.
O Tiggo 8 chega para brigar com o Tiguan Allspace. O SUV médio da Chery fabricado na planta de Anápolis, Goiás, terá motor 1.6 turboflex com injeção direta, com 187 cv de potência e 28 kgfm de torque. O preço de tabela da versão única TXS é de 168.600 reais, mas na promoção de lançamento sairá por 156.900 reais.
O Tiggo 8 não será, como se especulava, o primeiro carro fabricado no Brasil com identificação facial, um sistema de inteligência artificial que reconhece o rosto do condutor e, com isso, oferece memória das funções. A interface está disponível apenas no modelo vendido na China. O modelo nacional, por sua vez, terá piloto automático adaptativo.
A proposta é ser um carro família, mas com estilo jovem. O design inclui faróis e lanternas full LED. O câmbio é de sete marchas. Mas o que a Chery quer destacar mesmo é a tecnologia. O carro vem com comando de voz para todas as funções do carro, como abertura de teto-solar e ajuste da temperatura do ar-condicionado. Com o smartphone, será possível checar informações do carro, dar partida no motor, abrir e fechar as portas.
Com o SUV de luxo, a Chery quer manter os bons resultados até agora, mesmo frente à crise provocada pela pandemia do coronavírus, que tem feito um bom estrago no segmento automotivo. Quase todas as marcas estão vendendo menos em relação ao mesmo período do ano passado. No total, as montadoras devem deixar de vender 950 mil carros no mercado brasileiro em 2020. A queda deve ser de 30%, segundo a consultoria IHS Markit.
O mercado já aponta uma reação. A venda de veículos subiu 31,3% em julho, em relação ao mês anterior. Foram 174.498 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus emplacados no mês, contra 132.826 em junho, segundo a Fenabrave. Ainda assim, o total do ano deve ficar em torno de 1,8 milhão de veículos vendidos, mesmo patamar da crise econômica de 2016.
A Chery vive outro momento, graças à sociedade no Brasil com o grupo Caoa. Em julho, a marca emplacou 1.456 carros, mantendo a 11ª posição no ranking das montadoras brasileiras. Trata-se de um aumento de 40,5% na comparação com junho. O resultado positivo levou a empresa a ocupar 1,08% de market share. O Tiggo 2, primeiro modelo lançado com a marca Caoa Chery, foi o mais vendido, com 571 unidades emplacadas.
No ano passado, a Caoa Chery já havia sido a marca que mais cresceu no mercado brasileiro, passando de 8.640 carros vendidos em 2018 para mais de 20 mil – um aumento, portanto, de 130%. Até o início da pandemia, a expectativa da marca era atingir a meta de 30 mil carros vendidos em 2020. Não vai chegar a isso, claro. Mas dentro do atual panorama sombrio, a parceria sino-brasileira não tem do reclamar.
Mas tem, sim, motivos de apreensão com o futuro. No ano que vem deve desembarcar por aqui a Great Wall, a maior fabricante de SUVs da China – e vamos concordar que ser o maior na China, em qualquer segmento, não é pouca coisa. A concorrente da Chery estava desde 2018 iniciando o recrutamento de profissionais no Brasil para sua chegada. A operação deve contar com fábrica própria, provavelmente no interior de São Paulo, e teria início em 2020, mas a pandemia forçou a empresa a adiar os planos. Esse embate entre as montadoras chinesas promete.