Casual

Tadáskía: o novo nome brasileiro presente no MoMA

A artista nascida no Rio de Janeiro trabalha com desenho, fotografia, instalação e suportes têxteis, criando paisagens e narrativas imaginadas e místicas

Tadáskía: artista brasileira apresenta individual no MoMA. (Joanes Barauna/Divulgação)

Tadáskía: artista brasileira apresenta individual no MoMA. (Joanes Barauna/Divulgação)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 13 de junho de 2024 às 14h52.

Tudo sobreExposições
Saiba mais

Lygia Clark, Roberto Burle Marx e Tarsila do Amaral são alguns dos nomes presentes no catálogo do reconhecido Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA. No entanto, mais um nome nacional foi adicionado à lista recentemente, Tadáskía, que apresenta seus trabalhos através da mostra Projects: Tadáskía, aberta até 14 de outubro no museu.

A artista nascida no Rio de Janeiro trabalha com desenho, fotografia, instalação e suportes têxteis, criando paisagens e narrativas imaginadas e místicas. Os trabalhos também são elaborados a partir das experiências da diáspora negra, seja através de encontros entre o familiar como entre o estrangeiro.

Neste ano, a obra ave preta mística mystical black bird (2022), apresentada em 2023 na 35ª Bienal de São Paulo – Coreografias do Impossível, foi adquirida pelo MoMA.

“É como se eu tivesse em um desenho animado, indo para uma terra estrangeira em que nunca estive e realizando um sonho de expor em um dos maiores e mais importantes museus do mundo, o MoMA”, diz. A exposição inclui um desenho instalativo site specific, um grupo de esculturas, e a obra central “ave preta mística mystical black bird”, um livro de poemas bilíngues e inscrições gráficas.

“Há e sempre houve uma arte incrível vindo do Brasil e estou emocionada que Tadáskía, com seus desenhos e esculturas imaginativas, irá transpor esse dinamismo criativo e fundamentá-lo em uma instalação site-specific para o espaço de projetos do MoMA. Esta colaboração especial é uma oportunidade notável para defender uma voz emergente na arte contemporânea e promove o compromisso do the Studio Museum com artistas de ascendência africana em todo o mundo. Sou infinitamente grata a Glenn Lowry e ao Museum of Modern Art pela parceria, que durante cinco anos garantiu a continuação do trabalho fundamental do the Studio Museum", diz Thelma Golden, diretora e curadora chefe do the Studio Museum in Harlem.

Em conversa à Casual EXAME, Tadáskía conta sobre suas influências na arte, processo criativo e carreira.

Quais são suas principais fontes de inspiração ao criar suas obras? Quais artistas ou movimentos artísticos mais influenciaram sua carreira?

Minhas referências são Äline Besourö, Ana Claudia Almeida, Sabine Passareli, Gilson Plano, Jota Mombaça, Ventura Profana, Castiel Vitorino Brasileiro, Anarca Filmes, Linn da Quebrada e Liniker.

Que elementos são recorrentes no seu trabalho? Você pode nos contar sobre o seu processo criativo?

Às vezes desenho de olhos fechados. Tenho desejo de sentir como a linha vai e volta através do contato do lápis no papel. Com os olhos fechados, consigo acompanhar a linha surgindo de outra maneira, de um ponto aleatório, de um ponto semi-cego. Costumo escolher as cores dos meus trabalhos sem pensar muito, vai mais pela sensação que elas podem provocar reunidas. Antes eu tinha um ritual de fazer meu trabalho só quando eu estivesse no melhor dos meus dias, ou no melhor do meu humor. Hoje em dia, faço desenho até quando estou triste; já desenhei chorando; sentindo um vazio; outras vezes desenho totalmente agradecida, sorrindo, apaixonada, dedicando o que faço ao meu amor desconhecido. Tudo varia, toda emoção tem seu lado humano e divino, é só deixá-la passar, passar tal como uma linha, a qual se move por um campo magnético de cor, que vibra por meio de um misterioso átimo de tempo.

Para "Projetos: Tadáskía", a artista produziu um amplo desenho na parede do MoMA
e um conjunto de esculturas em resposta a este espaço expositivo. (Jonathan Dorado/Divulgação)

Como você vê a relação entre arte e ativismo social em seu trabalho? Como foi sua trajetória até a chegada ao MoMA?

Acredito na múltipla movimentação negra, trans, indígena, de mulheres, pessoas e entidades que se reúnem para transformar este mundo humano, apesar deste mundo. Eu faço meu trabalho desde uma condição familiar a uma condição estrangeira e desconhecida. Não sei se eu retrato diretamente algo, ou se na verdade eu esteja desejando por uma liberdade para além de mim. Se alguém se interessar em ler, por exemplo, a ave preta mística mystical black bird, talvez consiga reconhecer nesta entidade um modo múltiplo de ser e de se apresentar: por vezes parece uma flor, outras uma montanha, é figura, é linha, tem brilho, ornamentos, por vezes não é nada, mesmo sendo tudo. É por esse caminho múltiplo da ave, que endereço meu trabalho, sendo impossível resumir seja lá o que for ou quem for em uma coisa única, até porque sei da mudança e motivação interiores próprias existentes em tudo que vive e em tudo que respira.

Acompanhe tudo sobre:ExposiçõesMuseusArtistas

Mais de Casual

Conheça o laboratório subterrâneo de Paris que revela os segredos das obras de arte

Disney planeja grandes investimentos para parques temáticos

São Paulo Coffee Festival: 3ª edição terá 130 marcas, aulas, degustações de café

O que aconteceu com a Abercrombie & Fitch, marca que era sucesso entre jovens em 2010?

Mais na Exame