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Streaming do bem: após burnout, empresário cria plataforma com filmes voltados para o bem-estar

A aquarius conta com um catálogo de filmes sobre bem-estar e a saúde do corpo, da mente, das sociedades e do meio ambiente

A curadoria é assinada pelo jornalista, pesquisador e dramaturgo Luiz Felipe Reis (OJO Images/Getty Images)
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 14 de junho de 2023 às 17h48.

Última atualização em 14 de junho de 2023 às 18h26.

A preocupação com a saúde e a qualidade de vida é uma pauta diária em todo o mundo. Dados publicados em 2021 pelo Credit Suisse indicam que o mercado global de bem-estar crescerá 19% até 2024. Os números podem ultrapassar US$ 6,8 trilhões. Divulgado recentemente, o relatório Edges 2023 levantou as tendências de comportamento para este ano no mundo todo, e mostrou que o bem-estar físico e mental é o tema mais relevante para os brasileiros. Para Bruno Wainer, sócio e CEO da Downtown Filmes, o esgotamento mental aconteceu em 2020 após lançar um dos filmes de maior sucesso da história do cinema nacional "Minha mãe é uma peça 3".

Através da meditação, terapia, psicanálise, livros e documentários, o empresário conseguiu não apenas superar sua angústia como também passou a viver de outra maneira. Diante do alívio que sentiu e dos conteúdos audiovisuais que lhe ajudaram a atravessar sua crise, Bruno pensou em criar a primeira plataforma de streaming brasileira dedicada a filmes sobre o bem-estar e a saúde do corpo, da mente, das sociedades e do meio ambiente: aquarius.

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Lançado hoje, 14, a nova plataforma conta com a experiência do CEO, responsável pela distribuição de importantes filmes independentes e de grande sucesso, como “A vida é bela”, “O paciente inglês”, “Central do Brasil”, “Cidade de Deus”, “Chico Xavier”, a franquia “Minha mãe é uma peça” e por nada menos do que 75% do market share dos lançamentos brasileiros no cinema – fatia que domina desde 2016.

Desde 2011 a Downtown Filmes ocupa a posição de distribuidora número 1 no ranking de produções nacionais, tendo vendido mais de 60% de todos os ingressos de filmes brasileiros no país.

"A ideia de criar a aquarius é uma maneira de colocar em prática o aprendizado dos últimos anos. Uma plataforma de streaming reunindo o melhor conteúdo audiovisual sobre questões contemporâneas importantes, como meio ambiente, ciência e espiritualidade. Minha pequena contribuição na busca de um mundo mais fraterno, ecologicamente sustentável, inclusivo, acolhedor, pacífico e, sobretudo, mais feliz", diz.

À frente da operação está seu filho, Gabriel Wainer, CEO da aquarius, que está há seis anos trabalhando na Downtown Filmes com projetos de novos negócios.

A plataforma conta com 100 títulos iniciais e cinco lançamentos mensais programados, entre produções nacionais e internacionais. Os conteúdos são divididos em seis categorias: espiritualidade, saúde e bem-estar, meio ambiente, ciência e tecnologia, artes e saber e sociedade. A curadoria é assinada pelo jornalista, pesquisador e dramaturgo Luiz Felipe Reis.

Uma pesquisa encomendada pelaRoku, plataforma que agrega mais de 5 mil canais de streaming e chegou ao Brasil em 2020, revelou que75% dos brasileiros usam plataformas de streaming todos os dias, sendo que 88% dos entrevistados já viraram a noite maratonando uma série.

O catálogo da aquarius

No catálogo, filmes sobre meditação e espiritualidade que envolvem personalidades como Matthieu Ricard, Amma, Deepak Chopra, Vanja Palmers, Sharon Salzberg, Jack Kornfield, Andrew Weil, Jon Kabat Zinn, Dokushô Villalba, Krishna Das e Thich Nhat Hanh, distribuídos em diferentes títulos, como "Amma's way" (2022), "Mantra – Sounds into silence" (2017), "Agniyogana" (2019), "Breath of the Gods" (2012), "Awake – The life of Yogananda" (2014) e "The mindfulness movement" (2020). A premiada produção nacional "Samadhi Road", dos irmãos Ahimsa (Júlio e Daniel Hey), também estará na plataforma. O documentário mostra a jornada espiritual da dupla pelo mundo, potencializada por entrevistas com personalidades como Gilberto Gil, Sonny Rollins e Amit Goswami.

A questão climática e o ativismo socioambiental são contemplados com produções como o aclamado "O sal da terra" (2014), de Wim Wenders, sobre o trabalho do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado; "Greta Thunberg — Rebel with a cause" (2020); “Seed: The untold story” (2016) e “The seeds of Vandana Shiva”, ambos sobre a ativista ambiental Vandana Shiva; e "Legacy — Notre héritage" (2020), o mais novo documentário do respeitado fotógrafo e cineasta francês Yann Arthus-Bertrand, criador dos premiados "Home", "Human" e "Women". "Legacy", como o nome sugere, aborda o legado humano no planeta, a partir do que Arthus-Bertrand observou ao longo de décadas fotografando as transformações ambientais e climáticas ocorridas na Terra. Outro consagrado diretor, Werner Herzog também está presente no catálogo da aquarius com títulos como "Wheel of time" (2003) e sua obra mais recente, "The fire within" (2022).

Já no campo dos psicodélicos e do renascimento das pesquisas sobre eles na psicoterapia hoje, há filmes como "Descending the mountain" (2021), "Psychedelia" (2021), "Cannabis through the ages (2020) e "The mushroom speaks" (2021), "The medicine" (2019) e "Dying to know" (2014), sobre a relação de amizade entre Timothy Leary e Ram Dass.

Além deles, clássicos da psicologia e da mitologia como "Joseph Campbell and the power of myth" (1988) compõem a seleção, junto com documentários de arte como "John Lennon – The dreamer" (2020), "Andrei Tarkovsky – A cinema prayer" (2019), “Worlds of Ursula K. Le Guin” e o cultuado "The endless summer" (1965). Na área da neurociência e inteligência artificial, produções recentes como "Artificial Immortality" (2021), "In Silico" (2020) e "The divided brain" (2019).

A nova iniciativa já entra no mercado com um lançamento exclusivo no catálogo. Disponível aos assinantes a partir do dia 29 de junho, o documentário autobiográfico “Eu” – a estreia de Ludmila Dayer na direção de longas-metragens – retrata o processo de autoconhecimento e recuperação da atriz, diagnosticada recentemente com a síndrome do pânico e o vírus Epstein-Barr. Os créditos do projeto trazem ainda a cantora Anitta, como produtora associada, e Fernanda Souza que, além de assinar a produção executiva, participa no filme como atriz convidada.

Mais do que a consolidação de uma plataforma de streaming, o desejo é criar uma comunidade em torno dos temas. “Gostaria que aquarius se transformasse em um local de troca constante. Um espaço em que as pessoas se sintam acolhidas, evoluam e compartilhem sua busca por uma vida mais plena”, conta Bruno.

Através de um sistema de navegação intuitiva e inteligente, o conteúdo da aquarius poderá ser acessado por diferentes dispositivos, como celular, SmarTV e Web, e o assinante poderá criar playlists com seus filmes favoritos, por exemplo, ou com aqueles que pretende assistir.

O plano mensal do streaming custa R$ 39,90, o plano trimestral custa R$ 33,90 (desconto de 15%) e o plano anual custa R$ 27,90 (desconto de 30%) por mês.

"Aquarius está fundada em dois pilares fundamentais: uma navegação intuitiva, fácil e agradável e uma curadoria rigorosa. A motivação inicial não foi de negócio, mas sempre fui uma pessoa do audiovisual. E o streaming é uma revolução para o setor em todos os aspectos, aliás totalmente em sintonia com as definições sobre a era de Aquarius: comunicação rápida, busca pelo futuro e o questionamento de dogmas e regras vigentes. Como resistir a esse apelo?", diz Bruno.

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