Símbolo da boemia lisboeta, Bairro Alto completa 500 anos
O Bairro Alto, principal símbolo da boemia lisboeta, completa 500 anos imerso em um amplo projeto de reabilitação urbana
Da Redação
Publicado em 17 de dezembro de 2013 às 10h32.
Lisboa - O Bairro Alto, principal símbolo da boemia lisboeta, completa 500 anos imerso em um amplo projeto de reabilitação urbana, o qual lhe tirou da decadência, rentabilizou seu turismo e trouxe novos ares a um dos lugares mais emblemáticos da capital portuguesa.
O bairro, primeiramente tido como um local de convívio entre as classes mais humildes e a aristocracia dominante, passou a receber muitos artistas e intelectuais, assim como teatros, tavernas e, inclusive, os grandes jornais portugueses, que se instalaram em seus palácios.
No entanto, durante os anos 70 e 80, a falta de renovação de seu parque imobiliário e a considerável perda de moradores provocaram uma acentuada situação de abandono e degradação de seu espaço.
Em 1994, com a confirmação de Lisboa como a capital europeia da cultura, a prefeitura da cidade conseguiu o investimento que necessitava para dar início a sua remodelação, um projeto intitulado de Sétima Colina.
A renovação de suas fachadas e ruas, a ampliação dos transportes e a restauração de alguns edifícios históricos melhoraram consideravelmente a imagem de uma zona que até mesmo os lisboetas desconfiavam.
Novas galerias de arte, livrarias , lojas de design e de moda também passaram a ocupar o bairro e dividi-lo com os comércios mais tradicionais, que resistem firmes no local ocupado por uma população cada vez mais envelhecida.
Atualmente, o turismo é o grande motor do bairro, principalmente por sua famosa noite, repleta de bares e festa. Neste caso, as mudanças foram acompanhadas de críticas e queixas devido ao barulho e aos problemas cívicos associados à grande circulação de pessoas.
Os hotéis, albergues e apartamentos para turistas praticamente se multiplicaram nas duas últimas décadas. Segundo um estudo da arquiteta Fabiana Favel, existem mais de mil praças turísticas em um bairro de três mil moradores.
"É desproporcional. Há uma superexploração turística e corremos o risco da região se transformar em um enorme parque temático de diversão", declarou à Agência Efe a especialista, que investiga os processos de reabilitação do bairro.
Apesar das alterações, o entrecruzado de ruas empedradas e estreitas respira pelo dia a tranquilidade de um bairro de cinco séculos em pleno centro da capital portuguesa.
"Durante 500 anos, não houve grandes mudanças de planos urbanísticos. A estrutura se manteve, e o bairro soube preservar sua identidade", afirmou Fabiana.
Sua fundação se remete à expansão do reinado de Manuel I em ultramar e à explosão demográfica da capital do império português, que exigia novas estruturas e edificações.
No dia 15 de dezembro de 1513, os dois proprietários da colina onde se situa o bairro negociaram um contrato para edificar seus terrenos. "Foi uma bolada urbanística da época", explicou a especialista consultada pela Efe.
Novas infraestruturas de águas, esgoto e iluminação, além das ruas largas e desenhadas sobre uma malha quadriculada, atraíram os aristocratas e a burguesia encantada com as vantagens da vida moderna.
Com a proximidade do porto, ao qual chegavam grandes navios da África e da Ilha da Madeira, as tavernas e casas de prostituição não demoraram muito para serem erguidas, tendo em vista a movimentada clientela de marinheiros do local. "A vida noturna esteve presente desde suas origens", ressaltou a arquiteta.
No século 18, o terremoto que devastou Lisboa em 1755 deixou o bairro praticamente intacto, mas a aristocracia se afastou do centro da capital e abandonou seus palacetes devido aos problemas da cidade.
Neste contexto, os grandes jornais de Portugal aproveitaram a ocasião para ocupar esses espaços e instalar seus negócios, o que trouxe muito intelectuais e jornalistas à região. Desta forma, a boêmia recém-criada permaneceu instalada no Bairro Alto até princípios do século 20.
Apesar de a ditadura ter asfixiado esse movimento cultural nas décadas seguintes, o Bairro Alto renasceu com a Revolução dos Cravos, a mesma que levou o país à democracia em 1974.
"A energia da época transformou o local e passou a atrair a boemia novamente com a revitalização da vida cultural. Desde então, o local passou a ser o bairro da moda da capital portuguesa", concluiu a especialista.
Lisboa - O Bairro Alto, principal símbolo da boemia lisboeta, completa 500 anos imerso em um amplo projeto de reabilitação urbana, o qual lhe tirou da decadência, rentabilizou seu turismo e trouxe novos ares a um dos lugares mais emblemáticos da capital portuguesa.
O bairro, primeiramente tido como um local de convívio entre as classes mais humildes e a aristocracia dominante, passou a receber muitos artistas e intelectuais, assim como teatros, tavernas e, inclusive, os grandes jornais portugueses, que se instalaram em seus palácios.
No entanto, durante os anos 70 e 80, a falta de renovação de seu parque imobiliário e a considerável perda de moradores provocaram uma acentuada situação de abandono e degradação de seu espaço.
Em 1994, com a confirmação de Lisboa como a capital europeia da cultura, a prefeitura da cidade conseguiu o investimento que necessitava para dar início a sua remodelação, um projeto intitulado de Sétima Colina.
A renovação de suas fachadas e ruas, a ampliação dos transportes e a restauração de alguns edifícios históricos melhoraram consideravelmente a imagem de uma zona que até mesmo os lisboetas desconfiavam.
Novas galerias de arte, livrarias , lojas de design e de moda também passaram a ocupar o bairro e dividi-lo com os comércios mais tradicionais, que resistem firmes no local ocupado por uma população cada vez mais envelhecida.
Atualmente, o turismo é o grande motor do bairro, principalmente por sua famosa noite, repleta de bares e festa. Neste caso, as mudanças foram acompanhadas de críticas e queixas devido ao barulho e aos problemas cívicos associados à grande circulação de pessoas.
Os hotéis, albergues e apartamentos para turistas praticamente se multiplicaram nas duas últimas décadas. Segundo um estudo da arquiteta Fabiana Favel, existem mais de mil praças turísticas em um bairro de três mil moradores.
"É desproporcional. Há uma superexploração turística e corremos o risco da região se transformar em um enorme parque temático de diversão", declarou à Agência Efe a especialista, que investiga os processos de reabilitação do bairro.
Apesar das alterações, o entrecruzado de ruas empedradas e estreitas respira pelo dia a tranquilidade de um bairro de cinco séculos em pleno centro da capital portuguesa.
"Durante 500 anos, não houve grandes mudanças de planos urbanísticos. A estrutura se manteve, e o bairro soube preservar sua identidade", afirmou Fabiana.
Sua fundação se remete à expansão do reinado de Manuel I em ultramar e à explosão demográfica da capital do império português, que exigia novas estruturas e edificações.
No dia 15 de dezembro de 1513, os dois proprietários da colina onde se situa o bairro negociaram um contrato para edificar seus terrenos. "Foi uma bolada urbanística da época", explicou a especialista consultada pela Efe.
Novas infraestruturas de águas, esgoto e iluminação, além das ruas largas e desenhadas sobre uma malha quadriculada, atraíram os aristocratas e a burguesia encantada com as vantagens da vida moderna.
Com a proximidade do porto, ao qual chegavam grandes navios da África e da Ilha da Madeira, as tavernas e casas de prostituição não demoraram muito para serem erguidas, tendo em vista a movimentada clientela de marinheiros do local. "A vida noturna esteve presente desde suas origens", ressaltou a arquiteta.
No século 18, o terremoto que devastou Lisboa em 1755 deixou o bairro praticamente intacto, mas a aristocracia se afastou do centro da capital e abandonou seus palacetes devido aos problemas da cidade.
Neste contexto, os grandes jornais de Portugal aproveitaram a ocasião para ocupar esses espaços e instalar seus negócios, o que trouxe muito intelectuais e jornalistas à região. Desta forma, a boêmia recém-criada permaneceu instalada no Bairro Alto até princípios do século 20.
Apesar de a ditadura ter asfixiado esse movimento cultural nas décadas seguintes, o Bairro Alto renasceu com a Revolução dos Cravos, a mesma que levou o país à democracia em 1974.
"A energia da época transformou o local e passou a atrair a boemia novamente com a revitalização da vida cultural. Desde então, o local passou a ser o bairro da moda da capital portuguesa", concluiu a especialista.