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Show no Rio liga canções de várias épocas a obra de Machado de Assis

Cantos Fluminenses será apresentado hoje no Centro Artur Távola

A exposição Os melhores poemas de Machado de Assis é aberta em homenagem aos 450 anos do Rio de Janeiro, na Galeria de Arte e Literatura, no mezanino da estação Central do MetrôRio. (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

A exposição Os melhores poemas de Machado de Assis é aberta em homenagem aos 450 anos do Rio de Janeiro, na Galeria de Arte e Literatura, no mezanino da estação Central do MetrôRio. (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 13 de janeiro de 2023 às 09h51.

Com ingressos populares (R$ 20 a inteira e R$ 10 a meia-entrada) e classificação livre, o Centro da Música Carioca Artur Távola, localizado na Tijuca, zona norte do Rio, recebe hoje (13), às 19h, o espetáculo Cantos Fluminenses. O show faz uma ligação entre composições musicais sobre a capital do estado e o livro Contos Fluminenses, do escritor Machado de Assis. Há tradução na Língua Brasileira de Sinais (Libras) para pessoas com deficiência auditiva.

Os cantores Mariana Baltar, Wladimir Pinheiro e Lui Coimbra encarnam os personagens das canções, acompanhados por Luís Barcelos, no bandolim e cavaquinho, e Marcos Suzano, na percussão. Para Mariana Baltar, “cantar o nosso Rio de Janeiro, com inspiração nos contos de Machado de Assis, é mergulhar em certas minúcias e detalhes da cidade; é contar um bocado da nossa história de forma deliciosa e especial”.

A produtora musical Renata Grecco, idealizadora do espetáculo do qual também é diretora, contou que a inspiração surgiu um dia, quando desceu o bairro de Laranjeiras, onde mora, para levar o filho à escola, e viu, em frente à Rua Cardoso Júnior, um pedaço de trilho de trem fora do asfalto. Imediatamente, aquilo a remeteu ao escritor Machado de Assis, de quem sempre foi fã, e que morou no bairro vizinho do Cosme Velho.

“Sou apaixonada por Machado de Assis. Foi um cronista excepcional no tempo dele e com textos que são totalmente contemporâneos. Os personagens de Machado, a gente identifica eles hoje no supermercado, na rua”. Olhando os trilhos do trem, Renata pensou: “Tem uma história do Machado querendo ser contada por mim”. A decisão então foi contar as histórias de Machado referentes ao Rio de Janeiro por meio de músicas.

Ponte

O Rio de Machado de Assis em canções faz uma ponte entre composições feitas sobre a cidade e o livro, um dos primeiros do escritor. Renata selecionou músicas do cancioneiro brasileiro dos anos 30 e 40 até os tempos atuais que tivessem relação com os contos e chegou a uma lista grande que incluía em torno de 40 a 50 canções. “Fui fazendo um roteiro que desse esse passeio pelo Rio de Janeiro”.

O show tem subtextos dos contos de Machado de Assis e outros que são falados durante o espetáculo por Wladimir Pinheiro, que também é ator. Além disso, são projetadas imagens do fotógrafo Marc Ferrez, da época de Machado de Assis, envolvendo a transformação pela qual a cidade do Rio foi passando. “Algumas canções têm a ver com o enredo de alguns contos, com alguns personagens”. Por exemplo, um conto famoso de Machado se intitula A Mulher de Preto e trata da infidelidade, tema recorrente na obra do escritor. Para ilustrá-lo, foi escolhida a canção Beijo Sem, de Adriana Calcanhoto.

As viagens de bonde, mostradas em vários contos de Machado, estão presentes nas músicas E o 56 Não Veio, de Wilson Batista, Lá Vem o Ipanema e na jocosa Shopping Móvel, de Luizinho To Blow e Cláudio Guimarães. “Eu fui buscando fazer esses paralelos entre a época de Machado e essas canções e marchinhas que também tinham a característica de fazer uma crônica de sua época, com os cronistas atuais, que são esses compositores maravilhosos”, contou Renata.

O mais famoso dos contos, Miss Dollar, é representado no show por Pra Que Discutir com Madame?, de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida, e o amor idealizado, por Eu Sonhei Que Estavas Tão Linda, de Lamartine Babo e Francisco Mattoso. Ainda no roteiro estão as músicas Praça Mauá, de Aldir Blanc e Moacyr Luz, Sertaneja (Nenê), de Catulo da Paixão Cearense e Ernesto Nazareth, e Mocinho Bonito, de Billy Blanco.

Na internet

O projeto foi lançado inicialmente em formato digital, em 2020, durante a pandemia de covid-19, e teve uma apresentação experimental em agosto do ano passado no Imperator – Centro Cultural João Nogueira, no Méier, zona norte carioca, contemplado dentro da Lei Aldir Blanc. Hoje chega ao Centro da Música Carioca Artur Távola, dentro do edital Retomada Cultural 2, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.

O espetáculo será transformado agora em disco. Renata adiantou que a meta é, em seguida, fazer o lançamento do disco levando o show para outros espaços culturais do Rio, além de ir para São Paulo e outras cidades do país. “É só alegria. Cada vez, ele cresce mais; cada vez, o show fica mais gostoso”, afirmou.

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