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Shorts de banho com cara de alfaiataria. Pode isso, Arnaldo?

Não só pode como fica bonito e confortável. A marca Barthelemy quer inovar o mercado de moda masculina de praia no Brasil e mira expansão

Shorts da Barthelemy: cós sem elástico e modelagem ajustada (Barthelemy/Divulgação)

Shorts da Barthelemy: cós sem elástico e modelagem ajustada (Barthelemy/Divulgação)

Ivan Padilla

Ivan Padilla

Publicado em 20 de outubro de 2020 às 11h00.

Última atualização em 20 de outubro de 2020 às 15h08.

Parecem realidades incompatíveis, inegociáveis, água e azeite. Praia sugere roupas para serem usadas à vontade, feitas de tecidos maleáveis, de secagem rápida. Alfaiataria exige elegância, um bom corte, estampas mais discretas. Eis que uma marca de moda verão no Brasil se propôs a oferecer o melhor dos dois mundos para o público masculino: shorts de banho alinhados e com conforto.

Os fundadores da marca, os empresários Ricardo Nobel e Lucas Albuquerque, tem um nome para a categoria de seu produto: tailored resortwear, ou roupa resort sob medida. O que caracteriza os shorts da Barthelemy? O cós não tem elástico, o que pede uma precisão maior na hora da compra. O ajuste é feito com presilhas nas laterais. O corte é reto, com bom caimento, e as estampas são muito discretas, geralmente pequenos desenhos geométricos, que de longe sugerem monocromia.

Os tecidos são nobres, com fibras sintéticas como poliamida nos tecidos para praia e fibras naturais como algodão pima e linho importados nos shorts de sarja e camisas. No ano que vem, algumas peças serão feitas a partir de linhas de pesca retiradas do oceano, uma parceria com ONGs que atuam com tema ambiental.

“Aproveitamos dois movimentos para trazer esse novo conceito”, conta Nobel. “Shorts começaram a ficar em alta nas praias, no lugar dos bermudões de surfe ou das sungas. E a alfaiataria brasileira começar a ganhar destaque e relevância, com nomes como Ricardo Almeida como um pioneiro e mais recentemente com uma nova geração, como Alexandre Won.”

Shorts Barthelemy

Shorts Barthelemy: alinhamento com conforto (Barthelemy/Divulgação)

A vantagem de usar um tailored resortwear, segundo o fundador Nobel, é a versatilidade. “A pessoa pode sair direto da praia, colocar uma camisa de linho ou uma camisa polo e estar vestido para um almoço, ir a um beach club”, diz.

Origem: a ilha de St. Barth

A Barthelemy foi fundada em 2017 por Ricardo Nobel e Lucas Albuquerque. O nome vem da ilha de Saint Barthelémy, ou St. Barth para os íntimos. “É um balneário que combina sofisticação com o ar descontraído do Caribe. É exclusivo, mas despretensioso. Frequentei muitas praias e acho que St. Barth sintetiza o que queremos ser”, afirma Nobel.

A primeira loja da marca foi aberta no shopping Cidade Jardim, em São Paulo, em 2018. No ano seguinte foi inaugurado o ponto de venda de Trancoso, polo de turismo de luxo no sul da Bahia. Ao mesmo tempo Nobel e seu sócio começaram a cuidar da expansão internacional. A Barthelemy está presente com corners em centros comerciais de Portugal e, claro, St. Barths, além de cerca de 30 multimarcas, de Nova York a Saint Tropez.

A estratégia de internacionalização surgiu por necessidade”, conta Nobel. “Como somos uma marca focada em moda praia, precisamos fugir da sazonalidade, não depender só do verão brasileiro. Em algum lugar do mundo sempre é verão. Além disso queríamos fortalecer nosso vínculo St. Barth. Isso traz awareness para a marca e potencial para o futuro.”

Mas eis que surgiu um novo coronavírus e, como aconteceu com todo o varejo, os planos viraram do avesso. “O começo da pandemia foi muito difícil para nós. Ficamos preocupado com os rumos da marca, mas passamos a dar mais atenção para outras áreas da empresa, basicamente o e-commerce e o relacionamento com cliente.”

Resultados melhores que em 2019

A empresa estruturou um CRM automatizado, investiu na venda direta por WhatsApp e melhoraram sua loja virtual, com operação própria e presença em alguns marketplaces. As lojas físicas foram mantidas. Em setembro os frutos da resiliência da empresa começaram era colhidos. “Nosso resultado foi 40% superior a setembro de 2019. Em outubro, foi 45% melhor do que no mesmo mês do ano passado. Tudo caminha para fecharmos 2020 com um resultado excelente.”

As lojas físicas ainda respondem por 75% do seu faturamento, mas Nobel não revela o montante. Ele acredita que a participação do online ainda seguirá crescendo. “No ano que vem, o e-commerce será um grande foco e possivelmente nosso canal com maior volume de vendas”, afirma. Mas faz parte dos planos de expansão a abertura de novas lojas físicas em São Paulo, uma no Rio de Janeiro e outra provavelmente em Curitiba, além de outros balneários internacionais.

Nobel aponta a demanda reprimida por consumo e o incentivo ao turismo local como fatores positivos para o seu negócio. Ele voltou esta semana de uma temporada na loja de Trancoso, onde o movimento turístico já dá sinais de retorno.

Shorts da Barthelemy

Shorts da Barthelemy¨discretas estampas geométricas (Barthelemy/Divulgação)

Nesse cenário, Nobel conta com um verão aquecido pela frente. Segundo ele, o preço praticado pela marca ajuda. Um short da Barthelemy custa em torno de 490 reais. Pode ser caro, mas ainda assim é metade ao de um similar da marca francesa Vilebrequin, também referência em beachwear, aqui no Brasil. No exterior, os valores cobrados já são mais similares.

O short ainda é o carro-chefe da marca, com participação de 40% das vendas. Mas outros produtos devem fazer parte do portfólio em breve, como novos modelos de shorts de praia, para compor com camisas de linho, shorts casual e camisas polo. “Queremos que nossos clientes, quando pensem em férias e momentos de descontração, com conforto e elegância, lembrem-se da Barthelemy”, afirma Nobel.

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