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Sem grandes astros, Brasil entra na era de ouro da natação paralímpica

Apesar da aposentadoria do 27 vezes medalhista paralímpico Daniel Dias, o time brasileiro está batendo recordes com o despontar de novos talentos

Daniel Dias: o nadador que conquistou 14 ouros ao longo da carreira está se aposentando.  (Buda Mendes/Getty Images)

Daniel Dias: o nadador que conquistou 14 ouros ao longo da carreira está se aposentando. (Buda Mendes/Getty Images)

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Matheus Doliveira

Publicado em 1 de setembro de 2021 às 15h33.

Não é nenhum absurdo dizer que a natação paralímpica brasileira nunca esteve tão horizontal. Mesmo sem astros famosos como André Brasil e Daniel Dias, que se aposentou das piscinas na manhã desta quarta-feira em Tóquio, dentro das águas, o time Brasil vai muito bem, obrigado.

Em parte, a explicação para isso são os novos talentos que até pouco tempo atrás não eram tão conhecidos, mas que estão despontando --- e trazendo muitas medalhas.

Em paralelo à aposentadoria de Daniel Dias, também nesta quarta-feira, o time brasileiro de natação conquistou sua 20° medalha (sendo 15 de ouro) em Tóquio, superando as 19 obtidas no Rio de Janeiro em 2016 (No Rio, foram 14 ouros). Isso, faltando 4 dias para o final dos Jogos Paralímpicos.

Quem colocou no pescoço a vigésima medalha brasileira foi a nadadora Maria Carolina Santiagoque venceu a final feminina dos 100 metros peito da classe SB12. Esse foi o terceiro ouro conquistado pela atleta em Tóquio (os outros 2 foram nos 100m livre S12 e nos 50m livre S13), além do bronze nos 100m costas S12 e da prata no revezamento misto 4x100m.

Junto de outros nomes como Gabriel Araújo, Gabriel Bandeira e Wendell Belarmino, Cecília Araújo e Thalison Glock, Carol Santiago compõe uma nova turma no time Brasil de natação paralímpica: a dos atletas estreantes que ainda não se consagraram como grandes astros, mas que estão dando um gás inédito no quesito medalhas.

Só nesta quarta-feira, foram 3 medalhas: ouro de Carolina Santiago nos 100 metros peito classe SB12 (deficiência visual moderada); Prata de Cecília Araújo nos 50 metros livres classe S8 (amputados ou com dificuldade motora); e bronze de Thalison Glock nos 100 metros livre da classe S6 (deficiência físico-motora).

Aposentadoria de Daniel Dias

Maior medalhista paralímpico brasileiro da história, Daniel Dias sempre foi a grande aposta do Brasil em todos os Jogos Paralímpicos nos quais participou. Em janeiro deste ano, ele anunciou que iria se aposentar depois de Tóquio, o que não o impediu de conquistar mais 3 medalhas nas 6 provas das quais participou no Japão. No total, foram 3 bronzes: 1 nos 200 metros livres; 1 nos 100 metros livres e 1 no revezamento 4x50 metros.

Somando as novas, o superatleta se aposenta com nada menos que 27 medalhas, sendo que 14 destas são ouro.

Um dos motivos que pesou na decisão de se aposentar foi a reclassificação na categoria de inúmeros atletas promovida pelo Comitê Paralímpico Internacional em 2019. Daniel sempre competiu na categoria S5, que engloba atletas com comprometimento físico-motor intermediário. O problema da reclassificação foi que outros atletas com deficiências mais leves que a de Daniel foram colocados na mesma categoria que ele.

A polêmica reclassificação também prejudicou outros nomes, como o medalhista André Brasil, que nem chegou a ser classificado para ir para Tóquio. O atleta, que fazia parte da categoria S10, com baixo comprometimento físico-motor, foi considerado pelo Comitê Paralímpico inapto para participar das competições, pois sua condição foi considerada leve demais pelos avaliadores.

Sem André Brasil e na espreita da aposentadoria de Daniel Dias, não era esperado que o time brasileiro fosse superar as medalhas obtidas no Rio, mas a renovação do time e o despontar de estreantes transformou o cenário de pessimismo.

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