Sangue pode ser usado em tratamento de lesões
Torceu, bateu, machucou? Tratamento à base de plasma rico em plaquetas pode acelerar sua recuperação e até evitar uma cirurgia
Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2011 às 15h41.
Qualquer lesão mais séria é um balde de água fria na rotina de um corredor. Depois de ficar de molho durante o tratamento, o retorno é uma nova batalha. Mas um método pouco invasivo promete recuperações mais simples e rápidas. É o PRP — plasma rico em plaquetas.
O que é
É uma técnica que usa células do sangue do próprio paciente para acelerar a regeneração de uma área lesionada — pode ser um tecido muscular rompido, tendões inflamados e até mesmo ossos fraturados. O método começou a ser usado há cerca de 20 anos em áreas como a odontologia e recentemente passou a ser aplicado na ortopedia esportiva.
O procedimento pode ser realizado em consultório, com anestesia local, e leva cerca de uma hora. Nele, o sangue do paciente é retirado e centrifugado, e as plaquetas são isoladas e injetadas no local da lesão. "As plaquetas são células do sangue que estimulam o crescimento de tecidos, a divisão de células e a proliferação de vasos, fenômenos que acontecem a todo momento no organismo", explica o ortopedista Cristiano de Souza Laurino, diretor-médico da Confederação Brasileira de Atletismo. "O que o PRP faz é ampliar essa ação em uma determinada região." Ou seja, ajuda o corpo a acelerar o processo natural de reparação biológica.
“Uma das vantagens do procedimento está no tempo de recuperação, que tem se mostrado mais curto", afirma o ortopedista José Luiz Runco, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e médico da seleção brasileira de futebol. Em alguns casos, esse tempo chega a ser mais de 50% menor em relação a tratamentos convencionais.
Com o PRP, a cura completa leva em média de um mês e meio a três meses, dependendo do tipo de lesão, mas a melhora da dor vem bem antes: de uma a quatro semanas, conforme o caso. Mas atenção: é normal que nos primeiros dias após a aplicação a dor até piore um pouco (em uma reação inflamatória para curar o tecido). Essa dor melhora com o uso de analgésicos receitados pelo médico. Depois disso, parte-se para fisioterapia e outras técnicas complementares, de acordo com o caso do paciente.
No ano passado, a psicóloga Maria Luongo, 48 anos, de Brasília, recebeu o diagnóstico de tendinite no quadril. Teve de reduzir drasticamente o volume de treino e, na tentativa de aliviar a dor, recorreu a sessões de fisioterapia e medicações, incluindo três infiltrações de corticoide. Após um ano de tratamento, não obteve melhora. Em agosto de 2010, seu ortopedista indicou o PRP. "O tendão tem poucos vasos sanguíneos, o que dificulta a cicatrização. O PRP foi indicado para melhorar o aporte vascular na região e propiciar a chegada de células novas", explica o ortopedista Rogerio Teixeira da Silva, presidente do Comitê de Traumatologia Desportiva da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Vinte dias depois do procedimento, Maria já tinha participado de uma prova de 10 km. Dois meses depois, retomou os preparativos para a Maratona de Amsterdã, no dia 17 de outubro.
"Outro ponto positivo do PRP é que, em alguns casos, ele torna desnecessária a cirurgia", afirma o ortopedista Carlos Henrique Bittencourt, professor adjunto de traumato-ortopedia da Universidade Federal Fluminese. Foi o que aconteceu com o fisioterapeuta paulistano Alexandre de Paula Busquim, 32 anos, que jogava futebol e corria para ajudar no condicionamento. Há dois anos, durante uma partida, ele torceu o joelho e recebeu a temida indicação: cirurgia. Alexandre fez as infiltrações de plasma (PRP) no ligamento cruzado anterior e no menisco. "Eu pensei que, quanto menos invasivo fosse o processo, melhor. E deu certo", diz ele. Durante a recuperação, fez fisioterapia. Hoje, Alexandre trocou o futebol pelo tênis, mas continua correndo três vezes por semana por cerca de 45 minutos, principalmente na esteira. "Não senti mais dor e pratico esportes numa boa."
Milagre a vista
Já existem estudos científicos comprovando a eficácia do PRP e a melhora dos sintomas em diversos tipos de lesão. "A literatura sobre o tema adquiriu cada vez mais qualidade nos últimos dois anos, mas ela ainda é muito recente", afirma Laurino.
Mas nem todos os problemas encontram solução no PRP. "A técnica é indicada para acelerar processos de cicatrização de rupturas musculares, rupturas parciais de tendões, tendinites crônicas de joelho, tendão de Aquiles, quadril, cotovelo e ombro e também para acelerar processos de cicatrização óssea em alguns tipos de fraturas que não se consolidam. Mas não é indicado para ruptura total do ombro e artroses e lesões de cartilagem mais graves", explica Rogerio. "As pessoas hoje acham que o método pode resolver qualquer coisa, e isso não é verdade."
Outro ponto importante é que, em lesões menores, seria um erro partir logo para o PRP sem ter passado antes por outros tratamentos mais simples e com eficácia comprovada. “Por exemplo, para uma microrruptura com processo inflamatório, muitas vezes, o uso do anti-inflamatório e a fisioterapia já seriam eficazes”, diz Laurino. Se optar pela técnica de PRP, procure um profissional experiente e que use apenas os kits liberados pela Anvisa. O tratamento custa cerca de 3500 reais e ainda não é coberto pelos convênios.
Qualquer lesão mais séria é um balde de água fria na rotina de um corredor. Depois de ficar de molho durante o tratamento, o retorno é uma nova batalha. Mas um método pouco invasivo promete recuperações mais simples e rápidas. É o PRP — plasma rico em plaquetas.
O que é
É uma técnica que usa células do sangue do próprio paciente para acelerar a regeneração de uma área lesionada — pode ser um tecido muscular rompido, tendões inflamados e até mesmo ossos fraturados. O método começou a ser usado há cerca de 20 anos em áreas como a odontologia e recentemente passou a ser aplicado na ortopedia esportiva.
O procedimento pode ser realizado em consultório, com anestesia local, e leva cerca de uma hora. Nele, o sangue do paciente é retirado e centrifugado, e as plaquetas são isoladas e injetadas no local da lesão. "As plaquetas são células do sangue que estimulam o crescimento de tecidos, a divisão de células e a proliferação de vasos, fenômenos que acontecem a todo momento no organismo", explica o ortopedista Cristiano de Souza Laurino, diretor-médico da Confederação Brasileira de Atletismo. "O que o PRP faz é ampliar essa ação em uma determinada região." Ou seja, ajuda o corpo a acelerar o processo natural de reparação biológica.
“Uma das vantagens do procedimento está no tempo de recuperação, que tem se mostrado mais curto", afirma o ortopedista José Luiz Runco, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e médico da seleção brasileira de futebol. Em alguns casos, esse tempo chega a ser mais de 50% menor em relação a tratamentos convencionais.
Com o PRP, a cura completa leva em média de um mês e meio a três meses, dependendo do tipo de lesão, mas a melhora da dor vem bem antes: de uma a quatro semanas, conforme o caso. Mas atenção: é normal que nos primeiros dias após a aplicação a dor até piore um pouco (em uma reação inflamatória para curar o tecido). Essa dor melhora com o uso de analgésicos receitados pelo médico. Depois disso, parte-se para fisioterapia e outras técnicas complementares, de acordo com o caso do paciente.
No ano passado, a psicóloga Maria Luongo, 48 anos, de Brasília, recebeu o diagnóstico de tendinite no quadril. Teve de reduzir drasticamente o volume de treino e, na tentativa de aliviar a dor, recorreu a sessões de fisioterapia e medicações, incluindo três infiltrações de corticoide. Após um ano de tratamento, não obteve melhora. Em agosto de 2010, seu ortopedista indicou o PRP. "O tendão tem poucos vasos sanguíneos, o que dificulta a cicatrização. O PRP foi indicado para melhorar o aporte vascular na região e propiciar a chegada de células novas", explica o ortopedista Rogerio Teixeira da Silva, presidente do Comitê de Traumatologia Desportiva da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Vinte dias depois do procedimento, Maria já tinha participado de uma prova de 10 km. Dois meses depois, retomou os preparativos para a Maratona de Amsterdã, no dia 17 de outubro.
"Outro ponto positivo do PRP é que, em alguns casos, ele torna desnecessária a cirurgia", afirma o ortopedista Carlos Henrique Bittencourt, professor adjunto de traumato-ortopedia da Universidade Federal Fluminese. Foi o que aconteceu com o fisioterapeuta paulistano Alexandre de Paula Busquim, 32 anos, que jogava futebol e corria para ajudar no condicionamento. Há dois anos, durante uma partida, ele torceu o joelho e recebeu a temida indicação: cirurgia. Alexandre fez as infiltrações de plasma (PRP) no ligamento cruzado anterior e no menisco. "Eu pensei que, quanto menos invasivo fosse o processo, melhor. E deu certo", diz ele. Durante a recuperação, fez fisioterapia. Hoje, Alexandre trocou o futebol pelo tênis, mas continua correndo três vezes por semana por cerca de 45 minutos, principalmente na esteira. "Não senti mais dor e pratico esportes numa boa."
Milagre a vista
Já existem estudos científicos comprovando a eficácia do PRP e a melhora dos sintomas em diversos tipos de lesão. "A literatura sobre o tema adquiriu cada vez mais qualidade nos últimos dois anos, mas ela ainda é muito recente", afirma Laurino.
Mas nem todos os problemas encontram solução no PRP. "A técnica é indicada para acelerar processos de cicatrização de rupturas musculares, rupturas parciais de tendões, tendinites crônicas de joelho, tendão de Aquiles, quadril, cotovelo e ombro e também para acelerar processos de cicatrização óssea em alguns tipos de fraturas que não se consolidam. Mas não é indicado para ruptura total do ombro e artroses e lesões de cartilagem mais graves", explica Rogerio. "As pessoas hoje acham que o método pode resolver qualquer coisa, e isso não é verdade."
Outro ponto importante é que, em lesões menores, seria um erro partir logo para o PRP sem ter passado antes por outros tratamentos mais simples e com eficácia comprovada. “Por exemplo, para uma microrruptura com processo inflamatório, muitas vezes, o uso do anti-inflamatório e a fisioterapia já seriam eficazes”, diz Laurino. Se optar pela técnica de PRP, procure um profissional experiente e que use apenas os kits liberados pela Anvisa. O tratamento custa cerca de 3500 reais e ainda não é coberto pelos convênios.