Rum de luxo para beber puro, sem coqueteleira nem enfeite
Os fabricantes dessa bebida estão entrando cada vez mais no setor de luxo
Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2015 às 21h36.
Na primeira vez que experimentei o rum Facundo Paraíso XA da Bacardi , que custa US$ 250, na biblioteca do hotel New York Palace, ele tinha cheiro de bolo de especiarias e deixou um frisson de açúcar mascavo e caramelo, profundo e defumado. Fiquei impressionada. Era tão sedutor quanto um uísque puro malte, mas tão suave e doce quanto um bourbon artesanal.
A imagem do rum continua ligada a coquetéis de bares de praia e a versões condimentadas com um pirata ou com coqueiros na etiqueta, mas os fabricantes dessa bebida estão entrando cada vez mais no setor de luxo .
De acordo com o Conselho de Bebidas Alcoólicas Destiladas dos EUA, o volume de vendas de rum superpremium (mais de US$ 45 a garrafa) aumentou 414 por cento nos EUA de 2003 a 2014 – dez vezes mais do que a taxa de crescimento do rum comum.
Seguindo o exemplo de outros tipos de destilarias, os fabricantes de rum estão produzindo edições limitadas de misturas raras e envelhecidas, como Paraíso, e engarrafando pequenos lotes de um único barril.
Exuberantes, complexos e deliciosos, todos eles passam longe das coqueteleiras baratas.
A Bacardi utilizou reservas familiares privadas para a linha Paraíso e para três outras misturas que estrearam em Nova York no fim de 2013 e que chegarão a Paris e Londres neste outono europeu.
A Brugal, da República Dominicana, fabricou sua edição do Papá Andrés Alegría para 2015 com os 36 barris familiares que lhe restam, guardados a sete chaves no depósito da companhia.
As temperaturas tropicais aceleram o processo de envelhecimento, de modo que um rum de 10 anos é como um uísque escocês de 30 anos. Os mais velhos são mais caros por causa da evaporação ocorrida durante o envelhecimento; 190 litros se reduzem a aproximadamente 19 litros ao longo de 23 anos (a idade dos runs mais velhos da linha Paraíso).
Até agora existem poucos runs antigos, a maioria da Martinica, mas varejistas como K&L Wine Merchants, na região da Baía de São Francisco, EUA, e Samaroli, em Roma, estão caçando e selecionando barris exclusivos para engarrafar.
Para os exemplares mais caros, os decantadores de cristal feitos sob medida são imprescindíveis. O Legacy, da Angostura, que custa US$ 25.000, vem em um decantador de cristal estilo Art Decó, criado pela Asprey, com uma tampa de prata de lei; apenas 20 foram produzidos.
Será que o lugar específico onde a cana-de-açúcar é cultivada altera o sabor do rum? Eu tenho as minhas dúvidas, mas a ideia evoca a mesma tendência das bebidas alcoólicas de luxo que nos trouxe os mescais de um único povoado.
No início deste ano, a Rémy Cointreau comprou a histórica plantação Mount Gay, de 134 hectares, em Barbados, para sua marca do mesmo nome e planeja criar – o que mais poderia ser? – um rum de terroir.
NOTAS DE DEGUSTAÇÃO
Ron Abuelo Centuria (US$ 140). Lançado em 2011 para comemorar os 100 anos da família Varela como fabricante de rum, ele é exuberante e condimentado, com notas de café e de bolo de gengibre.
El Dorado de 21 anos, da Demerara (US$ 100). Fabricado em históricos alambiques de madeira de 200 anos, esse rum tem aroma a moca e a tabaco e uma textura aveludada.
Facundo Paraíso XA (US$ 250). Espesso, concentrado e sutil, esse rum é finalizado em barris de conhaque extravelhos. O complexo e inebriante Exquisito (US$ 90) é quase tão bom quanto este.
Papá Andrés Alegría (2015), da Brugal (US$ 1.500). Criado por um membro da quinta geração da família Brugal a partir de runs envelhecidos em diversos tipos de barris, ele é leve, sedoso e sutil, com aromas a frutas secas e caramelo.
Orígenes Reserva Don Pancho 30 anos (US$ 250). O célebre destilador cubano Francisco “Don Pancho” Fernández fabricou este rum de sabor sensual no Panamá. Apenas 600 garrafas foram produzidas.
Na primeira vez que experimentei o rum Facundo Paraíso XA da Bacardi , que custa US$ 250, na biblioteca do hotel New York Palace, ele tinha cheiro de bolo de especiarias e deixou um frisson de açúcar mascavo e caramelo, profundo e defumado. Fiquei impressionada. Era tão sedutor quanto um uísque puro malte, mas tão suave e doce quanto um bourbon artesanal.
A imagem do rum continua ligada a coquetéis de bares de praia e a versões condimentadas com um pirata ou com coqueiros na etiqueta, mas os fabricantes dessa bebida estão entrando cada vez mais no setor de luxo .
De acordo com o Conselho de Bebidas Alcoólicas Destiladas dos EUA, o volume de vendas de rum superpremium (mais de US$ 45 a garrafa) aumentou 414 por cento nos EUA de 2003 a 2014 – dez vezes mais do que a taxa de crescimento do rum comum.
Seguindo o exemplo de outros tipos de destilarias, os fabricantes de rum estão produzindo edições limitadas de misturas raras e envelhecidas, como Paraíso, e engarrafando pequenos lotes de um único barril.
Exuberantes, complexos e deliciosos, todos eles passam longe das coqueteleiras baratas.
A Bacardi utilizou reservas familiares privadas para a linha Paraíso e para três outras misturas que estrearam em Nova York no fim de 2013 e que chegarão a Paris e Londres neste outono europeu.
A Brugal, da República Dominicana, fabricou sua edição do Papá Andrés Alegría para 2015 com os 36 barris familiares que lhe restam, guardados a sete chaves no depósito da companhia.
As temperaturas tropicais aceleram o processo de envelhecimento, de modo que um rum de 10 anos é como um uísque escocês de 30 anos. Os mais velhos são mais caros por causa da evaporação ocorrida durante o envelhecimento; 190 litros se reduzem a aproximadamente 19 litros ao longo de 23 anos (a idade dos runs mais velhos da linha Paraíso).
Até agora existem poucos runs antigos, a maioria da Martinica, mas varejistas como K&L Wine Merchants, na região da Baía de São Francisco, EUA, e Samaroli, em Roma, estão caçando e selecionando barris exclusivos para engarrafar.
Para os exemplares mais caros, os decantadores de cristal feitos sob medida são imprescindíveis. O Legacy, da Angostura, que custa US$ 25.000, vem em um decantador de cristal estilo Art Decó, criado pela Asprey, com uma tampa de prata de lei; apenas 20 foram produzidos.
Será que o lugar específico onde a cana-de-açúcar é cultivada altera o sabor do rum? Eu tenho as minhas dúvidas, mas a ideia evoca a mesma tendência das bebidas alcoólicas de luxo que nos trouxe os mescais de um único povoado.
No início deste ano, a Rémy Cointreau comprou a histórica plantação Mount Gay, de 134 hectares, em Barbados, para sua marca do mesmo nome e planeja criar – o que mais poderia ser? – um rum de terroir.
NOTAS DE DEGUSTAÇÃO
Ron Abuelo Centuria (US$ 140). Lançado em 2011 para comemorar os 100 anos da família Varela como fabricante de rum, ele é exuberante e condimentado, com notas de café e de bolo de gengibre.
El Dorado de 21 anos, da Demerara (US$ 100). Fabricado em históricos alambiques de madeira de 200 anos, esse rum tem aroma a moca e a tabaco e uma textura aveludada.
Facundo Paraíso XA (US$ 250). Espesso, concentrado e sutil, esse rum é finalizado em barris de conhaque extravelhos. O complexo e inebriante Exquisito (US$ 90) é quase tão bom quanto este.
Papá Andrés Alegría (2015), da Brugal (US$ 1.500). Criado por um membro da quinta geração da família Brugal a partir de runs envelhecidos em diversos tipos de barris, ele é leve, sedoso e sutil, com aromas a frutas secas e caramelo.
Orígenes Reserva Don Pancho 30 anos (US$ 250). O célebre destilador cubano Francisco “Don Pancho” Fernández fabricou este rum de sabor sensual no Panamá. Apenas 600 garrafas foram produzidas.