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Rihanna de Papa e Zendaya de Joana d'Arc: as ousadias do MET Gala 2018

Roupas em referência a tradições católicas dão toque transgressor à atual edição do grande evento fashionista

Rahanna: anfitriã do baile de gala ousou no figurino, com direito até a mitra (Carlo Allegri/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de maio de 2018 às 15h21.

Tendo como tema a influência do imaginário católico na moda, o baile do MET deste ano reuniu alguns dos principais símbolos da religião na escadaria do museu - anjos, crucifixos e até a Capela Sistina. Algumas das convidadas preferiram subverter as referências religiosas com interpretações afrontosas.

Quem lidera o time é a atriz, roteirista e ativista norte-americana Lena Waithe. Ela vestiu uma capa com a bandeira do arco-íris, símbolo do movimento LGBTQ+, assinada por Carolina Herrera. A peça era uma versão da capa magna, comumente utilizada por membros da Igreja.

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Lena Waithe, no MET Gala 2018 (Eduardo Munoz/Reuters)

"Tenho orgulho de colocar a comunidade nas minhas costas para que eles saibam que eu os apoio o tempo todo", disse Lena, que usou a moda como uma forma de contestação aos séculos de perseguição enfrentados pela população LGBTQ+. "Não é sobre a Igreja ou o catolicismo - você foi criado à imagem de Deus, então é isso o que vamos celebrar hoje", afirmou a criadora da série The Chi.

O visual com conotação política também foi a escolha da atriz e cantora Zendaya, que prestou homenagem à Joana d'Arc no baile. O look, criado pela Versace, trazia placas estruturadas no pescoço e nos ombros, em referência ao traje usado pela heroína francesa.

Zendaya, no MET Gala 2018 (Eduardo Munoz/Reuters)

Por baixo da armadura, ela usou um vestido com malhas metálicas similares ao que vestiam os cavaleiros medievais. "Quando soube do tema, comecei a pensar em mulheres fortes que tinham uma conexão com a religião", contou Law Roach, stylist de Zendaya, em entrevista ao WWD.

Ainda que a personagem histórica tenha sido canonizada pela Igreja Católica em 1922, ela foi vítima da Inquisição [instituição católica criada na Idade Média para julgar pessoas que tivessem se desviado de seus ensinamentos], sendo condenada à morte na fogueira por acusações de "heresia e bruxaria" em 1431. Para o Met, Zendaya se inspirou também nos fios ruivos de Joana d'Arc, usando uma peruca acobreada com franja reta.

Rihanna, anfitriã do baile de gala, foi outra a escolher um visual provocador para a ocasião. Ela foi vestida de papisa, usando um conjunto todo bordado com cristais assinado por John Galliano, da Maison Margiela, com direito até à mitra, chapéu alto e pontiagudo tipicamente usado pelo papa. Hoje em dia, o acessório também pode ser usado por abades, bispo, arcebispos e cardeais, mas ainda é proibido para mulheres.

Rihanna, no MET Gala 2018 (Eduardo Munoz/Reuters)

Com abordagens menos explícitas, mas também pendendo para o lado das "pecadoras", nomes como Solange e Nicki Minaj investiram em looks com um quê fetichista.

"Eu me sinto celestial em preto", disse Solange em seu perfil no Twitter. Ela optou por um vestido de vinil tomara-que-caia, assinado pela designer Iris Van Herpen, com botas altíssimas acima do joelho.

Solange, no MET Gala 2018 (Carlo Allegri/Reuters)

Já a rapper Nicki Minaj escolheu um vestido em tons de vermelho criado pela marca Oscar de la Renta, com uma longa cauda que remetia a um rastro de sangue no chão.

"Eu sou o 'cara mau' e quis me certificar de que o cara mau estaria aqui", falou a cantora, que durante a festa anunciou o lançamento de um novo álbum, intitulado Queen, para 15 de junho. Madonna, que ao longo de toda a sua carreira trouxe influências religiosas, também pendeu para o obscuro, com um vestido preto e rendado de Jean Paul Gaultier, em clima fúnebre.

Madonna, no MET Gala 2018 (Brendan McDermid/Reuters)

Vale citar também o grupo de modelos e atrizes, com nomes como Kate Moss e Charlotte Gainsbourg, que optou por vestidos pretos curtíssimos da Saint Laurent. Mesmo sem referências diretas à religião, os looks ultrassexy e nada recatados não deixam de representar certa afronta ao status quo católico.

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