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Richard Gere é empresário corrupto em "A Negociação"

Filme que retrata mais uma face da crise do capitalismo rendeu ao ator americano uma indicação ao Globo de Ouro

Indicado ao Globo de Ouro, Richard Gere interpreta Robert Miller, dono de uma empresa de investimentos que se vê no meio de problemas (Pascal Le Segretain/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2012 às 08h10.

São Paulo - A crise do capitalismo chegou para ficar - apesar de esforços dos mais interessados: magnatas e governos. Nos últimos anos, uma série de filmes coloca esse tema em cena, das mais variadas formas. De "Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme" a "Cosmópolis", passando por "Margin Call" e agora "A Negociação", que traz mais uma visão do castelo de dinheiro desmoronando.

Se o filme tem sua força e interesse, muito se deve à interpretação de Richard Gere, indicado ao Globo de Ouro por esse trabalho, injetando credibilidade num personagem que muito facilmente poderia cair nos clichês. Ele é Robert Miller, dono de uma empresa de investimentos que se vê no meio de problemas: perde uma fortuna num negócio de mineração, correndo o risco de deixar de cobrir o rombo através da iminente venda de sua empresa, ao mesmo tempo que tem que esconder seu envolvimento num acidente de carro que resultou numa morte.

Embora tenha sido realmente um acidente, o fato de Robert deixar o local secretamente, com a ajuda do filho de um motorista, Jimmy Grant (Nate Parker), poderia tornar-se um desastre para ele. Mas há indícios que intrigam um detetive, Michael Bryer (Tim Roth), levando-o a investigar o que realmente aconteceu. Assim, a vida perfeita de Robert, embalada num belo apartamento, repleto de coisas caras e comandado pela esposa perfeita, Ellen (Susan Sarandon), começa a ruir.

O fato de ter uma amante francesa (Laetitia Casta) e de sua filha, a honesta Brooke (Brit Marling), trabalhar com ele são detalhes que podem contribuir para uma possível ruína de Robert. Escrito e dirigido por Nicholas Jarecki (que é meio-irmão do diretor do documentário "Na Captura dos Friedmans"), o longa percorre os meandros por onde o protagonista caminha a fim de se livrar desses problemas.

Jarecki conhece bem as negociações de Wall Street - seus pais foram corretores. Assim, é capaz de trazer detalhes e nuances para o filme, tanto no plano psicológico dos personagens quanto na moral fluida pela qual transitam. A inversão mais interessante se dá no embate entre pai e filha. Ela não concorda com os esquemas fraudulentos do pai e ele se defende, dizendo que são a única forma de sobreviver no mercado.

Em sua essência, "A Negociação" é uma fábula moral - nunca moralista ou moralizante -, que, ao assumir o ponto de vista do protagonista, coloca o seu público num dilema: tomar ou não o seu partido. O fato de ter Gere como protagonista - um ator cuja presença carismática sempre é motivo de simpatia - contribui para fortalecer esse ambíguo sentimento dos espectadores.

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São Paulo - A crise do capitalismo chegou para ficar - apesar de esforços dos mais interessados: magnatas e governos. Nos últimos anos, uma série de filmes coloca esse tema em cena, das mais variadas formas. De "Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme" a "Cosmópolis", passando por "Margin Call" e agora "A Negociação", que traz mais uma visão do castelo de dinheiro desmoronando.

Se o filme tem sua força e interesse, muito se deve à interpretação de Richard Gere, indicado ao Globo de Ouro por esse trabalho, injetando credibilidade num personagem que muito facilmente poderia cair nos clichês. Ele é Robert Miller, dono de uma empresa de investimentos que se vê no meio de problemas: perde uma fortuna num negócio de mineração, correndo o risco de deixar de cobrir o rombo através da iminente venda de sua empresa, ao mesmo tempo que tem que esconder seu envolvimento num acidente de carro que resultou numa morte.

Embora tenha sido realmente um acidente, o fato de Robert deixar o local secretamente, com a ajuda do filho de um motorista, Jimmy Grant (Nate Parker), poderia tornar-se um desastre para ele. Mas há indícios que intrigam um detetive, Michael Bryer (Tim Roth), levando-o a investigar o que realmente aconteceu. Assim, a vida perfeita de Robert, embalada num belo apartamento, repleto de coisas caras e comandado pela esposa perfeita, Ellen (Susan Sarandon), começa a ruir.

O fato de ter uma amante francesa (Laetitia Casta) e de sua filha, a honesta Brooke (Brit Marling), trabalhar com ele são detalhes que podem contribuir para uma possível ruína de Robert. Escrito e dirigido por Nicholas Jarecki (que é meio-irmão do diretor do documentário "Na Captura dos Friedmans"), o longa percorre os meandros por onde o protagonista caminha a fim de se livrar desses problemas.

Jarecki conhece bem as negociações de Wall Street - seus pais foram corretores. Assim, é capaz de trazer detalhes e nuances para o filme, tanto no plano psicológico dos personagens quanto na moral fluida pela qual transitam. A inversão mais interessante se dá no embate entre pai e filha. Ela não concorda com os esquemas fraudulentos do pai e ele se defende, dizendo que são a única forma de sobreviver no mercado.

Em sua essência, "A Negociação" é uma fábula moral - nunca moralista ou moralizante -, que, ao assumir o ponto de vista do protagonista, coloca o seu público num dilema: tomar ou não o seu partido. O fato de ter Gere como protagonista - um ator cuja presença carismática sempre é motivo de simpatia - contribui para fortalecer esse ambíguo sentimento dos espectadores.

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