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Reverendo Moon, um 'messias' que levantou um império

Sun-Myung Moon nasceu em janeiro de 1920 em uma família de camponeses no que hoje é a Coreia do Norte


	Sun Myung Moon assegurava que o próprio Jesus Cristo lhe pediu para completar o trabalho evangelizador que Deus tinha encomendado 
 (Emmanuel Dunand/AFP)

Sun Myung Moon assegurava que o próprio Jesus Cristo lhe pediu para completar o trabalho evangelizador que Deus tinha encomendado  (Emmanuel Dunand/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2012 às 20h11.

Seul - Sun-Myung Moon, que morreu nesta segunda-feira aos 92 anos, foi o fundador da Igreja da Unificação, um controvertido movimento espiritual com vários milhões de seguidores pelo mundo todo, e que amealhou uma enorme fortuna.

Pai de 15 filhos e avô de mais de 40 netos, o multimilionário reverendo Moon, autoproclamado ''messias'' perante seus seguidores, viveu quase sempre rodeado de uma polêmica que não o impediu de conjugar sua faceta espiritual com atividades empresariais e políticas, principalmente na Ásia, Estados Unidos e América Latina.

Sun-Myung Moon nasceu em janeiro de 1920 em uma família de camponeses no que hoje é a Coreia do Norte, quando o território se encontrava sob o jugo do império japonês.

Após estudar dois anos engenharia em Tóquio, retornou à península coreana e pregou na Coreia do Norte, onde foi preso três anos pelo Governo comunista e mais tarde libertado pela coalizão liderada pelos EUA, assim que explodiu a Guerra da Coreia (1950-1953).

Outra vez na Coreia do Sul fundou em 1954 a Igreja da Unificação, uma seita religiosa marcada pela glorificação do próprio Moon, o ''pai autêntico'', que assegurava agir por mandato divino e sob os ensinamentos da Bíblia.

Moon, que considerava a Coreia como uma ''terra sagrada'', expandiu seu movimento com um discurso neocristão e crenças como a chegada de um segundo messias, a comunicação com os mortos e a predestinação divina de todo indivíduo.

No começo dos anos 70 decidiu se mudar para os EUA, onde passaria 13 meses na prisão em 1984 por evasão de impostos.

O reverendo assegurava que o próprio Jesus Cristo lhe pediu para completar o trabalho evangelizador que Deus tinha encomendado e que não pôde finalizar ao ser crucificado.


Os ''moonies'', como se denomina os seguidores da Igreja da Unificação, ocuparam as capas das revistas por causa dos casamentos em massa e simultâneos, nos quais dezenas de milhares de pessoas que não se conheciam previamente contraíam casamento.

No maior deles, cerca de 30 mil casais contraíram casamento em 1992 no estádio olímpico de Jamsil (Seul).

Este tipo de cerimônia suscitou as críticas de quem assegurava que o movimento tentava subjugar a vontade de seus fiéis, já que frequentemente era o próprio Moon que escolhia os futuros esposos e esposas.

Mas se alguma coisa deu publicidade internacional à Igreja da Unificação foi a batalha na mídia que manteve em 2001 com o Vaticano por causa do famoso caso do bispo africano Emmanuel Milingo.

O religioso católico contraiu casamento em março daquele ano pelo rito da seita Moon com uma mulher sul-coreana, o que criou um grande rebuliço e representou a ameaça de excomunhão para o bispo rebelde, que finalmente voltou ao ''rebanho'' e mostrou seu arrependimento perante João Paulo II.

No plano político, Moon, apesar de sua forte tendência anticomunista, chegou a se reunir com líderes como o fundador da Coreia do Norte, Kim Il-sung, no começo dos anos 90; Richard Nixon nos anos 70; o último presidente da URSS, Mikhail Gorbachev, nos 80; e o argentino Carlos Menem nos 90.


Enquanto levantava seu reinado espiritual, se assentava como um ativo magnata empresarial, com negócios que abrangiam desde os meios de comunicação até a hotelaria, a indústria e o esporte na Coreia do Sul, Estados Unidos e América Latina.

Fundou vários meios de comunicação, entre eles o jornal americano ''The Washington Times'', que representa um sólido ponto de vista conservador e que em 2010 tinha uma tiragem de perto de 40 mil exemplares.

O braço empresarial da Igreja da Unificação é o grupo Tongil, um dos maiores conglomerados da Coreia do Sul e proprietário entre outras coisas do Seongnam Ilhwa Chunma, o time de futebol com mais títulos da K-League (Campeonato Coreano).

Moon também passará para a história por peculiares façanhas como publicar até 450 volumes de sermões, oferecer um discurso de 16 horas seguidas sem descanso ou ser o único líder que alcançou em vida levar sua religião a mais de 190 países, segundo sua organização.

Após sua morte, à frente da Igreja vai continuar seu filho mais novo, Hyung Jin Moon, nomeado líder desta em 2008, enquanto o conglomerado Tongil continuará presidido por seu quarto filho, Kook Jin Moon. 

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