Quem é o novo diretor criativo da Montblanc e o que sua chegada representa
Marco Tomasetta ingressa na marca de luxo alemã após trabalhar na Givenchy, na Prada e outras grifes incensadas; substitui Zaim Kamal, no posto desde 2013
Daniel Salles
Publicado em 24 de fevereiro de 2021 às 11h47.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2021 às 12h20.
Fundada no longínquo ano de 1906, a Montblanc parece estar decidida a não aparentar a idade que tem – e com isso cair também nas graças dos consumidores mais jovens. A estratégia começou a ser notada cinco anos atrás, quando a grife alemã, pertencente ao conglomerado suíço Richemont, também dono das marcas Cartier e Piaget, entre outras, lançou seu Augmented Paper. Trata-se de um bloco de notas que digitaliza anotações e desenhos – e do primeiro sinal de que a maison não quer se ater aos produtos analógicos que a consagraram até agora, como canetas, artefatos de couro e relógios mecânicos.
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Em 2017, veio ao mundo o primeiro smartwatch da Montblanc, o Summit, que fez pouco barulho e já está fora de linha. O modelo evoluiu para o robusto Summit 2, apresentado no ano seguinte, e para o inovador Summit 2+, que chegou às lojas em 2020. Esse último é o primeiro smartwatch de luxo que, como o Apple Watch, faz ligações, recebe mensagens e permite usar aplicativos como Google Assistant, Spotify e Uber sem o smartphone por perto. O telefone, seja Android, seja iOS, só é indispensável para as configurações iniciais. Em tempo: no ano passado, o Summit 2 ganhou uma versão esportiva.
Em 2020, ao lançar seus fones de ouvido inteligentes, a Montblanc deu mais um recado – quer ser vista, na verdade, como uma companhia de luxo determinada a facilitar a vida dos executivos que vivem viajando.
São três os fones de ouvido, de couro preto, marrom ou verde-claro, e com acabamento cromado, dourado ou polido. Compactos e dobráveis, eles cobrem toda a orelha sem incomodar e dispõem de tecnologia que bloqueia ruídos externos e impede que todo mundo ouça o que você está ouvindo — os componentes eletrônicos são de um fabricante não revelado e montados pela Montblanc, que recorreu ao especialista em som Alex Rosson como consultor. O microfone acoplado permite acionar por comando de voz o Google Assistant, que pode ajudar o usuário, por exemplo, a descobrir qual é o portão de embarque de seu próximo voo.
No mês passado, mais uma novidade de fôlego: foi lançada a coleção M_Gram 4810. Todas as peças que fazem parte dela vêm com monograma estampado, uma tradição de grifes como a Louis Vuitton, além do nome da Montblanc por escrito. Falamos de uma mochila, de duas elegantes bolsas, carteiras e cintos, tudo de couro (a partir de 4.700 reais).
A fonte escolhida remete àquela que a marca adotou em 1920. Com visual geométrico, captura o estilo art déco daquela década, exatamente quando a Montblanc passou a produzir artigos de couro. “Era a hora de apresentar uma nova identidade à nova geração de clientes”, disse à época Nicolas Baretzki, CEO da maison.
Na última semana veio mais uma mudança inesperada, a troca do diretor criativo da Montblanc. A partir do dia 1º de março sai Zaim Kamal, que ocupa o cargo desde 2013, e entra o italiano Marco Tomasetta, incumbido de acelerar a transformação da marca em uma "maison de estilo de vida de negócios de luxo", nas palavras de Baretzki.
Formado pelo Istituto Europeo di Design em Milão, Tomasetta foi diretor criativo de artigos de couro masculino e feminino da Givenchy e ainda trabalhou na Prada, na Chloé e na Louis Vuitton. Ficará baseado em Paris.
“Marco é um inovador ágil e dinâmico, que também está comprometido com o valor do artesanato fino e do design atemporal, que sempre foram fundamentais para a identidade da Montblanc”, declarou Baretzki.