Quem é Carol Santiago, terceira maior medalhista paralímpica da história
Entre as atletas paralímpicas brasileiras, Maria Carolina Santiago só fica atrás das estrelas Ádria Santos e Terezinha Guilhermina em relação ao número de medalhas
Matheus Doliveira
Publicado em 2 de setembro de 2021 às 15h02.
Última atualização em 2 de setembro de 2021 às 15h17.
Conquistar uma medalha de ouro logo na primeira Olimpíada que participa é coisa rara para um atleta. Vencer três medalhas de ouro e ainda subir ao pódio mais duas vezes para buscar mais uma prata e um bronze é extremamente improvável, mas aconteceu com Maria Carolina Santiago, a nadadora estreante de 36 anos que escreveu seu nome na história dos Jogos Paralímpicos em Tóquio.
Se há pouco tempo Carol Santiago era um nome praticamente desconhecido do público, hoje as câmeras acompanham de perto cada braçada que a nadadora dá dentro d'água. A atleta com deficiência visual está elevando a qualidade e o número de medalhas do time de natação paralímpico do Brasil. Na última quarta-feira ela foi a responsável por quebrar um recorde coletivo: trouxe a 20ª medalha para o time verde-amerelo, batendo as 19 conquistadas na Paralimpíada do Rio de Janeiro em 2016.
Ao todo, Santiago venceu três ouros:
- Final feminina dos 100 metros peito da classe S12 (deficiência visual parcial);
- 100 metros livres na classe S12;
- 50 metros livres na classe S13 (atletas com baixa visão)
Uma prata
- Revezamento misto 4x100 classe S12
Um bronze
- 100 metros costas classe S12.
Com os cinco pódios, Santiago se tornou a terceira atleta paralímpica brasileira da história com maior número de medalhas, ficando atrás apenas das estrelas Ádria Santos e Terezinha Guilhermina.Ádria competiu de Seul, em 1988, a Pequim, em 2008. Nesse intervalo ela conquistou quatro ouros, oito pratas e um bronze. Já Terezinha estreou nos Jogos Paralímpicos de Pequim em 2008 e competiu no Rio em 2016. Ela venceu três ouros, duas pratas e três bronzes.
Ádria Santos: 13 pódios (atletismo)
Velocista Terezinha Guilhermina: oito pódios (atletismo)
Maria Carolina Santiago: cinco pódios (natação)
Estreante de 36 anos
Nos esportes paralímpicos, é mais comum que atletas mais velhos tenham passe para competir e para continuar participando de torneios mesmo quado já ultrapassam os 40 anos. Ainda assim, o caso de Carol Santiago é particular: a atleta natural de Recife só entrou em um clube profissional aos 33 anos de idade, em 2018.
Na adolescência, Santiago chegou a participar de competições de natação, mas devido à sua condição, chamada Morning Glory, que reduz gradualmente a capacidade de enxergar, a hoje medalhista ficou anos afastada das piscinas.
No clube Grêmio Náutico União de Porto Alegre, ela se recompôs. Já em 2019, Santiago participou do Parapan-americano e do Mundial de natação de Londres. Na primeira competição, a então novata levou quatro ouros e duas pratas. No Reino Unido, conquistou mais dois ouros e duas pratas.
Em Tóquio, Santiago passou a ser vista como uma grande aposta para a próxima Paralimpíada. Sem grandes astros como Daniel Dias, que se aposentou da natação depois de uma célebre carreira de incríveis 27 medalhas (sendo 14 de ouro), Santiagocompõe uma nova turma no time Brasil de natação paralímpica: a dos atletas estreantes que ainda não se consagraram como grandes astros, mas que estão dando um gás inédito no quesito medalhas.
R$ 500 mil no bolso
Com as cinco medalhas obtidas em Tóquio, Santiago voltará para o Brasil como uma das atletas paralímpicas mais bem remuneradas nessa edição dos Jogos.
De acordo com os valores dos prêmios divulgados pelo Comitê Paralímpico Brasileiro, Santiago vai embolsar 160.000 reais por cada um dos três ouros, 32.000 reais pela prata e mais 32.000 reais pelo bronze.
No total, a atleta ganhará 544.000 reais em dinheiro, além do prestígio e, claro, das medalhas históricas.