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Pistorius atirou em namorada através da porta, diz promotor

O corredor paralímpico Oscar Pistorius colocou suas próteses nas pernas e caminhou pelo quarto antes de disparar quatro tiros através da porta trancada do banheiro

Oscar Pistorius durante o julgamento: "Se eu pego uma arma, caminho uma certa distância e mato uma pessoa, isso é premeditado", disse o promotor (Siphiwe Sibeko/Reuters)

Oscar Pistorius durante o julgamento: "Se eu pego uma arma, caminho uma certa distância e mato uma pessoa, isso é premeditado", disse o promotor (Siphiwe Sibeko/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2013 às 12h20.

Pretória - O corredor paralímpico Oscar Pistorius colocou suas próteses nas pernas e caminhou pelo quarto antes de disparar quatro tiros através da porta trancada do banheiro, matando a sangue frio sua namorada, que estava agachada, disse a promotoria numa audiência do caso, nesta terça-feira.

A modelo Reeva Steenkamp, de 30 anos, morreu após ser atingida três vezes, disse o promotor Gerrie Nel.

Pistorius, de 26 anos, chorou descontroladamente na corte enquanto Nel apontava os detalhes do crime que chocou a África do Sul e milhões de pessoas ao redor do mundo, que viram o atleta biamputado se tornar um herói nas pistas de atletismo e um símbolo da luta contra as adversidades.

"Se eu pego uma arma, caminho uma certa distância e mato uma pessoa, isso é premeditado", disse o promotor. "A porta está fechada. Não há dúvida. Eu ando sete metros e mato. O motivo é: 'eu quero matar'. É isso", acrescentou.

O funeral de Steenkamp também aconteceu nesta terça-feira na cidade de Port Elizabeth, onde houve manifestações de raiva contra Pistorius.


Mais tarde, em um depoimento juramentado lido pelo advogado de defesa Barry Roux, Pistorius disse que era "profundamente apaixonado" por Steenkamp, com quem estava namorando desde novembro, e que não teve a intenção de matá-la.

Pistorius disse que dormia com uma pistola 9mm debaixo da cama em sua casa em Pretória, no coração de uma comunidade fechada bem protegida, por ter recebido ameaças de morte anteriores.

Ele e Steenkamp foram dormir na noite de quarta-feira --véspera do Valentine's Day (Dia dos Namorados em alguns países do mundo, incluindo a África do Sul)-- pouco depois das 22h (horário local), contou ele.

No entanto, no meio da noite, ele acordou na escuridão e pensou que um intruso tinha subido através da janela do banheiro, segundo Pistorius.

Ele saiu da cama sem colocar as próteses nas pernas e foi em direção à porta do banheiro fechada, não percebendo que Steenkamp estava atrás dela, disse ele. Em seguida, disparou vários tiros na porta, antes de gritar para Steenkamp chamar a polícia.


Percebendo que ela não estava na cama, ele pegou um taco de críquete para derrubar a porta do banheiro e encontrou-a caída no chão.

"Estou absolutamente mortificado com a morte da minha amada Reeva", disse ele no depoimento. Enquanto Roux lia a declaração, Pistorius chorava incontrolavelmente, a ponto de o juiz Desmond Nair ter de interromper os procedimentos durante vários minutos.

"Você precisa se concentrar no que está acontecendo", disse o magistrado a ele.

"Um anjo"

A cerca de 1.000 quilômetros dali, no litoral sul da África do Sul, dezenas de pessoas se reuniram na cidade de Port Elizabeth para o funeral de Steenkamp. Em meio à dor, houve pouca simpatia por Pistorius.

"Ela era um anjo. Ela era tão suave, tão inocente. Uma pessoa adorável. É muito triste que isso possa acontecer com alguém tão boa", disse Gavin Venter, um ex-funcionário do pai de Steenkamp.


"Estou revoltado com o que ele fez. Ele deve ser tratado com severidade", acrescentou, pouco antes da cremação de Steenkamp no Crematório Victoria Park.

"Sem dúvida ele é um perigo para o público. Ele vai ser um perigo para as testemunhas. Ele deve ficar na cadeia."

Nike afasta Pistorius 

A prisão de Pistorius surpreendeu os milhões que assistiram no ano passado ao velocista nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Londres, correndo com "lâminas" de alta tecnologia de fibra de carbono.

Mas o impacto foi maior na África do Sul, onde Pistorius era visto como um herói raro que transcendeu a divisão racial que persiste 19 anos após o fim do apartheid.

Seus acordos de patrocínios, que incluem a gigante Nike, a empresa britânica de telecomunicações BT, a fabricante de óculos de sol Oakley e o designer francês Thierry Mugler, são avaliados em cerca de 2 milhões de dólares por ano.

Em seu depoimento, Pistorius disse que ganhava 5,6 milhões de rands (630.500 dólares) por ano, e tinha imóveis no valor de quase 1 milhão de dólares.

A Nike anunciou na segunda-feira que afastou Pistorius de quaisquer campanhas publicitárias futuras. Outros patrocinadores disseram que não tomarão decisões até que o processo legal termine.

Pistorius cancelou aparições agendadas no Brasil, Austrália e Grã-Bretanha nos próximos meses para se concentrar em sua tentativa de limpar seu nome.

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