Pelé exalta Banks e cita defesa histórica: "Não imaginava ser possível"
"Para muitas pessoas, a sua memória de Gordon Banks é definida pela defesa que fez contra mim em 1970... A defesa foi uma das melhores que eu já vi"
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de fevereiro de 2019 às 14h14.
Última atualização em 12 de fevereiro de 2019 às 14h20.
Londres - Goleiro do único título mundial da seleção da Inglaterra, em 1966, Gordon Banks também é muito lembrado por uma ação na Copa do Mundo seguinte, a de 1970. No jogo contra o Brasil, pela primeira fase, ele evitou um gol de cabeça de Pelé como uma defesa espetacular, considerada a maior da história do futebol.
Nesta terça-feira, com o falecimento da lenda do futebol inglês, Pelé o homenageou. O Rei do Futebol relembrou o lance e declarou que considerava impossível a bola ser defendida.
"Para muitas pessoas, a sua memória de Gordon Banks é definida pela defesa que fez contra mim em 1970. Entendo o porquê. A defesa foi uma das melhores que eu já vi - na vida real e em todos os milhares de jogos que eu já assisti desde então. Quando você é um jogador de futebol, você sabe logo o quão bem você acertou a bola. Cabeceei exatamente como esperava. Exatamente onde eu queria que fosse. E eu estava pronto para comemorar", escreveu Pelé, em seu perfil no Facebook, apontando que, quase 50 anos depois, ainda se surpreende com o lance.
"Mas então este homem, Banks, apareceu à minha vista, como um tipo de fantasma azul, que é como eu o descrevi. Ele veio do nada e fez algo que eu não imaginava ser possível. Ele empurrou o meu cabeceio, de alguma forma, para cima. E eu não consegui acreditar no que vi. Mesmo agora quando eu assisto, eu não consigo acreditar. Não acredito como ele se moveu até agora, tão rápido", acrescentou.
Apesar da histórica defesa de Banks, a seleção brasileira venceu aquela partida por 1 a 0, com um gol marcado por Jairzinho, na sua campanha do tricampeonato mundial. E Pelé, nesta terça-feira, afirmou que aquela defesa foi apenas o início da sua amizade com o goleiro inglês, o que o fez até "celebrar" posteriormente por não ter feito o gol naquele cabeceio.
"Marquei tantos gols na minha vida, mas muitas pessoas, quando me encontram, sempre me perguntam sobre essa defesa. Embora tenha sido de fato fenomenal, a minha memória de Gordon não é definida por isso, é definida pela sua amizade. Ele era um homem gentil e caloroso que dava tanto para as pessoas. Por isso, ainda bem que ele defendeu minha cabeçada - porque esse ato foi o início de uma amizade entre nós que eu sempre vou apreciar. Desde que nos conhecemos, sempre foi como se nunca tivéssemos estado separados", afirmou.
Exibindo seu carinho por Banks, Pelé também enviou suas condolências aos familiares do goleiro. "Tenho uma grande tristeza no meu coração hoje e mando condolências para a família que ele tinha tanto orgulho. Descanse em paz, meu amigo. Sim, você era um goleiro com magia. Mas você também foi muito mais. Você era um ótimo ser humano", concluiu.
Além de Pelé, outras personalidades do futebol também homenagearam Banks, que faleceu aos 81 anos por causas não reveladas. Conhecido por seus reflexos, o goleiro foi um dos jogadores mais reverenciados do futebol inglês, tendo sofrido apenas um gol nos cinco primeiros jogos da Copa do Mundo de 1966, vencida por sua seleção após derrotar a então Alemanha Ocidental por 4 a 2 na decisão, realizada no Estádio de Wembley.
Banks é o quarto membro do time titular da Inglaterra em 1966 a morrer, depois do capitão Bobby Moore, de Alan Ball e Ray Wilson. "Gordon foi um goleiro fantástico e tive orgulho em o chamar de companheiro de equipa", disse Bobby Charlton, através do Twitter do Manchester United. "Ele vai fazer muita falta".
A Fifa também exaltou Banks, publicando o vídeo da defesa após o cabeceio de Pelé. O goleiro participou no fim de 2017, no Kremlin, em Moscou, do evento do sorteio dos grupos da Copa do Mundo. "Como um dos melhores goleiros da história do futebol, Gordon não será só lembrado por suas atuações em campo, mas também como campeão e cavalheiro fora do campo", disse o presidente da Fifa, Gianni Infantino.