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Pelo meio ambiente, grife Patagonia começou a fazer comida e, agora, cerveja

Fundada em 1973, marca californiana se aliou a onze cervejarias artesanais para produzir lagers e companhia com o kernza, um grão que ajuda a diminuir as emissões de carbono

Cerveja de kernza feita em parceria com a Aslan Brewing Co. (Aslan Brewing Co./Divulgação)

Cerveja de kernza feita em parceria com a Aslan Brewing Co. (Aslan Brewing Co./Divulgação)

EXAME Solutions
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Publicado em 29 de janeiro de 2024 às 08h00.

“As pessoas compram uma jaqueta a cada poucos anos, mas comem várias vezes ao dia. Se vamos salvar o nosso planeta, precisamos começar com a comida”, costuma dizer o escalador e empresário americano Yvon Chouinard. Em 1973, na Califórnia, ela fundou a grife Patagonia, especializada em roupas e acessórios para atividades esportivas ao ar livre.

Em 2012, criou uma divisão da companhia, a Patagonia Provisions, que tem uma missão bem distinta: vender comida em prol do meio ambiente. Começou com um salmão, produzido de maneira responsável. Hoje, a divisão comercializa mais de 30 itens, de anchovas apimentadas em conserva até snacks orgânicos de cheddar vegano.

“Para mim, a Provisions é mais do que apenas um empreendimento comercial. É uma questão de sobrevivência humana”, escreveu Chouinard a respeito da divisão. “Acredito que a única revolução que provavelmente veremos será na agricultura, e quero fazer parte dessa revolução. Em seu esforço para maximizar eficiência e lucro, a agricultura industrial moderna depende de monoculturas, herbicidas e pesticidas tóxicos, fertilizantes sintéticos e de água em excesso”.

Para tentar reverter esse quadro, a Patagonia Provisions só vende alimentos produzidos por agricultores e pescadores que compartilham do mesmo ideal de Chouinard. Todos, sem exceção, fazem uso de práticas de produção regenerativas — que, em vez de esgotar os recursos do planeta, acabam restaurando-os.

Na sua última iniciativa, a marca se aliou a onze cervejarias artesanais para produzir cervejas com um grão chamado kernza. Com certificação orgânica regenerativa, ele se assemelha ao trigo. Desenvolvido pelo The Land Institute — ONG que estuda culturas alternativas, como grãos perenes e alternativos — tem sabor que remete a nozes e especiarias doces.

Grãos de kernza em campo experimental (Amy Kumler/Divulgação)

As enormes raízes do kernza penetram até 3,6 metros na terra, quase duas vezes mais que as do trigo convencional. Com isso, contribuem com a saúde do solo e extraem e armazenam mais carbono do que os cereais normalmente usados na produção de cerveja. Ele também permanece enraizado por vários anos, minimizando o replantio mecânico – e o uso de equipamentos que utilizam combustíveis fósseis.

A primeira cerveja que a Patagonia Provisions criou com o kernza é uma lager. A meta é produzir outras com onze cervejarias parceiras nos EUA. É o caso da Aslan Brewing Co, de Washington; da Sierra Nevada, da Califórnia; da Hopworks, do Oregon; e da Wilderness Brewing Co, do Arizona.

“Fazemos uma cerveja muito, muito boa”, declarou, em uma entrevista, Paul Lightfoot, gerente geral da Patagonia Provisions. “Com nossos produtos, não olhamos apenas o ambiental. Também tem que ser de alta qualidade”. Ele defende que a divisão que ele dirige é fundamental para a agenda em prol do meio ambiente traçada por Chouinard. “Com o nosso vestuário, talvez possamos ter impacto zero no planeta”, afirmou, na mesma entrevista. “Mas os alimentos podem ser cultivados com práticas agrícolas regenerativas – e podem melhorar ativamente as coisas.”

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