Voos: o bilhete especial te leva a 14 países. (Kai Pfaffenbach/Reuters)
Matheus Doliveira
Publicado em 30 de outubro de 2020 às 15h18.
Você já se imaginou fazendo uma viagem de volta ao mundo usando um único bilhete de avião? Esta é a proposta da "passagem de volta ao mundo" criada pela Star Alliance --- grupo que reúne diversas companhias aéreas de todo o mundo. O ticket, que pode tanto ser pago em dinheiro quanto em milhas, dá ao viajante a possibilidade de escolher 14 países de qualquer continente.
O preço da aventura é salgado: sai em torno de 39 mil reais por pessoa na classe econômica ou 78 mil reais na executiva. A boa notícia é que também dá para comprar a passagem usando milhas. Em uma simulação com os pontos da TAP, companhia conhecida dos brasileiros, o bilhete sairia por 250 mil milhas na econômica ou 350 mil na executiva.
Montar o roteiro é o que requer mais atenção, isso porque ele precisa iniciar pelo
Oceano Atlântico ou Pacífico e seguir um sentido circular, ou seja, não é possível
retornar a um destino anterior. Se você sair de São Paulo com destino aos Estados
Unidos, sua segunda parada não pode ser retornar para a Colômbia, por exemplo.
O bilhete dá o direito de escolher até 10 países diferentes e mais 4 Open Jaw, o famoso bilhete "boca
aberta", que é quando você entra por um país e sair por outro --- algo muito comum na
Europa ---, totalizando assim 14 destinos.
Além do número de países que você pode entrar, o roteiro tem uma limitação de milhas a serem percorridas, por isso, traçar uma estratégia ao montar a viagem é essencial. “Você precisa encaixar a distância máxima a ser percorrida com a disponibilidade de voos para a data que você quer. A econômica, por exemplo, tem uma maior quantidade de voos disponíveis para a 'passagem de volta ao mundo' do que na executiva, por isso, sempre tenha países de plano B para recorrer e claro, você também terá os 4 opening-hours para usar”, explica o especialista em milhas Rodrigo Góes, autor
do livro "O mapa para acumular 1 milhão de milhas".
No site da Star Alliance, é possível fazer uma simulação dos valores em dinheiro e milhas
e também traçar rotas de possíveis roteiros. As questões referentes à vistos, documentação e vacinas seguem as mesmas de uma viagem normal. “Comprar essa passagem não te isenta de precisar ter os vistos exigidos para os países que você pretende ir e também as taxas de embarque que são pagas à
parte. Além do seguro saúde, que pode ser comprado abrangendo todos os locais pelos
quais passará, ou usar o do cartão de crédito”, ressalta o especialista.
Góes se prepara para realizar esta aventura na companhia da esposa e da filha. “A gente sempre gostou de viajar, mas desde que a Maya nasceu ouvimos muito que isso não seria possível mais. Queremos mostrar o contrário, mas sem omitir os perrengues, claro, e aproveitar para conhecer os destinos que ainda não fomos”, explica. Para criar o roteiro, que deve passar por locais como Canadá, Japão e Austrália, o especialista priorizou climas semelhantes e estrutura hospitalar, caso seja necessário.
O uso do bilhete, no entanto, depende das condições epidemiológicas. Isso porque para além de viagens não essenciais não serem recomendadas neste momento, diversos países ainda estão com restrições para a entrada de turistas. "Sabemos que o fato de que podermos viajar não quer dizer que a Pandemia acabou. A reabertura é positiva nesse para o turismo que sangrou muito, porém pede cuidado redobrado e mais planejamento do que antes", diz Góes, que planeja sua viagem para setembro de 2021.