Estádio vazio: jogo entre Valencia e Atalanta também aconteceu a portas fechadas na terça-feira, 10 (UEFA/Handout/Reuters)
Victor Sena
Publicado em 11 de março de 2020 às 06h53.
Última atualização em 11 de março de 2020 às 06h54.
São Paulo — Nenhum torcedor pagará ingresso, consumirá comidas e bebidas e nem comprará qualquer souvenir do Paris Saint Germain no Parque dos Príncipes, em Paris, no jogo contra o Borussia Dortmund, nesta quarta-feira, 11. Como medida de prevenção ao surto de coronavírus, o departamento de polícia parisiense proibiu a presença de público na partida de volta das oitavas de final da Champions League. O prejuízo estimado com a medida é de 5 milhões de euros.
Até ontem, a França havia registrado 1.606 casos de infecção por coronavírus, com 30 mortes, e a decisão de fechar os jogos foi tomada para evitar aglomerações. Nesta rodada da Champions, o confronto entre Valencia e Atalanta, na Espanha, também foi disputado ontem sem torcida local. Na Itália, onde há mais de 10.000 casos confirmados de Covid-19, o país foi além e suspendeu de vez o campeonato nacional até 3 de abril. Além da Espanha e da França, Portugal também decidiu estabelecer a regra de arquibancadas vazias para campeonatos locais e internacionais.
Os jogos se adicionam à longa lista de eventos cancelados ou alterados devido à epidemia de coronavírus. Empresas como Google e Facebook cancelaram alguns de seus maiores eventos. O SXSW, uma das maiores conferências de inovação do mundo, também foi cancelado. Na terça-feira, também nos Estados Unidos, os pré-candidatos democratas Joe Biden e Bernie Sanders cancelaram comícios para multidões por causa do vírus. Até uma conferência em Nova York intitulada "fazendo negócios sob o coronavírus" precisou ser cancelada por causa do próprio coronavírus, como reporta a agência Bloomberg.
Nos esportes, o futebol não é a única modalidade afetada. A Fórmula 1 anunciou que o Grande Prêmio do Bahrein será disputado a portas fechadas, e adiou o Grande Prêmio da China, que seria disputado em abril. A maratona de Tóquio foi restringida a corredores de elite. Por fim, os próprios Jogos Olímpicos de Tóquio são questionados: embora o Comitê Olímpico Internacional diga que seguirão acontecendo em julho, há a possibilidade de os atletas competirem sem torcida.
Clubes e federações esportivas devem ter grandes impactos econômicos diretos e indiretos caso perdurem por muito tempo os cancelamentos ou jogos sem torcida. Na F1, por exemplo, o faturamento com ingressos em um único GP passa de meio milhão de dólares, além da receita por consumo no local e outros itens.
O presidente da liga inglesa de futebol, Mark Catlin, disse à rede de TV britânica BBC que jogos sem torcida teriam efeito "devastador" para os clubes, sobretudo para os pequenos, que dependem de ingressos e faturamento em estádios e não ganham tanto com direitos de televisão. Os jogos na Inglaterra ainda estão acontecendo com torcida, mas Catlin afirmou que, caso haja alguma proibição, as perdas poderiam chegar a 500.000 libras para os clubes até o fim da temporada.
Para o Paris Saint Germain, além dos 5 milhões perdidos nesta quarta-feira, será a primeira vez que o time não terá o apoio de seus torcedores. A equipe precisa tentar, sem eles, compensar a derrota por 2 a 1 para o Borussia no jogo de ida. Seria a chance de o clube se redimir ante ao cenário de 2019, quando o PSG foi desclassificado nas oitavas pelo Manchester United. Mas, desta vez, a torcida não estará lá para comemorar caso isso aconteça.