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Oscar 2024: Cillian Murphy conquista estatueta de melhor ator; conheça o artista

O ator irlandês recebeu o primeiro Oscar de sua carreira e dedicou o prêmio a todos os pacifistas que lutam para manter a paz no mundo

Oscar 2024: conheça o trabalho de Cillian Murphy (Kevin Winter/Getty Images)

Oscar 2024: conheça o trabalho de Cillian Murphy (Kevin Winter/Getty Images)

Luiza Vilela
Luiza Vilela

Repórter de POP

Publicado em 11 de março de 2024 às 08h18.

Última atualização em 11 de março de 2024 às 08h44.

O sonho se concretizou: a 96ª edição do Oscar aconteceu no último domingo, 10, e consagrou "Oppenheimer", o grande favorito, como o melhor filme de 2023. Foram sete estatuetas para o longa sobre a bomba atômica, que havia recebido 13 indicações, incluindo a de melhor ator para Cillian Murphy.

Além do protagonista, também levaram estatuetas Christopher Nolan, pelo trabalho na direção, e Robert Downey Jr., como ator coadjuvante. Nas categorias técnicas, o longa conquistou estatuetas em trilha sonora, montagem e fotografia.

Com a decisão da Academia, Murphy, que teve seis meses para se preparar para o papel como J. R. Oppenheimer, se consagrou como um dos maiores atores de Hollywood. O Oscar foi o primeiro de sua carreira, recebido de sua também primeira indicação ao prêmio.

"Estrelar em 'Oppenheimer' foi a jornada mais selvagem, mais emocionante e mais criativamente satisfatória que você me levou nos últimos 20 anos. Devo a você mais do que posso dizer", agradeceu o ator diretamente a Christopher Nolan. 

Além de agradecer o diretor e o elenco, Murphy também dedicou o prêmio aos pacifistas. "Sou um irlandês muito orgulhoso por estar aqui esta noite. Fizemos um filme sobre o homem que criou a bomba atômica e, para o bem e para o mal, continuamos a viver no mundo de Oppenheimer. Gostaria de dedicar este filme aos que trabalham pela paz em todo o mundo”, finalizou o ator.

Quem é Cillian Murphy?

Por trás dos personagens frios e calculistas, Cillian Murphy apresenta uma personalidade carismática, pai e marido dedicado à família, apesar do perfil mais discreto e distante dos holofotes.

O ator irlandês parece carregar uma personalidade semelhante aos personagens dramáticos que interpreta. Mas está muito longe disso: fora das telas, gosta de fazer piadas e é simpático com fãs e jornalistas.

Apesar de manter a vida pessoal fora das câmeras, Cillian já revelou em algumas entrevistas que mantém um ótimo relacionamento com a esposa, Yvonne McGuinnesse, com quem é casado desde 2004, e os dois filhos, Malachy (17 anos) e Carrick (16 anos). Eles moram em Dublin, na Irlanda. Embora católico e batizado na Igreja, ele considera ateu.

Cillian mantém certa distância do estrelismo de Hollywood e é conhecido por ser mais reservado quanto sua vida pessoal. Como já relatou em diversas entrevistas, costuma viajar sem comitiva e prefere ir sozinho às estreias de filmes. Também afirmou que não tem estilista pessoal ou publicitário.

Cillian Murphy e o diretor Neil Jordan em premiere na Irlanda. (Haydn West/WireImage/Getty Images)

Antes do cinema

Natural da cidade de Cork, na Irlanda, Cillian é o mais velho de quatro irmãos. A mãe era professora de francês e o pai trabalhava para o Departamento de Educação e Habilidades na Irlanda.

Apaixonado pela música, quando atingiu a maioridade, foi estudar direito na University College Cork, mas largou o estudos um ano depois para se dedicar à carreira musical e artística. Ele tocava guitarra e piano desde criança e tinha o sonho de se tornar um astro do rock.

"Eu provavelmente seria mais saudável se tivesse insistido em direito, mas seria miserável", afirma ele em entrevista ao The Guardian. Na adolescência, o ator chegou a ter uma banda com o irmão, chamada Sons of Mr. Greengenes, mas o projeto durou pouco tempo. "Meus pais ficaram aterrorizados com a ideia de perder os filhos para o monstro do rock ‘n’ roll”, brinca ele.

Seus projetos para uma carreira musical, dessa forma, foram sendo deixados de lado. Em entrevista à The Famous People, Murphy afirmou que depois de ver a peça de teatro "A Clockwork Orange", dirigida por Kiernan, sua atenção ficou mais voltada para a carreira como ator. "Foi um momento importante da minha vida", destaca ele ao portal.

Carreira no teatro

Os primeiros papéis como ator foram em peças de teatro. Ele chegou a atuar em espetáculos menores, em "Observe the Sons of Ulster Marching Towards the Somme" e "Little Shop of Horrors", no entanto, seu primeiro papel de peso foi em 1996, em "Disco Pigs", de Enda Walsh.

O talento, a partir dali, ficou claro e a carreira de Cillian começou a decolar. Depois do trabalho de Walsh, o ator interpretou personagens nas peças "Much Ado About Nothing" de Shakespeare (1998), "The Country Boy" e "Juno and the Paycock" (ambos de 1999), entre muitos outros.

Cillian Murphy em evento da Dior. (Nicky J Sims/Getty Images)

Cinema e televisão

Em 1999, conquistou seu primeiro papel no cinema como Davin em "Sunburn". E dele se seguiram outras participações menores, como em "On the Edge" (2001) e, mais tarde, "Watchmen" (2001), onde atuou como roteirista.

O primeiro trabalho de peso no cinema veio em 2002, para o filme "28 Days Later". Por sua interpretação como Danny Boyle, foi indicado na categoria de Melhor Revelação no Empire Awards (2003) e Melhor Revelação Masculina no MTV Movie Awards (2004).

A partir de 2005, seus papéis começaram a se tornar mais emblemáticos e complexos. Em "Batman Begins", sua interpretação do Dr. Jonathan Crane rendeu a ele uma indicação na categoria de Melhor Vilão no MTV Movie Awards (2006) e fez os olhos do diretor Christopher Nolan brilharem.

Cillian havia sido originalmente convidado a atuar como Batman, mas destacou que seu porte físico e altura não eram compatíveis como super-herói. Na época, Nolan chegou a dizer, em entrevista à revista "Spin", que o olhar do ator era tão impactante que "eu sempre tentava inventar desculpas para ele tirar os óculos em close-ups".

Depois de "Batman Begins", Cillian estava oficialmente reconhecido no cinema, bem como aclamado pela crítica. O The New York Times o classificou como o vilão perfeito para o Batman, no mesmo ano em que o The New Yorker o descreveu como "ator que tem uma aparência angelical e pode se tornar sinistra, é um dos monstros mais elegantemente sedutores dos filmes recentes".

De 2005 para cá, Cillian faz parte de grandes filmes da história do cinema, como "Café da Manhã em Plutão" (2005), "Cavaleiro das Trevas" (2008), "A Origem" (2010), "Misterman" (2012),  "No Coração do Mar" (2015) e tantos outros.

Os trabalhos como ator de cinema e teatro renderam a ele um Ourense Independent Film Festival Award como Melhor Ator (2002), por "Disco Pigs"; um GQ UK Award como Ator do Ano e Irish Film & Television Award como Melhor Ator em um papel principal (2007) por "The Wind That Shakes the Barley" e "Café da Manhã em Plutão", respectivamente, e um Irish Times Theatre Award como Melhor Ator e um Drama Desk Award como Melhor Desempenho Solo  (2012) por seu trabalho em "Misterman".

Cillian Murphy nunca foi indicado ou vencedor de um Oscar. A atuação em "Oppenheimer" (2023), segundo críticos e especialistas, pode ser sua primeira chance real.

"Peaky Blinders" e o fenômeno de Thomas Shelby

Apesar de ter feito um imenso sucesso nas obras de Christopher Nolan, foi a série "Peaky Blinders" da BBC One e Netflix, que realmente o deixou famoso.

Pelo papel como Thomas Shelby, Cillian Murphy recebeu dois prêmios: como Melhor Ator em papel principal pelo Irish Film & Television Award, em 2018, drama e Melhor Performance em drama, em 2020, pelo National Television Awards.

"Peaky Blinders" tem seis temporadas e está disponível na Netflix.

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