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Organizadores das Olimpíadas pedem calma diante de catástrofes naturais

O Japão se encontra no 'cinturão de fogo' do Pacífico, um arco de atividade sísmica intensa que se estende do sudeste asiático pelo grande oceano

Escultura com os aros olímpicos. (SHINGO ITO/AFP)

Escultura com os aros olímpicos. (SHINGO ITO/AFP)

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AFP

Publicado em 12 de julho de 2021 às 12h24.

O coronavírus talvez seja o principal risco para os Jogos Olímpicos de Tóquio, mas os organizadores japoneses também enfrentam outro sério perigo: as catástrofes naturais.

O Japão é frequentemente abalado por terremotos e tufões, o que leva especialistas a alertarem que esta questão, diante de um evento de grande magnitude como os Jogos Olímpicos (23 julho-8 agosto), não deve ser deixada em segundo plano.

"Para os organizadores, as medidas (sanitárias) são um desafio urgente", admite Hirotada Hirose, especialista no estudo de riscos de catástrofes.

"Mas os riscos de um grande terremoto não devem ser esquecidos quando os Jogos Olímpicos acontecem no Japão", disse à AFP Hirose, professor emérito da Woman's Christian University de Tóquio.

O Japão se encontra no 'cinturão de fogo' do Pacífico, um arco de atividade sísmica intensa que se estende do sudeste asiático pelo grande oceano. O arquipélago também possui vários vulcões ativos e é frequentemente atingido por tufões, cuja temporada alcança seu máximo em agosto-setembro.

Tóquio e suas redondezas estão na união de placas tectônicas em movimento e alguns especialistas alertam para um 'Big One' - um grande terremoto que pode ocorrer a qualquer momento.

O Japão, portanto, segue regulamentos de construção bastante rígidos para que seus edifícios possam resistir a choques fortes.

Antes do adiamento dos Jogos Olímpicos no ano passado, foram organizados exercícios em grande escala para coordenar a resposta a um terremoto que afetaria em cheio a baía de Tóquio.

"Mantenham a calma e protejam-se!", dizia uma mensagem em japonês e inglês. "Agir em pânico pode levar ao perigo", afirmava.

Os organizadores dos Jogos afirmam que prepararam planos de emergência para diversas catástrofes naturais, "priorizando a segurança dos indivíduos afetados".

Os riscos são reais, estima Toshiyasu Nagao, especialista em estudos de previsão de terremotos do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Oceânico da Universidade de Tokai.

"Não seria uma surpresa se um grande terremoto atingisse diretamente a capital amanhã", afirmou à AFP.

Um pouco angustiante

Sete terremotos de magnitude 6 ou mais golpearam o Japão desde o início deste ano, incluindo um de 7.3 em fevereiro e outro em março com alerta de tsunami.

O Japão ainda guarda o trauma do terremoto e tsunami de 2011 (mais de 18.500 mortes), que provocou a catástrofe nuclear de Fukushima.

Segundo o governo local de Tóquio, as instalações olímpicas permanentes da capital possuem tecnologias de última geração. Por exemplo, a sede de vôlei de Ariake está equipada com 'almofadas' gigantes de borracha que absorvem os choques e podem servir de abrigo.

As instalações em frente ao mar, incluindo a Vila Olímpica, estão construídas sobre aterros ou estão protegidas por barragens capazes de resistir a um tsunami, segundo as autoridades.

A pandemia simplificou eventuais evacuações, já que os Jogos Olímpicos serão disputados praticamente a portas fechadas. De qualquer forma, cerca de 70.000 atletas, dirigentes, treinadores e jornalistas estarão presentes em Tóquio para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

Entre os planos de emergência estão a limitação de espaço nos abrigos para evitar aglomerações e o armazenamento de máscaras e desinfetantes.

"A gestão da evacuação pode estar em contradição com as medidas (anticovid)", alerta Sakiko Kanbara, professor e especialista em catástrofes na Universidade de Kochi.

A preparação para as situações de emergência é algo profundamente enraizado na vida dos japoneses e Tóquio dispõe de vários centros de simulação de catástrofes, onde os visitantes podem viver as sensações de um terremoto artificial e treinar sobre o que fazer num simulacro.

Em uma visita recente ao centro de Ikebukuro, o professor de inglês Mike Diakakis disse que achava "um pouco angustiante" a recriação de um terremoto sofrido por Tóquio neste mesmo ano.

"Você realmente não pensa nisso até vivê-lo", afirmou.

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