Projeto incomodou muita gente e ficou entre os tópicos brasileiros mais mencionados no Twitter (inner_vision/Flickr)
Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2014 às 14h43.
São Paulo – Para incentivar os jovens a ler as obras dos principais autores da literatura brasileira, uma escritora criou um projeto controverso. De acordo com o jornal Folha de São Paulo, Patrícia Secco lançará em junho uma versão do livro “O Alienista”, de Machado de Assis, com linguagem mais fácil, frases diretas e palavras comuns.
O plano abarca trabalhos de outros grandes autores, como José de Alencar, cujo livro “A Pata da Gazela” também será lançado em junho. A verba para colocar a ideia em prática veio de patrocínio da lei de incentivo, com autorização do Ministério da Cultura.
Se Patrícia conseguir captar mais dinheiro, outros títulos poderão ser “mastigados”, como “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, e “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manuel Antônio de Almeida.
Segundo a Folha, ela alega que, apesar de a linguagem ser descomplicada, o estilo dos autores não será modificado. Os 600 mil exemplares dos livros que sairão no próximo mês devem ser distribuídos gratuitamente pelo Instituto Brasil Leitor.
Mesmo com a intenção de popularizar a leitura, a ideia gerou polêmica nas redes sociais. No Twitter, o tema foi parar nos “trending topics” do Brasil, nesta segunda-feira, com alguns defensores e muitos críticos ferrenhos.
Entre os defensores, o argumento é de que o gosto pela leitura poderá ser estimulado. Já quem não gostou da ideia afirmou que adaptar uma obra dessa forma não aprimora os conhecimentos do leitor, que pode recorrer ao dicionário, e ainda prejudica o trabalho do autor original.
A gente, me poupe... Simplicar machado de Assis ao invés de ensinar a usar um dicionário é cilada!
— BRUBS (@bruhgontijo) 5 maio 2014
uma pena isso do Machado de Assis, ó, sinceramente. eu tenho pena e medo do que vai ser da galere mais nova daqui pra frente.
— artur castilho (@ferrugemverde) 5 maio 2014
Nivelamento por baixo. Lesa-literatura. Leiam isto de novo (http://t.co/UdphPkwJXz) e reprisem aqui a grita iniciada no Facebook.
— Sérgio Augusto (@SergiusAugustus) 5 maio 2014
Essa história da simplificação do livro do Machado de Assis me lembra um dos melhores e ignorados filmes de nossa época: Idiocracy.
— Thales Martins (@thethales) 5 maio 2014
Se uma pessoa não sabe o que é "sagacidade", ela não precisa da simplificação de Machado de Assis: precisa de um dicionário. Simples assim.
— Léo Rabelo (@leonardo_rabelo) 5 maio 2014
Machado de Assis me dá um certo trauma, primeira vez que fui ler tinha 8 anos, não entendi nada, fiquei triste achando que era burro...
— Lořřan (@brennolorran) 5 maio 2014