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"O Impossível" reconstitui tragédia do tsunami de 2004

Filme do diretor catalão Juan Antonio Bayona se inspira no drama de uma família espanhola durante o tsunami que devastou a costa asiática em 2004

Cena de O Impossível: Bayona vai além do registro e traz à tela uma história humanista de sobrevivência sem perder a tensão (Reprodução)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2012 às 08h25.

São Paulo - Embora a roupagem aponte para mais um filme-catástrofe, "O Impossível" é uma obra contundente do diretor catalão Juan Antonio Bayona (de "O Orfanato") com base no tsunami que devastou a costa asiática em 2004, deixando mais de 230 mil mortos.

Inspirado no drama de uma família espanhola (no filme, britânica) que passava férias na Tailândia, Bayona vai além do registro e traz à tela uma história humanista de sobrevivência sem perder a tensão.

Maria (Naomi Watts, indicada por este papel ao Globo de Ouro de melhor atriz em drama) e Henry (Ewan McGregor) descansam tranquilamente com seus três filhos, Lucas (Tom Holland), Thomas (Samuel Joslin) e Simon (Oaklee Pendergast), em um paradisíaco resort à beira-mar. Pouco depois estão lutando pela própria vida, ao serem arrastados por ondas de até 30 metros de altura por onde antes existiam ruas, lojas e hotéis.

Nesse ponto é possível dividir o filme em três grandes partes. A primeira é esta, em que os efeitos especiais e a técnica da produção falam mais alto e o espectador acompanha a força destruidora do tsunami em si. Imagens rápidas, com movimentos aleatórios sob a superfície e tentativas de emergir das águas. Quando se vê Maria agarrada ao topo de um coqueiro submerso, aterrorizada, percebe-se a gravidade do que está acontecendo.

Em um segundo ponto é o esforço de sobrevivência de Maria e seu filho Lucas, seja durante o maremoto, seja para encontrar socorro quando a água baixa. Um trabalho delicado, mas não menos poderoso da dupla Watts e Holland, ao mostrar que as feridas emocionais eram, naquela hora, tão dolorosas quanto as graves lesões físicas.


Por fim, o drama pós-catástrofe, em que os personagens buscam não apenas seus familiares sobreviventes como também um pouco de sentido sobre o seu próprio destino. O rompante de desespero de Henry ao confessar a um parente na Inglaterra --com quem fala por meio de um celular emprestado-- que não tem ideia de onde está sua família, ou mesmo como encontrá-la, aflige não pela impotência, mas pela sinceridade com que McGregor transmite um sentimento real.

De forma integral, o catalão Juan Antonio Bayona entrega um filme forte, tenso e bem produzido, que, amparado por um elenco afiado, envolve e emociona.

Embora a dramatização da cena de destruição do tsunami já tenha sido retratada no filme de Clint Eastwood, "Além da Vida" (2010), esta produção espanhola vai além, ao mostrar que edifícios podem ser reconstruídos, ferimentos sanados, mas uma tragédia como esta é um ponto de ruptura forte demais para ser reparado.

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São Paulo - Embora a roupagem aponte para mais um filme-catástrofe, "O Impossível" é uma obra contundente do diretor catalão Juan Antonio Bayona (de "O Orfanato") com base no tsunami que devastou a costa asiática em 2004, deixando mais de 230 mil mortos.

Inspirado no drama de uma família espanhola (no filme, britânica) que passava férias na Tailândia, Bayona vai além do registro e traz à tela uma história humanista de sobrevivência sem perder a tensão.

Maria (Naomi Watts, indicada por este papel ao Globo de Ouro de melhor atriz em drama) e Henry (Ewan McGregor) descansam tranquilamente com seus três filhos, Lucas (Tom Holland), Thomas (Samuel Joslin) e Simon (Oaklee Pendergast), em um paradisíaco resort à beira-mar. Pouco depois estão lutando pela própria vida, ao serem arrastados por ondas de até 30 metros de altura por onde antes existiam ruas, lojas e hotéis.

Nesse ponto é possível dividir o filme em três grandes partes. A primeira é esta, em que os efeitos especiais e a técnica da produção falam mais alto e o espectador acompanha a força destruidora do tsunami em si. Imagens rápidas, com movimentos aleatórios sob a superfície e tentativas de emergir das águas. Quando se vê Maria agarrada ao topo de um coqueiro submerso, aterrorizada, percebe-se a gravidade do que está acontecendo.

Em um segundo ponto é o esforço de sobrevivência de Maria e seu filho Lucas, seja durante o maremoto, seja para encontrar socorro quando a água baixa. Um trabalho delicado, mas não menos poderoso da dupla Watts e Holland, ao mostrar que as feridas emocionais eram, naquela hora, tão dolorosas quanto as graves lesões físicas.


Por fim, o drama pós-catástrofe, em que os personagens buscam não apenas seus familiares sobreviventes como também um pouco de sentido sobre o seu próprio destino. O rompante de desespero de Henry ao confessar a um parente na Inglaterra --com quem fala por meio de um celular emprestado-- que não tem ideia de onde está sua família, ou mesmo como encontrá-la, aflige não pela impotência, mas pela sinceridade com que McGregor transmite um sentimento real.

De forma integral, o catalão Juan Antonio Bayona entrega um filme forte, tenso e bem produzido, que, amparado por um elenco afiado, envolve e emociona.

Embora a dramatização da cena de destruição do tsunami já tenha sido retratada no filme de Clint Eastwood, "Além da Vida" (2010), esta produção espanhola vai além, ao mostrar que edifícios podem ser reconstruídos, ferimentos sanados, mas uma tragédia como esta é um ponto de ruptura forte demais para ser reparado.

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