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'O brasileiro vê a Chandon para além da Europa', diz Arnaud De Saignes, presidente da marca

Em conversa à Casual EXAME, o executivo contou sobre o mercado brasileiro, as estratégias globais da marca e destacou como o espumante produzido no Brasil é percebido pelos consumidores

Casa Chandon em Garibaldi (RS). (@pridiabr @ju /Divulgação)

Casa Chandon em Garibaldi (RS). (@pridiabr @ju /Divulgação)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 20 de dezembro de 2023 às 15h20.

Última atualização em 21 de dezembro de 2023 às 13h52.

Há 50 anos, a Chandon desembarcava no Brasil para começar sua investida com espumantes nacionais. Em Encruzilhada do Sul, a 170 quilômetros de Porto Alegre, estão 120 hectares plantação da Chandon. Já em Garibaldi, está a Casa Chandon Garibaldi, espaço que apresenta a marca brasileira aos visitantes. Foi neste espaço que Arnaud De Saignes, presidente da Chandon, esteve para a reabertura do espaço e evento de comemoração de 50 anos da empresa no país. Com 27 anos na Moët Hennessy, De Saignes ingressou na Chandon em 2019 e desde julho deste ano está na presidência das seis filiais da Chandon pelo mundo: Argentina, Austrália, Brasil, China, Estados Unidos e Índia.

Em conversa a Casual EXAME, o executivo contou sobre o mercado brasileiro, as estratégias globais da marca e destacou como o espumante produzido no Brasil é percebido pelos consumidores.

Vemos a Europa enfrentando dificuldades na produção de vinhos devido às mudanças climáticas. Com isso, o Brasil pode ser um mercado-chave para vinhos espumantes?

Dizemos na Chandon que fazemos vinhos espumantes excepcionais em terras inesperadas. Então o que é interessante é que, onde quer que você vá, temos condições climáticas diferentes. Então, por exemplo, na Califórnia são cerca de 280 dias de sol. Já a Austrália é muito molhada. Na China, há um inverno muito frio, onde temos que enterrar as parreiras no inverno para que não congelem porque está 25ºC negativos. Na Índia há as monções, e em vez de cultivar duas vezes ao ano, conseguimos fazer apenas uma área de colheita e colhemos no inverno.

No Brasil, obviamente, é interessante porque estamos na área mais fria do país, temos muita chuva e frio, mas muitos dias de sol, o que é ótimo. Precisamos de sol para o amadurecimento e acidez no vinho para a fermentação. Então temos muito conhecimento ao redor do mundo, o que é nos traz muito aprendizado.

O Brasil é a terceira vinícola que criamos, primeiro surgiu a Chandon na Argentina, em 1959 e na Califórnia. Por aqui, temos uma marca forte, fazemos produtos lindos e vemos que o potencial de mercado é muito grande.

Arnaud De Saignes, presidente da Chandon. (@pridiabr @ju /Divulgação)

O que há no terroir brasileiro que atraiu a Chandon há 50 anos?

Muitos vinhos no Brasil são espumantes, é como se Garibaldi fosse a capital dos espumantes no país. Acho que fizemos um bom trabalho ao longo dos anos e achamos que o Brasil tem um grande potencial para crescer. Temos sorte porque aprendemos com os franceses no início, com especialistas da região Champanhe, mas através da rede da Chandon, aprendemos a melhorar e incorporar mais técnicas. O espumante brasileiro é realmente único, com o savoir-faire do espumante que expressamos em cada terroir.

Com isso, acredita que os espumantes produzidos no Brasil poderão ser exportados em algum momento?

Por que não? Há um mundo de possibilidades. Acho que já aconteceu a exportação do savoir-faire do Brasil. Quando eu experimentei o espumante Passion fiquei pensando quando conseguiria levar para a França.

Há muito potencial, criatividade e inovação no Brasil. Aqui, por exemplo, é o único lugar onde fazemos espumante com a variedade riesling itálico. Há tanta criatividade na gastronomia, na arquitetura, no design de interiores no país que também queremos exportar isso. Então estamos muito confiantes em relação ao Brasil.

Há vários perfis de consumidores no Brasil. Quais são as estratégias da Chandon para crescer no mercado interno?

Estamos enraizados aqui e nosso produto é feito localmente. Com isso, há uma melhor compreensão da cultura do consumidor. Acho que é assim que você dá vida à marca, com inovação na paixão pelo produto. Além disso, há uma valorização crescente do vinho espumante, para ser consumido em novas ocasiões.

O consumidor brasileiro vê a Chandon como uma marca europeia?

Acho que o brasileiro vê a Chandon para além da Europa. Para elaborar espumantes aprendemos com a tradição, mas acho que fomos além, aprendemos a experiência com Champanhe, mas depois trabalhamos com paixão, trabalhando em novos produtos, aprendendo sobre certas variedades de uvas. Isso nos ajudou a nos abrir.

Você precisa de experiência e tradição, mas acho que o interessante é que a Chandon foi além e criou sua própria assinatura em vinho espumante. Trazemos vinhos realmente únicos e não só porque somos bons no Brasil ou na Argentina. Somos bons o suficiente.

A Chandon completou 50 anos. Como a marca se vê nos próximos cinco a dez anos?

Nossa missão é continuar a criar vinhos excepcionais. Temos responsabilidade em manter a qualidade, melhorar nossas práticas de sustentabilidade e nosso impacto no meio ambiente. Acho que também é uma conexão mais direta com o consumidor. Fizemos a Casa Chandon, que é uma forma de trazer a história da Chandon para perto dos consumidores. Quando começamos com a Casa Chandon, poucos sabiam que o espumante era feito no Brasil. Queremos continuar fazendo lindos vinhos com assinatura mais responsável.

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