Edificio Lina Bo Bardi e Edificio Pietro Maria Bardi. (Leonardo Finotti/Divulgação)
Repórter de Casual
Publicado em 27 de novembro de 2024 às 11h23.
Por muitos anos, quem passava pela Avenida Paulista podia observar o prédio em obras ao lado do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). O segundo edifício do museu, nomeado Pietro Maria Bardi em homenagem ao primeiro diretor artístico do museu, acaba de ser concluído, e será inaugurado em março.
O novo prédio de 14 andares e 7.821 metros quadrados, somado à recente concessão do belvedere conhecido como vão livre, representa um expressivo crescimento da instituição, que dobra a sua área de atuação de 10.485 metros quadrados para 21.863 metros quadrados a partir de março de 2025. “O MASP cresceu e ficou maior que seu edifício. Alargar as fronteiras era necessário”, diz Heitor Martins, diretor-presidente, MASP.
Segundo Martins, “este é um momento histórico para a instituição e para a cidade de São Paulo. São dois edifícios que formam um único museu. O edifício Pietro, junto às atividades públicas no vão livre e os generosos espaços do prédio histórico, formam um conjunto que marca uma nova fase do MASP, que se torna ainda mais inclusivo, diverso e plural”.
O novo edifício do MASP aumenta em até 66% seus espaços expositivos. São cinco novas galerias para exposições, duas áreas multiuso, salas de aula, laboratório de conservação, área de acolhimento, restaurante e café, além de depósitos e docas para carga e descarga de obras de arte.
Iniciada em 2019, a construção do novo prédio foi totalmente financiada por doações de pessoas físicas, sem uso de leis de incentivo. "Foram doados 250 milhões de reais para a construção deste edifício. O sucesso da captação também é resultado de um modelo de gestão implantado no MASP há 10 anos, que trouxe para a instituição sustentabilidade financeira, transparência e profissionalismo”, diz Alfredo Egydio Setubal, presidente do Conselho, MASP.
O projeto arquitetônico é liderado pela METRO Arquitetos Associados, dos sócios Martin Corullon e Gustavo Cedroni, com participação de Júlio Neves no projeto legal.
Para a METRO, era importante evitar grandes composições na fachada para estabelecer uma relação harmoniosa com o edifício histórico. “Apostamos em um visual limpo, uma fachada homogênea, para não criar ruídos nessa relação. Ao mesmo tempo, o design monolítico, inspirado nas tipologias dos museus verticais, como os de Nova York, se destaca no entorno, conferindo-lhe um caráter próprio”, afirma Corullon.
Um dos principais diferenciais é o revestimento em chapas metálicas perfuradas e plissadas, uma solução que controla a incidência de luz natural e reduz o aquecimento interno. Essa fachada metálica funciona como uma “pele” protetora, que diminui a carga térmica e aumenta a eficiência energética do edifício, aliviando o sistema de climatização.
As estruturas preexistentes no local, como as fundações do edifício Dumont-Adams, projetado e construído na década de 1950, foram reaproveitadas.
Enquanto a fachada de vidro do edifício original cria uma continuidade visual entre o interior do museu e a Avenida Paulista, o novo projeto propõe um jogo de luz e sombra. Ao entrar no Pietro, o visitante poderá observar a cidade e o próprio edifício Lina por meio de amplas aberturas que se revelam apenas àqueles que estão dentro do prédio durante o dia. Contudo, à noite, essas mesmas janelas desnudam fragmentos do interior do edifício para a cidade.
Além dos vidros instalados nos andares inferiores do novo edifício, que dialogam com o vão livre, a geometria retangular das duas fachadas consiste em superfícies ininterruptas, sem emendas ou juntas. As conexões visuais entre os prédios também se apresentam no concreto aparente, nas cores e no volume.
“Se o edifício Lina fosse verticalizado, ficaria do mesmo tamanho do Pietro. O pé direito do térreo do novo empreendimento, de oito metros, tem a mesma altura que o pé direito do vão livre, e o tom escuro escolhido para a fachada do Pietro foi inspirado na cor dos caixilhos presentes no Lina”, completa Martin.
Outro ponto de conexão é o túnel de 40 metros que interliga as áreas de acolhimento dos edifícios. Com conclusão prevista para o segundo semestre de 2025, a passagem subterrânea facilitará a circulação dos visitantes, promovendo o funcionamento integrado dos dois prédios e preservando o visual da paisagem urbana.
No ano em que a COP acontece no Brasil, em Belém, os museus irão se se dedicar às Histórias da Ecologia, com exposições, cursos, palestras, oficinas, seminários e publicações que convidam à reflexão sobre temas urgentes, como a relação entre ser humano e meio ambiente, em diálogo com a cultura visual e as práticas artísticas.
Em março, para celebrar a inauguração das novas galerias do Edifício Pietro, serão apresentadas exposições com recortes do acervo MASP e uma mostra sobre as histórias do museu.