Nas dunas de "Star Wars", DJs dão vida ao turismo na Tunísia
O festival "As Dunas Eletrônicas" foi relançado neste final de semana em Ong Jmal após três anos de ausência
AFP
Publicado em 19 de novembro de 2019 às 20h09.
Última atualização em 10 de agosto de 2020 às 16h45.
Os poderosos ritmos graves chegam até o rebanho de camelos vizinho, lasers varrem as dunas do Saara tunisiano e VIPs saborearam a vodka no que foi uma das barracas de Tatooine, o conhecido planeta do universo de Star Wars .
O festival "As Dunas Eletrônicas", relançado neste final de semana em Ong Jmal após três anos de ausência, atraiu dezenas de DJs locais e internacionais e milhares de foliões do deserto, símbolo de um renascimento do turismo nessa região do oeste da Tunísia.
"Já tínhamos visitado Tunes, mas viemos para o festival", disse Leopold Poignant, 22 anos, que veio de Paris para dançar em Ong Jmal e depois visitar a cidade vizinha de Tozeur.
"Há alguns grandes nomes como Adam Port e Konstantin Sibold, mas também vale pela experiência. A decoração é de Star Wars e festejar nas dunas é realmente especial", explicou o estudante de Ciência Política.
As estruturas metálicas e cabanas onde as bebidas são vendidas não prejudicaram a decoração de evaporadores - dispositivo imaginário de captação de água - e casas arredondadas construídas para "Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma".
Ong Jmal é o mais conhecido de muitos pontos turísticos tunisinos, onde George Lucas filmou cenas da juventude dos Skywalker, em 1976 e no final dos anos 90. Os vestígios do fictício vilarejo de Mos Espa atraem dezenas de milhares de turistas todo ano.
Durante o festival, shows de luzes e a multidão reviveram o statioport onde Anakin Skywalker trabalhou antes de se tornar um Jedi.
"Paramos para visitar"
Aqueles que não dançavam abrigaram-se do frio e do vento em tendas berberes ou ao redor de uma fogueira. A música continuou ininterrupta até domingo à noite.
O exército e a polícia tomaram conta da área, a menos de 40 km da fronteira com a Argélia.
Entre os mais de 5.000 participantes do festival, uma grande maioria de tunisianos.
Anis El Wafi veio do sul com um grupo de pessoas observando o deserto. "Desta vez, também paramos para visitar a região", disse o cabeleireiro de Nabeul acompanhado de amigos italianos e franceses.
A revolução de 2011 e uma série de ataques mortais que mataram dezenas de turistas em 2015 foram um duro golpe para o setor do turismo.
Desde então, as estadas no sul tendem a se limitar a viagens de um dia ao deserto, desde os grandes resorts da costa, para o desespero dos comerciantes de Tozeur.
"Os mais numerosos agora são os russos e eles só compram água", lamentou Nagga Ramzi, um comerciante que viu sua renda despencar. "É difícil, porque aqui só tem tâmaras, para quem as possui, e turismo".
Mas, graças a uma melhoria na segurança que permitiu um retorno maciço de turistas nos últimos dois anos, a região recebe cada vez mais eventos.
Uma maratona saariana, Ultra Mirage El Djerid, o Festival Internacional de Cinema de Tozeur e um festival de música sufi, Rouhaniyet, foram lançados.
Os hotéis estão cada vez mais completos e os turistas prolongam suas estadias.
Em 30 de outubro, o número de turistas aumentou 27% em um ano e o número de dormidas em 29%.
Hotéis estão reabrindo, as pousadas estão se multiplicando e o grupo de luxo tailandês Anantara abre no final de dezembro um palácio cinco estrelas.
Resta a esperança de que "esses turistas fiquem mais tempo" para passear, visitar o oásis e a medina, disse Salah Akkoun, que luta para ganhar a vida com sua carruagem.