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Mulheres na direção. Elas bateram recorde nos sets de filmagem em 2020

Nas telas de cinema e no streaming, as mulheres cresceram na direção de filmes. Porém, os números ainda são baixos em comparação com os homens

Diretora Greta Gerwig, indicada ao Oscar de Melhor Direção em 2018, foi a quinta vez em que uma mulher foi indicada na categoria. (Christopher Polk/Getty Images)

Diretora Greta Gerwig, indicada ao Oscar de Melhor Direção em 2018, foi a quinta vez em que uma mulher foi indicada na categoria. (Christopher Polk/Getty Images)

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Julia Storch

Publicado em 4 de janeiro de 2021 às 10h49.

Última atualização em 4 de janeiro de 2021 às 10h58.

Hollywood está mostrando certa evolução em relação à igualdade de gênero no cinema. Isso é o que mostra o estudo feito pelo Center for the Study of Women in Television and Film, na Universidade de San Diego, Califórnia, referente ao ano de 2020, em que houve um recorde de mulheres dirigindo filmes.

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Ainda que diversas produções tenham sido pausadas no ano passado devido à pandemia, dos 100 filmes que mais tiveram bilheteria no ano, 16 deles foram dirigidos por mulheres. Pode parecer um número baixo, mas foi um recorde em comparação com os outros anos. Em 2019, 12% das diretoras eram mulheres, e em 2018, apenas 4%. Estão inclusos na lista os filmes Mulher-Maravilha 1984, dirigido por Patty Jenkins, Mulan, por Niki Caro e Aves de Rapina, por Cathy Yan.

Se os números parecem pequenos, outro dado é ainda mais chocante. Em toda a história do Oscar, apenas cinco mulheres concorreram na categoria de Melhor Direção, e apenas uma ganhou a estatueta, Kathryn Bigelow por Guerra ao Terror em 2010. Crítica a tais fatos, a atriz Natalie Portman vestiu uma capa Dior, feito por Maria Grazia Chiuri, na cerimônia do ano passado, com os nomes de oito diretoras que não foram indicadas na premiação, entre elas, Lulu Wang e Greta Gerwig.

Natalie Portman

Natalie Portman veste capa Dior bordada com nome de diretoras não indicadas ao Oscar 2020 (Jeff Kravitz/Getty Images)

Devido à interrupção causada pelo covid-19 nas bilheterias, o estudo deste ano, pela primeira vez, também pesquisou as funções desempenhadas por mulheres em filmes  lançados no streaming, incluídos na lista “Assistidas em Casa”. Os dados demonstram que as mulheres representaram 17% dos escritores, 21% dos produtores executivos, 30% dos produtores, 22% dos editores e 6% dos cinegrafistas trabalhando nos 250 filmes de maior bilheteria de streaming em 2020. No caso das diretoras, a porcentagem de mulheres disparou de 15% em 2018-19 para 32% em 2019-20. 

Um ponto interessante também surgiu com a pesquisa. Filmes com pelo menos uma diretora e/ou roteirista são mais propensos a ter porcentagens mais altas de mulheres como protagonistas e personagens e a contratar editoras e roteiristas, por exemplo.

Dados mostram que em filmes com cineastas femininas, as mulheres representavam 53% dos roteiristas. Já nos filmes com direção masculina, as mulheres representavam 8% dos roteiristas. As mulheres foram editoras em 39% dos filmes com cineastas mulheres e apenas 18% dos filmes com homens. 

Os números fazem lembrar o discurso de Frances McDormand em 2018, ao receber o Oscar de Melhor Atriz pelo filme Três Anúncios Para Um Crime. No evento, ela pediu para que as mulheres indicadas na premiação se levantassem na plateia, e para que os diretores e roteiristas olhassem para elas e marcassem reuniões para ouvir os projetos futuros delas para o cinema. Ao final do discurso, McDormand apenas disse as palavras “cláusula de inclusão”. As três palavras se referem aos dados mencionados acima, em que filmes com mulheres dirigindo são mais inclusivos do que o lado masculino. Com a cláusula de inclusão, diretor, roteirista, ou ator principal podem exigir que haja uma porcentagem de no mínimo 50% de diversidade, seja de gênero ou racial na produção do filme.


Para finalizar, o estudo de San Diego fez duas perguntas: como os filmes com pelo menos uma mulher trabalhando em um papel fundamental nos bastidores se saem nas bilheterias em comparação com aqueles que empregam apenas homens nos mesmos papéis, e como se saem os filmes com protagonistas femininas na bilheteria, quando comparada àquelas apresentando homens.

Ao examinar os 100 filmes de maior bilheteria em todo o mundo, o estudo descobriu que, quando cineastas e cineastas têm orçamentos semelhantes para seus filmes, as bilheterias resultantes também são semelhantes. Em outras palavras, o sexo dos cineastas não determina o faturamento das bilheterias. Resta saber quantas serão indicadas ao Oscar deste ano.

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