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Morro dos Prazeres fecha trilogia sobre justiça no País

Documentário de aria Augusta Ramos fala sobre as UPPs do Rio de Janeiro

Policiais da UPPs em comunidade carioca (Tânia Rêgo/ABr)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2013 às 09h47.

São Paulo - Maria Augusta Ramos tem uma ligação muito forte com a Holanda, onde viveu, mas o Brasil é seu objeto de interesse. Ela mora e costuma filmar no Rio, mas ultimamente tem estado bastante em São Paulo, buscando os personagens do próximo filme .

Será, como diz, um documentário sobre o sistema financeiro, mas Maria Augusta não antecipa qual será seu enfoque. Há uma questão econômica, travestida de desigualdade social, que atravessa seu cinema . Agora mesmo, está em cartaz Morro dos Prazeres, que fecha a trilogia da autora sobre a Justiça no Brasil. Começou com Justiça, prosseguiu com Juízo e se fecha com o documentário sobre as UPPs, as Unidades Policiais Pacificadoras, instaladas nas favelas do Rio.

Persistem bolsões de criminalidade nos morros. O tráfico não foi completamente erradicado porque há demanda por droga - da classe média e da elite econômica e social. Maria Augusta sabe disso, a cúpula da polícia também e o assunto é abordado em Morro dos Prazeres. É um filme que tende a repercutir mais no Rio, onde as UPPs produzem atritos.

Polícia e morro, ou favela, sempre se viram com suspeita. Até prova em contrário, pelo menos aos olhos da polícia, todo favelado é um criminoso em potencial, ou assim é tratado. O favelado, vítima da suspeita, também vê o policial como inimigo. O próprio chefe de polícia destaca a importância da participação feminina nas UPPs, porque as mulheres, como diz, tendem a ser mais compassivas que os homens. Elas se queixam - a profissão é de risco e essas mulheres às vezes precisam ocultá-la para salvaguardar a família.

Onde anda Maria Augusta Ramos? Seu filme está em exibição em salas da cidade - e de outras praças do Brasil -, mas ela está na Polônia. Viajou no domingo, via Amsterdã, e por um motivo muito especial. Ela recebe neste começo de mês o importante prêmio Marek Nowicki, concedido pelo Board of the Helsinki Foundation for Human Rights. A questão dos direitos humanos é essencial no cinema de Maria Augusta.


Quando fala das relações das camadas desfavorecidas com a polícia e as instituições que compõem o Judiciário, ela está sempre querendo discutir a violação de direitos básicos. A própria abordagem das patrulhas que compõem as UPPs nos morros tende a ser intimidadora.

A câmera segue os policiais pelas vielas e capta esses flagrantes de uma violência velada - nada de tiros nem de agressão física, mas claramente há desconfiança, e de ambas as partes.

O filme, aparentemente, não toma partido - olha. Mas esse olhar é perscrutador. Humaniza e expõe o antagonismo. Como Maria Augusta gosta de dizer, nesse tipo de documentário, ou em qualquer documentário, a escolha dos personagens é tudo.

Quase por acaso ela trombou na garota lésbica que parece um garoto, e que puxa seu baseado com a mesma naturalidade com que cuida da mãe, dos sobrinhos ou aplica um ‘malho’ nas meninas que seduz. Só essa personagem daria um filme, independentemente das UPPs.

Diz a lenda que santo de casa não faz milagre. Quantos espectadores já correram a ver o filme? Na Polônia, o prêmio que Maria Augusta Ramos está recebendo já foi atribuído a Rithy Panh, Frederick Wiseman e Jafar Panahi. Ou seja, só grandes. E ela está no time.

//www.youtube.com/embed/aJDRCWzj5ag

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São Paulo - Maria Augusta Ramos tem uma ligação muito forte com a Holanda, onde viveu, mas o Brasil é seu objeto de interesse. Ela mora e costuma filmar no Rio, mas ultimamente tem estado bastante em São Paulo, buscando os personagens do próximo filme .

Será, como diz, um documentário sobre o sistema financeiro, mas Maria Augusta não antecipa qual será seu enfoque. Há uma questão econômica, travestida de desigualdade social, que atravessa seu cinema . Agora mesmo, está em cartaz Morro dos Prazeres, que fecha a trilogia da autora sobre a Justiça no Brasil. Começou com Justiça, prosseguiu com Juízo e se fecha com o documentário sobre as UPPs, as Unidades Policiais Pacificadoras, instaladas nas favelas do Rio.

Persistem bolsões de criminalidade nos morros. O tráfico não foi completamente erradicado porque há demanda por droga - da classe média e da elite econômica e social. Maria Augusta sabe disso, a cúpula da polícia também e o assunto é abordado em Morro dos Prazeres. É um filme que tende a repercutir mais no Rio, onde as UPPs produzem atritos.

Polícia e morro, ou favela, sempre se viram com suspeita. Até prova em contrário, pelo menos aos olhos da polícia, todo favelado é um criminoso em potencial, ou assim é tratado. O favelado, vítima da suspeita, também vê o policial como inimigo. O próprio chefe de polícia destaca a importância da participação feminina nas UPPs, porque as mulheres, como diz, tendem a ser mais compassivas que os homens. Elas se queixam - a profissão é de risco e essas mulheres às vezes precisam ocultá-la para salvaguardar a família.

Onde anda Maria Augusta Ramos? Seu filme está em exibição em salas da cidade - e de outras praças do Brasil -, mas ela está na Polônia. Viajou no domingo, via Amsterdã, e por um motivo muito especial. Ela recebe neste começo de mês o importante prêmio Marek Nowicki, concedido pelo Board of the Helsinki Foundation for Human Rights. A questão dos direitos humanos é essencial no cinema de Maria Augusta.


Quando fala das relações das camadas desfavorecidas com a polícia e as instituições que compõem o Judiciário, ela está sempre querendo discutir a violação de direitos básicos. A própria abordagem das patrulhas que compõem as UPPs nos morros tende a ser intimidadora.

A câmera segue os policiais pelas vielas e capta esses flagrantes de uma violência velada - nada de tiros nem de agressão física, mas claramente há desconfiança, e de ambas as partes.

O filme, aparentemente, não toma partido - olha. Mas esse olhar é perscrutador. Humaniza e expõe o antagonismo. Como Maria Augusta gosta de dizer, nesse tipo de documentário, ou em qualquer documentário, a escolha dos personagens é tudo.

Quase por acaso ela trombou na garota lésbica que parece um garoto, e que puxa seu baseado com a mesma naturalidade com que cuida da mãe, dos sobrinhos ou aplica um ‘malho’ nas meninas que seduz. Só essa personagem daria um filme, independentemente das UPPs.

Diz a lenda que santo de casa não faz milagre. Quantos espectadores já correram a ver o filme? Na Polônia, o prêmio que Maria Augusta Ramos está recebendo já foi atribuído a Rithy Panh, Frederick Wiseman e Jafar Panahi. Ou seja, só grandes. E ela está no time.

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