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Moda une sedução e proteção em tempos de pandemia

Estilistas da Semana de Moda de Paris optaram por peças "protetoras", mas também propuseram sensualidade deixada de lado no confinamento

Desfile da Kenzo na Semana de Moda de Paris (AFP/AFP)
DS

Daniel Salles

Publicado em 6 de outubro de 2020 às 10h15.

Os estilistas da Semana de Moda de Paris, que termina nesta terça-feira, buscaram apresentar coleções "protetoras" em tempos de pandemia, mas também despiram os corpos e propuseram uma sensualidade deixada de lado durante o confinamento.

A Dior transformou seu tradicional casaco ajustado ao corpo e estruturado em uma peça mais solta e confortável, inspirada em um sobretudo desenhado por Christian Dior em 1957, numa coleção centrada no Japão.

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A Dior transformou seu tradicional casaco ajustado ao corpo e estruturado em uma peça mais solta e confortável (AFP/AFP)

"A ideia era confeccionar um casaco com o qual se sentisse em casa. Trabalhamos muito com os tecidos fluidos e rústicos", explicou à AFP a diretora artística da marca, Maria Grazia Chiuri. "As pessoas atualmente querem se proteger, um aspecto que, até agora, não havíamos levado em conta. Temos um estilo de vida mais privado, e nossa relação com as roupas será mais pessoal e íntima", assinalou a italiana.

A Balenciaga concentrou-se, por sua vez, nas peças íntimas, para fazê-las brilhar no exterior, como pijamas sobrepostos e camisolas transformadas em vestidos de noite. Os chinelos de hotel ganharam saltos.

A Hermès se propôs a 'recriar a liberdade', com costas nuas e tops bandeau (AFP/AFP)

Issey Miyake imaginou uma cartela de cores roxa, laranja e verde, que representou a decoração de uma sala de estar, fazendo alusão ao período de confinamento, que a marca japonesa quis lembrar de forma positiva.

A máscara, acessório da moda
A Louis Vuitton assim decretou: a máscara é um "acessório da moda" e ganhará protagonismo no desfile de amanhã da marca de luxo, que encerrará a semana de moda primavera/verão de prêt-à-porter.

Para o desfile de Yohji Yamamoto, que produz roupas quase que exclusivamente pretas, foi solicitado aos convidados usar uma máscara da mesma cor, para respeitar o universo do estilista japonês.

O logotipo da Balmain cobriu o nariz e a boca estampado em uma máscara de malha, enquanto a Kenzo imaginou um lenço para ser usado por cima da proteção contra a Covid-19. A marca, que perdeu ontem seu lendário fundador, Kenzo Takada, 81, para a doença, reinterpretou o uniforme dos apicultores com um chapéu e um véu, representando "a fragilidade e o distanciamento necessário e imposto atualmente".

Desfile da Hermès na Semana de Moda de Paris (AFP/AFP)

'Armaduras'
Os estilistas, seja em suas representações físicas ou digitais, propuseram "armaduras" diante da nova vulnerabilidade dos seres humanos. Elas eram leves na Hermès, de malha e couro, e deslizaram sobre vestidos curtos e justos tom sobre tom.

A Balenciaga apresentou um vestido no formato de "rede" concebido com correntes de metal. Já Yohji Yamamoto desenhou fios de cobre aparentes em um vestido, conseguindo um efeito de crinolina romântica e punk.

Costas nuas
A Hermès se propôs a "recriar a liberdade", com costas nuas e tops bandeau. A marca francesa celebrou o "reencontro com a sensualidade", mantendo-se fiel a seu estilo elegante e às linhas refinadas.

Decotes, costas nuas... A Givenchy também se deixou levar pelas sugestões na estreia do americano Matthew Williams como diretor artístico da marca. Já a Kenzo opôs à "proteção total" vestidos justos e bodies, defendendo "a ousadia frente ao perigo".

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