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Londres deixa lição para Rio: aproveitar a multidão

Se o Brasil quiser colher o mesmo aumento de desempenho do Reino Unido na Rio 2016, os treinadores, atletas e o povo brasileiro devem preparar a mente para o sucesso


	Mãos de Louis Smith, do Reino Unido, antes de começar sua sequência de ginástica artística
 (Michael Steele/Getty Images)

Mãos de Louis Smith, do Reino Unido, antes de começar sua sequência de ginástica artística (Michael Steele/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2012 às 15h56.

Londres - Se o barulho provocado pelos torcedores da casa fosse uma substância proibida, o time da Grã-Bretanha teria sido expulso dos Jogos de Londres logo no primeiro dia. Afinal, a julgar pelo recorde de 65 medalhas da nação anfitriã, sendo 29 delas de ouro, a animação do público deve ter alguma participação nesse desempenho.

Mas, não basta apenas ter dezenas de milhares de torcedores ansiosos gritando para que os seus atletas olímpicos nacionais ganhem. Se o Brasil quiser colher o mesmo aumento de desempenho na Rio 2016, os treinadores, atletas e o povo brasileiro devem primeiro preparar a mente para o sucesso.

"'As noções de eficácia das pessoas são extremamente importantes no desempenho", disse Stephen Reicher, professor de psicologia na Universidade de St. Andrews, na Escócia. "Então, em parte, trata-se de suas próprias crenças", disse.

"Se você acredita que 'não pode fazer isso' e todo mundo lá fora está esperando que você faça, então isso tem um efeito negativo. Mas se você acredita que 'tem uma chance', então uma multidão apoiando pode ser muito positivo." Em uma análise sobre a vantagem de se estar em casa publicada no Journal of Sport Science no ano passado, os cientistas descobriram que as equipes de casa ganham cerca de três vezes mais medalhas nos Jogos em seu país do que quando estão longe, apontaram os pesquisadores.

A maior influência não vem do fato de conhecer o ambiente onde está, comer alimentos familiares e falar a mesma língua, ou mesmo não ter que viajar, mas sim do barulho dos torcedores.

Tudo na mente?

Então está tudo na mente? Sim e não.

"É psicofisiológico, e não puramente psicológico ou puramente fisiológico", explicou Nick Maguire, professor de psicologia clínica na Universidade de Southampton.

Ele apontou que a mente pode ser extremamente poderosa e sua resposta pode provocar mudanças fisiológicas reais quando interpreta o apoio vocal da multidão.


O barulho provocado por uma grande multidão pode resultar em um alto grau de empolgação, disse Maguire, que em troca aumenta a produção de adrenalina, o hormônio produzido em momentos de "agora ou nunca" que pode algumas vezes permitir às pessoas fazer coisas extraordinárias.

"É como você pensa a respeito do barulho que é o fator-chave. Pode ter um efeito animador ou provocar ansiedade", explicou Maguire.

Os psicólogos enfatizam que se o Brasil quiser usar a animação do público para melhorar o desempenho ao máximo nos Jogos do Rio, então os atletas, a equipe, a multidão e a nação como um todo devem aprender a acreditar que podem ganhar, para que os atletas interpretem o barulho como algo positivo.

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