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Itaú Cultural lança streaming próprio dedicado ao audiovisual brasileiro

Gratuito, serviço reunirá curadoria própria e de outros parceiros, além de oferecer uma experiência cruzada com outras iniciativas da instituição; integração com os cinemas do Espaço Itaú também está nos planos

Cena de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha; cineasta ganha mostra na estreia do Itaú Cultural Play (Reprodução/Divulgação)

Cena de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha; cineasta ganha mostra na estreia do Itaú Cultural Play (Reprodução/Divulgação)

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GabrielJusto

Publicado em 17 de junho de 2021 às 12h33.

Última atualização em 17 de junho de 2021 às 13h18.

No próximo sábado (19), celebra-se o Dia do Cinema Brasileiro. Em meio à pandemia que deixou o setor cultural em frangalhos e com a principal instituição do audiovisual nacional, a Cinemateca, esquecida pelo poder público, não parece que há muito o que comemorar. Mas há: após dois anos de desenvolvimento, o Itaú Cultural lança o Itaú Cultural Play, seu streaming proprietário, gratuito e 100% dedicado às produções nacionais.

Diversidade e memória do cinema nacional

Inicialmente, a plataforma estreia com 135 títulos que incluem filmes e séries de documentais e de ficção, animações, produções experimentais, entrevistas, palestras e curta-metragens dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. Uma mostra dedicada a Glauber Rocha e homenagem ao produtor Luiz Carlos Barreto inaugura o serviço, que outras terá mostras temáticas curadas pelo próprio Itaú Cultural e também por instituições parceiras.

"Um dos focos desse projeto é a memória do cinema e do audiovisual brasileiro. Queremos trazer à tona conteúdos que acabam se perdendo ao longo do tempo, para que mais pessoas tenham acesso", afirmou à EXAME Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural. "'Deus e o Diabo na Terra do Sol', por exemplo, é um filme clássico, histórico, mas que não se acha facilmente. Queremos jogar luz sobre um tema, um cineasta, um momento histórico do país, para que não fiquemos reféns de uma mostra ou de um momento específico."

A ideia de ter uma plataforma própria para promover o cinema nacional, explica Saron, surgiu antes mesmo da pandemia, e está alinhada com atuação que a instituição que, já nos anos 80, quando nasceu, pretendia usar tecnologia para expandir o acesso a conteúdos com curadoria especializada. "Foi assim que a Enciclopédia de Arte Brasileira e com o Panorama Histórico Brasileiro, ambos distribuídos em todo o país em computadores que nós enviávamos às escolas", explica o diretor.

Um hub para as instituições culturais brasileiras

Da ideia à estreia, foram dois anos de desenvolvimento, envolvendo as equipes do próprio Itaú Cultural, empresas de tecnologia e parceiros de curadoria de outras instituições, como a Festa Internacional Literária de Paraty (Flip); a São Paulo Companhia de Dança, os institutos CPFL e Alana, além de dois canais de televisão, Arte1 e TVE/Bahia, que terão prateleiras próprias dentro da plataforma, assim como os festivais forumdoc.bh, IN-Edit e o É Tudo Verdade.

Eles fazem a seleção, licenciam e a gente coloca no ar - sem exclusividade, já que a ideia é democratizar o acesso. Para eles, o custo é zero, e nos dá a possibilidade de cruzar conteúdos e fazer com que o usuário transite entre as plataformas. Nós podemos ser um hub das instituições culturais brasileiras, qualificando e valorizando esses parceiros dentro da nossa plataforma.

Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural

Até agora, já são mais de 30 parcerias fechadas, o que ajuda a plataforma a ter uma curadoria geograficamente abrangente e que abarque toda a diversidade do país. A partir de então, o desafio era licenciar todo esse conteúdo e desenvolver uma tecnologia que garantisse o cumprimento desses contratos.

"Alguns licenciamentos, por exemplo, só nos permitem fazer 2 mil exibições de um título, ou só nos permitem exibí-los em uma determinada localidade", explica Saron que, há dois anos, não imaginou que seria tão difícil colocar esse projeto na rua. "Precisamos encontrar uma tecnologia que cumprisse todos esses requisitos e ainda fosse acessível em todos os dispositivos e sistemas operacionais. Foi um grande desafio."

Integração com outras iniciativas

Outro trunfo do novo serviço é integração dos seus conteúdos com outras atividades da instituição. Ao assistir um filme sobre gastronomia, por exemplo, o usuário será convidado a conhecer mais sobre aquele diretor ou até mesmo fazer um curso na área na Escola Itaú Cultural. Quando a pandemia permitir a volta dos cinemas, o Espaço Itaú (rede de cinemas do banco) exibirá alguns títulos do streaming na tela grande e também disponibilizará alguns títulos da sua programação dentro do serviço.

"A gramática das novas gerações é o audiovisual, mas o Brasil não tem política para a memória - e não é de hoje", enfatiza Saron. "Com esses cruzamento de conteúdos, de plataformas e experiências, queremos, de fato, constituir, divulgar e garantir o acesso a parte dessa memória."

Inicialmente, o Itaú Cultural Play estará disponível a partir de sábado (19) apenas pelo site da plataforma. Mas em breve, chegará também aos dispositivos iOS e Android e, até setembro, às SmartTVs. O acesso é totalmente gratuito mediante um cadastro na plataforma.

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