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Herdeiro da LVMH prevê menos desfiles de moda extravagantes

A LVMH, dona de marcas como Louis Vuitton e Dior, entra para a lista de rivais que sinalizam mudanças no calendário da moda

Antoine Arnault supervisiona questões de imagem, comunicação e meio ambiente na LVMH (Bloomber/Bloomberg)

Antoine Arnault supervisiona questões de imagem, comunicação e meio ambiente na LVMH (Bloomber/Bloomberg)

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Daniel Salles

Publicado em 11 de dezembro de 2020 às 09h41.

Quando o filho mais velho do fundador da LVMH recorda o desfile de moda realizado pelo conglomerado de luxo no Rio de Janeiro há quatro anos, reconhece que, provavelmente, já faz parte de uma era que chegou ao fim.

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No mundo pós-Covid, a ideia de trazer visitantes do mundo todo para a América do Sul começa a ser vista como exagerada até mesmo por profissionais do setor.

“Trazer metade do mundo da moda ao Rio por 48 horas para um desfile de cruzeiro foi lindo, mas, provavelmente, um pouco exagerado”, disse Antoine Arnault, que supervisiona questões de imagem, comunicação e meio ambiente na LVMH. “Reconhecemos que talvez tenha havido um frenesi nos últimos anos, e talvez nós mesmos tenhamos sido arrastados para este redemoinho, para sempre querer oferecer algo novo, extravagante”, disse em entrevista esta semana de Paris.

A LVMH, dona de marcas como Louis Vuitton e Dior, entra para a lista de rivais que sinalizam mudanças no calendário da moda. Alessandro Michele, diretor de criação da Gucci, anunciou em maio que a marca controlada pela Kering vai reduzir o número de desfiles anuais de cinco para dois. A empresa citou a natureza “desgastada” da indústria, um sentimento ecoado pelo Council of Fashion Designers of America e pelo British Fashion Council.

Mesmo antes de a Covid-19 abalar o setor, empresas de luxo enfrentavam pressão de consumidores e reguladores para reduzir seu impacto ambiental. A forte concorrência levou marcas a produzirem eventos cada vez mais chamativos nos últimos anos, e a crescente demanda da China por roupas e calçados levou fabricantes a usarem mais recursos do planeta.

Loja da Burberry em Londres (Simon Dawson/Bloomberg)

O mundo da moda se adaptou durante a pandemia, oferecendo eventos virtuais para mostrar peças de designers. Arnault, cujo pai é o presidente e fundador da LVMH Bernard Arnault, reconheceu que “nem tudo é perfeito” com esse canal.

“Esses famosos desfiles espetaculares ainda acontecerão, mas em ritmo mais lento”, disse Arnault, que falou via Zoom durante a Semana do Clima da LVMH, quando a empresa realizou painéis com especialistas sobre questões de sustentabilidade para seus 160 mil funcionários. “Isso vai evoluir.”

Há outras mudanças. A partir de 2022, empresas de moda não poderão mais destruir mercadorias não vendidas na França, prática difundida para evitar diluir as marcas com descontos nas vendas. As vendas perdidas com as paralisações da pandemia aumentaram os volumes de sobras nos estoques. A LVMH respondeu enviando algumas dessas mercadorias para a Ásia, onde as lojas foram reabertas no início do ano, disse Arnault.

“Destruímos muito pouco”, disse.

A LVMH criou uma comissão para avaliar a sustentabilidade do setor e divulgará suas conclusões no início do ano que vem, disse Helene Valade, diretora de desenvolvimento ambiental da empresa. O conglomerado já estabeleceu uma meta para que todas as operações funcionem com energia renovável até 2030 e para proibir o uso de plástico virgem de base fóssil em embalagens até 2026. Também se comprometeu a garantir que todos materiais de origem animal usados em seus produtos possam ser rastreados ao local de origem.

A LVMH tem enfrentado críticas do grupo de direitos dos animais PETA por usar peles exóticas em produtos e por questões relacionadas ao tratamento animal. Arnault disse que a política da LVMH é deixar cada marca decidir qual material de origem animal será usada.

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