Grace Kelly, 30 anos sem a princesa do cinema
Grace Kelly, então Grace de Mônaco, morreu no dia 14 de setembro de 1982 no hospital de Monte Carlo que leva seu nome
Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2012 às 15h55.
Madri - Há 30 anos que a mesma estrada que a imortalizou no cinema em "Ladrão de Casaca" testemunhou a morte de Grace Kelly, atriz transformada em princesa, máxima expressão da loira de Hitchcock, símbolo vigente de elegância e glamour e matriarca do midiático clã Grimaldi.
Grace Kelly, então Grace de Mônaco, morreu no dia 14 de setembro de 1982 no hospital de Monte Carlo que leva seu nome, um dia após um acidente de automóvel que deu um giro de 180 graus no conto de fadas da atriz que se apaixonou por um príncipe.
Porém, sua história não foi a do patinho feio transformado em cisne. Grace Kelly nasceu bonita e rica na Filadélfia em 1928, filha de um construtor multimilionário e ganhador de várias medalhas olímpicas em remo que a matriculou nas melhores escolas do país.
Após estudar Artes Dramáticas em Nova York, sua pose aristocrática e sua beleza mais que perfeita não demoraram a chamar a atenção de Hollywood, onde a esperavam papéis de loira cândida em "Matar ou Morrer", ao lado de Gary Cooper, e "Mogambo", no qual a futura princesa contracenou com Clark Gable.
Um especialista em fazer explodir o vulcão que se escondia por trás do gélido, Alfred Hitchcock, encontrou nela a melhor de suas musas, a que estimulou sua imaginação e lhe inspirou alguns de seus melhores diálogos.
Tudo começou com "Disque M para Matar". A cena na qual Grace Kelly comete um assassinato em defesa própria com uma tesoura de escritório ficou na retina de várias gerações de espectadores.
Depois chegaria "Janela Indiscreta", sublimação do espírito voyeurista de Hitchcock, que aproveitava a intriga para ironizar as relações de casal entre a belíssima mulher que era Grace Kelly e um James Stewart impedido em sua cadeira de rodas.
Mas talvez o filme no qual a atriz mais brilhou tenha sido um que é considerado um clássico menor na filmografia do cineasta: "Ladrão de Casaca", trama de suspense que, por outro lado, brilhava como comédia de vaudeville.
Com um excelente figurino de Edith Head e um jogo erótico de alta voltagem com Cary Grant aplacado pelos espartilhos da época (era 1955), a aristocrata que Grace interpretou nadava no Mediterrâneo, frequentava bailes de máscaras e conduzia de maneira temerária pelas estradas da Côte D"Azur.
"De quem são esses jardins?", perguntou Grace Kelly ao roteirista do filme, John Michael Hayes, em um dos intervalos das cenas. "Do príncipe Grimaldi", respondeu ele.
Doze meses depois, quando apresentou em Cannes "Amar é Sofrer", a atriz conheceu o príncipe pessoalmente.
Rainier de Mônaco tinha 33 anos e ela 28 quando no dia 19 de abril de 1956 protagonizaram o que foi considerado o casamento do século, ao qual compareceram David Niven, Gloria Swanson, Ava Gardner e Conrad Hilton, entre outros famosos da época.
Hollywood lhe deu um Oscar por seu papel no filme que a uniu ao príncipe, deixando a favorita, Judy Garland, a ver navios... Mônaco lhe deu sua coroa.
Mas que ganhou mais com essa união? O sonho de ser princesa por parte de Grace Kelly combinou perfeitamente com a necessidade de Monte Carlo de revitalizar sua qualidade de capital da alta sociedade.
Enquanto Grace dava a Rainier a descendência necessária para manter a independência do principado - com seus filhos Albert, Caroline e Stéphanie -, também atraía os negócios, enchia seus cassinos e suas praias.
Grace Kelly criou o baile anual da Cruz Vermelha, evento imperdível para as classes altas europeias que uniu-se ao tradicional Baile da Rosa, que tinha sido criado em 1954 mas também recebeu uma injeção de glamour depois que ela entrou para a família Grimaldi.
Porém, quando tentou voltar ao cinema com Hitchcock em "Marnie" recebeu a negativa do palácio por uma questão de imagem, pois não lhes pareceu o mais adequado ver sua princesa interpretando uma cleptomaníaca.
Seu glamour ficou reduzido às revistas de estilo e moda, como musa de marcas como Givenchy - que desenhou seu figurino para seu encontro com a família Kennedy em 1961 - ou como portadora da "Kelly", bolsa da Hermès que recebeu seu nome.
E sua vida restrita a um papel vitalício, o de grande anfitriã e perfeita consorte, de mãe elegante e impecável banhista do litoral de Mônaco.