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França não esquece Eiffel no 90º aniversário de sua morte

Criador da mítica torre parisiense, o engenheiro é lembrado no país sem grandes celebrações, mas com a lembrança ao pai de um de seus símbolos mais conhecidos


	Torre Eiffel: idealizada com a intenção de ser destruída 20 anos mais tarde, Eiffel encontrou finalidades à torre que a fizeram perdurar
 (Pascal Le Segretain/Getty Images)

Torre Eiffel: idealizada com a intenção de ser destruída 20 anos mais tarde, Eiffel encontrou finalidades à torre que a fizeram perdurar (Pascal Le Segretain/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de dezembro de 2013 às 05h51.

Paris - O aniversário de 90 anos da morte do engenheiro Gustave Eiffel, criador da mítica torre parisiense que leva seu sobrenome e de dezenas de obras no mundo todo, é lembrado nesta sexta-feira na França sem grandes celebrações, mas com a lembrança ao pai de um de seus símbolos mais conhecidos.

Dijon, onde nasceu em 1832, e Levallois, em cujo cemitério foi enterrado há 90 anos, são as duas únicas cidades que prestam homenagem com um ato comemorativo e uma exposição a este célebre francês cujas obras podem ser admiradas de Portugal ao Vietnã, passando por Chile, Filipinas, Estados Unidos e Hungria.

O autor do monumento mais visitado de Paris foi "um homem excepcional e um grande empreendedor", declarou à Agência Efe Bertrand Lemoine, diretor de pesquisas no Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França (CNRS) e especialista em sua obra.

Com apenas 35 anos fundou sua própria empresa de "carpintaria metálica", e começou a construir um nome a partir de pontes de ferro como o de Maria Pia (1877) sobre o rio Douro no Porto, em Portugal, ou a de Garabit (1884), uma ponte ferroviária ao sudeste da França, cujo arco central de 165 metros foi o maior de sua época.

Estas e outras obras, como a estação da cidade húngara de Pest (1877), o Observatório de Nice (1887) e a estrutura interna da nova-iorquina Estátua da Liberdade (1886), forjaram sua reputação.

De todas suas criações, no entanto, é a famosa torre parisiense, projetada para a Exposição Universal de 1889, que deixou seu sobrenome na memória coletiva.

A torre se transformou, disse Lemoime, em símbolo, sobretudo por sua altura, porque o fato de que pode ser vista de qualquer ponto da cidade foi a chave para que chegasse a ser a "carteira de identidade" de Paris.


Idealizada com a intenção de ser destruída 20 anos mais tarde, Eiffel encontrou finalidades à torre que a fizeram perdurar, principalmente "a possibilidade de instalar uma antena de rádio de longo alcance" que teve um importante papel na espionagem durante a ocupação alemã (1940-1944).

Apesar de seu difícil começo com alguns importantes intelectuais contrários à sua construção antes que esta começasse, rapidamente ganhou a aceitação popular e começou a ser fonte de inspiração para artistas.

"A torre fortaleceu a criação do mito de Paris como capital internacional" e se transformou em símbolo da cidade, algo curioso, segundo Lemoine, "vindo de um monumento de ferro em uma cidade que é sobretudo de pedra".

Em 1887, o mesmo ano em que se iniciou a construção da emblemática obra, Eiffel aceitou a encomenda de construir as eclusas de embarque do canal do Panamá, que ainda hoje segue regido pelos princípios que ele projetou.

A faraônica obra não foi concluída pelo francês, que foi acusado por fraude e condenado a dois anos de prisão isentos de cumprimento e a uma multa de 2 mil francos por ter começado a ganhar dinheiro com a obra antes que estivesse terminada.

"Como empresário não há nada para reprová-lo", defendeu o diretor do CNRS, mas o certo é que Eiffel nunca voltou a desenhar nenhuma grande obra e focou seus últimos 30 anos na pesquisa científica.

"Foi um homem excepcional que dedicou metade de sua vida à construção como engenheiro e a outra metade à pesquisa meteorológica, aeronáutica e de transmissão de rádio", declarou Lemoine, que lembrou que foi então quando construiu dois túneis de vento para testes de resistência, um dos quais segue ativo.

O engenheiro tinha acumulado uma fortuna que lhe teria permitido simplesmente aposentar-se, motivo pelo qual essa dedicação, segundo o especialista, segue parecendo ainda hoje "insólita".

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