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Flip aborda violência política latino-americana

O reflexo das ditaduras latino-americanas na literatura será abordado durante a programação da Festa Literária Internacional de Paraty, que reúne cerca de 30 autores

Movimento em Paraty durante a Flip: em paralelo à realização do festival, a organização preparou uma programação alternativa que inclui 200 atividades (Monica Campi/Flickr)

Movimento em Paraty durante a Flip: em paralelo à realização do festival, a organização preparou uma programação alternativa que inclui 200 atividades (Monica Campi/Flickr)

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Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2011 às 11h30.

Rio de Janeiro - O reflexo das ditaduras latino-americanas e da violência política colombiana nas letras da região será abordado durante a programação da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que começa na quarta-feira.

O festival, considerado referência no circuito cultural da América Latina, reunirá durante os próximos cinco dias cerca de 30 autores de 13 países em torno de 18 mesas de discussões literárias.

A 9ª edição do evento será dedicada ao dramaturgo brasileiro Oswald de Andrade, falecido em 1954, por sua contribuição ao modernismo do país depois da publicação do "Manifesto Antropófago" (1928).

As dissertações dos escritores serão acompanhadas pelos amantes da literatura que visitam a Festa Literária Internacional de Paraty, litoral sul do Rio de Janeiro que exala história com sua rica arquitetura colonial.

O autor italiano Antonio Tabucchi não fará mais parte da reunião, após cancelar sua participação em protesto pela decisão do Governo brasileiro de não extraditar o ex-ativista de esquerda Césare Battisti, condenado na Itália a prisão perpétua por quatro assassinatos.

A lista de convidados da Flip, por onde passaram escritores como Orhan Pamuk, Isabel Allende e Eric Hobsbawm, estará liderada pelos colombianos Laura Restrepo e Héctor Abad Faciolince, que no próximo domingo discutirão sobre as cicatrizes que as ditaduras latino-americanas e da violência política na Colômbia.

Restrepo, autora do premiado romance "Delírios", se exilou no México e na Espanha depois das ameaças de morte que recebeu nos anos 1980 por sua aproximação ao então movimento guerrilheiro colombiano M-19.

Em 2009 publicou sua última obra, "Heróis Demais", ambientada no regime ditatorial de Jorge Videla na Argentina da segunda metade da década de 1970.

O assassinato em 1987 do humanista colombiano Héctor Abad Gómez pelas forças paramilitares inspirou seu filho Héctor Abad Faciolince a escrever seu primeiro trabalho, "Somos o esquecimento que seremos", um romance na qual reflete a personalidade de seu pai e seus anos de luta em defesa dos direitos humanos.

A Flip começa na quarta-feira com uma conferência do professor José Miguel Wisnik e de Antonio Cândido, reconhecido crítico literário, sobre a obra e a personalidade de Oswald de Andrade, que estará precedida por um show de Elza Soares e Celso Sim.

Nos debates literários, acompanhados pelo público em telões e transmitidos ao vivo pela internet, estará o romancista brasileiro Ignacio de Loyola Brandão, que na próxima sexta-feira participará com o psicanalista Contardo Calligaris em um encontro para analisar as diferenças entre a crônica e o gênero de ficção.

O ensaísta americano James Ellroy esmiuçará um dia depois o clima de corrupção e violência racial que reflete em algumas de suas obras, que inspiraram clássicos longas-metragens como "Dália Negra" e "L.A. Confidential".

Em paralelo à realização da Flip, a organização preparou uma programação alternativa que inclui 200 atos como a projeção de filmes, exposições e atividades orientadas ao público infantil e juvenil com as quais se pretende estimular a leitura.

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