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Fassbender interpreta advogado em "O Conselheiro do Crime"

Novo filme de Ridley Scott, com roteiro do premiado escritor norte-americano Cormac McCarthy, é um filme que mais esconde do que mostra

Atores Michael Fassbender e Javier Bardem chegam para uma exibição especial do filme "O Conselheiro do Crime" em Leicester Square, Londres (Luke MacGregor/Reuters)

Atores Michael Fassbender e Javier Bardem chegam para uma exibição especial do filme "O Conselheiro do Crime" em Leicester Square, Londres (Luke MacGregor/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2013 às 15h59.

Sãos Paulo - "O Conselheiro do Crime", novo filme de Ridley Scott, a partir de um roteiro do premiado escritor norte-americano Cormac McCarthy, é um filme que mais esconde do que mostra.

O personagem-título, interpretado pelo ator alemão Michael Fassbender, não tem nome próprio, sendo chamado de apenas de "Doutor". Sabemos muito pouco sobre o seu passado e mesmo seu presente - o que exatamente ele faz no esquema de tráfico de drogas que assessora?

Depreendem-se informações aqui e ali, mas tudo é mistério, exceto a ambição que move os personagens. Reiner (Javier Bardem) é um chefão do tráfico, acompanhado de sua mulher, Malkina (Cameron Diaz), que tem como animais de estimação uma dupla de guepardos. É para deixar bem claro: são um casal de predadores. E, no fundo, é ela quem tem o poder ali.

Malkina e Laura (Penélope Cruz) são duas pontas que polarizam os personagens masculinos - são a alegria, a perdição e a sina deles. Laura é a noiva do Conselheiro, o advogado sem nome interpretado por Michael Fassbender, que, aos poucos, se consolidou como um dos melhores atores de sua geração, tendo no currículo filmes como "Shame" e "Bastardos Inglórios".

Será que Laura sabe de onde vem a fortuna de seu futuro marido? Conhece os tipos de riscos que os dois correm? "O Conselheiro do Crime" é, no fundo, um impiedoso estudo de personagens. Há uma trama sobre um carregamento de drogas atravessando a fronteira entre México e EUA, mas isso é um detalhe que entra na história para amarrar um mergulho nos bastidores dos vários escalões do tráfico - aqueles no topo, que ficam com o lucro, enquanto a esfera inferior se esfola nos muitos perigos dessa atividade e paga o preço imposto pelos inimigos. A cadeia de poder começa a ser destruída de baixo para cima.

O mistério também se faz presente no personagem de Brad Pitt, Westray. Quem é esse sujeito todo engomadinho e ricaço? Qual é a dele? O que importa é que ele tem informações que podem ajudar ao Conselheiro. Mas de qual lado ele joga? Mocinho ou bandido? É nesse terreno pantanoso que caminham os personagens, um campo das incertezas onde qualquer gesto mais brusco pode causar danos irreversíveis.


Ridley Scott - que vem de "Prometeus" e "Robin Hood" - faz um filme que poderia ter saído das mãos de Oliver Stone - especialmente por estabelecer um diálogo com a mais recente obra daquele diretor, "Selvagens" (2012). Ambos investigam o tráfico pelas beiradas, colocando as figuras centrais desse negócio na periferia do enredo.

É um esquema de molde capitalista, portanto, bastante rentável, e assim abre espaço a uma investigação sobre a exploração de países pobres pelos ricos. O contraste dos cenários entre México e EUA é gritante. Os tons de cores do filme são o sintoma disso.

Autor de romances adaptados para o cinema, como "Onde os Velhos Não Têm Vez" (cuja versão cinematográfica no Brasil recebeu o título "Onde os Fracos Não Têm Vez") e "A Estrada", Cormac McCarthy aventura-se por um terreno que ele mesmo já assumiu desconhecer: os personagens femininos.

As ações do filme surgem do embate tácito entre Malinka e Laura - são elas que agem, enquanto os homens, sem se dar conta, apenas reagem. Este é um ambiente povoado por pessoas imperfeitas - que agem mais pelas paixões e instintos do que pela razão, e nesse jogo acabam perdendo a cabeça. Alguns deles, literalmente.

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