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Exercício previne aumento de gordura após lipoaspiração

A lipoaspiração tende a desencadear um mecanismo de reposição de gordura no organismo

A gordura visceral é a responsável por aumentar os riscos de doenças cardiovasculares e também está associada com o surgimento da diabete (Stock.Xchange)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

São Paulo - A lipoaspiração tende a desencadear um mecanismo de reposição de gordura no organismo. Não no mesmo local de onde o tecido adiposo foi retirado, mas entre os órgãos.

A gordura subcutânea retirada, portanto, dá lugar à gordura visceral, que é o tipo mais prejudicial à saúde. A pesquisadora Fabiana Braga Benatti, da Escola de Educação Física e Esporte da USP, descobriu que a adoção de uma rotina de exercícios físicos após a cirurgia é capaz de prevenir esse mecanismo compensatório.

Participaram do estudo 36 mulheres sedentárias de 20 a 35 anos que se submeteram à lipoaspiração abdominal. Dois meses após a cirurgia, as voluntárias se dividiram em dois grupos: metade passou a fazer exercícios três vezes por semana e a outra metade permaneceu sedentária.

O programa de exercícios adotado pelas participantes do estudo - que consistia de alongamento, exercícios aeróbicos e de força, com duração que variava de 60 a 90 minutos - foi seguido durante 16 semanas.

"Observamos que, seis meses após a cirurgia, as mulheres que não treinaram não tiveram um retorno daquela gordura que foi retirada, que é a subcutânea. Porém, tiveram um crescimento compensatório de gordura visceral, o que não ocorreu com as mulheres que treinaram", diz Fabiana.

De acordo com o estudo, esse crescimento compensatório é provocado pela queda do gasto energético total das pacientes sedentárias e não pelo aumento do consumo alimentar.

A quantidade de gordura subcutânea e visceral antes e depois da lipoaspiração foi medida por exames de tomografia computadorizada realizados no Hospital 9 de Julho, com quem os pesquisadores firmaram parceria.

A gordura visceral é a responsável por aumentar os riscos de doenças cardiovasculares e também está associada com o surgimento da diabete.


Compensação

Fabiana explica que esse processo de recuperação tende a acontecer porque a gordura não é inerte. "Quando se retira uma grande quantidade de gordura de repente, ela tende a se recuperar. O corpo luta contra essa perda", diz. Seu grupo de pesquisa já havia constatado esse mesmo processo em ratos.

O cirurgião plástico José Horácio Aboudib, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), explica que o processo de recuperação da gordura após a lipo só ocorre se o paciente aumentar de peso. "Como as células adiposas foram retiradas do tecido adiposo subcutâneo, há uma tendência, se houver aumento de peso, de aumentar a gordura visceral. Se a paciente mantiver o peso, fica como estava após a cirurgia", diz.

Ele afirma que, além da prática de exercícios físicos, outro fator que contribui para melhores resultados da lipoaspiração é o paciente estar próximo de seu peso ideal antes do procedimento. "A lipoaspiração ideal tem o objetivo de tirar gordura localizada e não de emagrecer", diz Aboudib. Por isso, a cirurgia não deve ser recomendada para obesos ou para pessoas que não estão em boas condições de saúde.

O cirurgião plástico Alan Landecker, autor do livro Cirurgia Plástica: Manual do Paciente, acrescenta que a lipoaspiração deve ser cogitada somente em casos de pessoas que não conseguiram perder a gordura localizada por meio de alimentação adequada e prática de exercícios. "Após a cirurgia, se o paciente continuar comendo direito e aderir a um programa rígido de educação física, ele só tem benefícios e não é observada essa compensação", diz o médico.

Landecker observa que, na prática de exercícios pós-lipoaspiração, a musculação é muito importante porque promove o aumento do gasto de calorias. "Quanto mais massa magra no corpo, mais calorias você gasta." O fortalecimento dos músculos também é importante para manter a pele mais firme. "A pele tem ligações com a musculatura. Quanto mais forte, mais a pele vai ser puxada pelo músculo", diz. Os exercícios aeróbicos também são essenciais para a perda de peso e para promover a saúde.


A prática começa a ser liberada após 15 dias da cirurgia, mas apenas para exercícios mais leves. Práticas mais intensas podem ser feitas, sob autorização médica, após um mês.

Para Fabiana, a mensagem principal do estudo é que os candidatos à lipoaspiração devem ter a consciência de que a gordura pode retornar depois da cirurgia, caso as recomendações médicas não sejam seguidas adequadamente.

"E se, mesmo assim, optarem por se submeter à cirurgia, que entendam a enorme importância de fazer exercícios depois do procedimento" alerta a educadora física.

Popular

A lipoaspiração foi a cirurgia plástica mais realizada em 2011, de acordo com levantamento feito pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps) em conjunto com a SBCP. Em 2011, 211.208 lipoaspirações foram realizadas no Brasil.

No mesmo ano, foram 148.962 cirurgias de prótese de silicone nas mamas, que havia sido a mais realizada em 2007, ano do último levantamento. O mesmo estudo aponta que o número de cirurgias plásticas passou de 629.287, em 2008, para 905.124, em 2011, aumento de 43,8%.

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São Paulo - A lipoaspiração tende a desencadear um mecanismo de reposição de gordura no organismo. Não no mesmo local de onde o tecido adiposo foi retirado, mas entre os órgãos.

A gordura subcutânea retirada, portanto, dá lugar à gordura visceral, que é o tipo mais prejudicial à saúde. A pesquisadora Fabiana Braga Benatti, da Escola de Educação Física e Esporte da USP, descobriu que a adoção de uma rotina de exercícios físicos após a cirurgia é capaz de prevenir esse mecanismo compensatório.

Participaram do estudo 36 mulheres sedentárias de 20 a 35 anos que se submeteram à lipoaspiração abdominal. Dois meses após a cirurgia, as voluntárias se dividiram em dois grupos: metade passou a fazer exercícios três vezes por semana e a outra metade permaneceu sedentária.

O programa de exercícios adotado pelas participantes do estudo - que consistia de alongamento, exercícios aeróbicos e de força, com duração que variava de 60 a 90 minutos - foi seguido durante 16 semanas.

"Observamos que, seis meses após a cirurgia, as mulheres que não treinaram não tiveram um retorno daquela gordura que foi retirada, que é a subcutânea. Porém, tiveram um crescimento compensatório de gordura visceral, o que não ocorreu com as mulheres que treinaram", diz Fabiana.

De acordo com o estudo, esse crescimento compensatório é provocado pela queda do gasto energético total das pacientes sedentárias e não pelo aumento do consumo alimentar.

A quantidade de gordura subcutânea e visceral antes e depois da lipoaspiração foi medida por exames de tomografia computadorizada realizados no Hospital 9 de Julho, com quem os pesquisadores firmaram parceria.

A gordura visceral é a responsável por aumentar os riscos de doenças cardiovasculares e também está associada com o surgimento da diabete.


Compensação

Fabiana explica que esse processo de recuperação tende a acontecer porque a gordura não é inerte. "Quando se retira uma grande quantidade de gordura de repente, ela tende a se recuperar. O corpo luta contra essa perda", diz. Seu grupo de pesquisa já havia constatado esse mesmo processo em ratos.

O cirurgião plástico José Horácio Aboudib, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), explica que o processo de recuperação da gordura após a lipo só ocorre se o paciente aumentar de peso. "Como as células adiposas foram retiradas do tecido adiposo subcutâneo, há uma tendência, se houver aumento de peso, de aumentar a gordura visceral. Se a paciente mantiver o peso, fica como estava após a cirurgia", diz.

Ele afirma que, além da prática de exercícios físicos, outro fator que contribui para melhores resultados da lipoaspiração é o paciente estar próximo de seu peso ideal antes do procedimento. "A lipoaspiração ideal tem o objetivo de tirar gordura localizada e não de emagrecer", diz Aboudib. Por isso, a cirurgia não deve ser recomendada para obesos ou para pessoas que não estão em boas condições de saúde.

O cirurgião plástico Alan Landecker, autor do livro Cirurgia Plástica: Manual do Paciente, acrescenta que a lipoaspiração deve ser cogitada somente em casos de pessoas que não conseguiram perder a gordura localizada por meio de alimentação adequada e prática de exercícios. "Após a cirurgia, se o paciente continuar comendo direito e aderir a um programa rígido de educação física, ele só tem benefícios e não é observada essa compensação", diz o médico.

Landecker observa que, na prática de exercícios pós-lipoaspiração, a musculação é muito importante porque promove o aumento do gasto de calorias. "Quanto mais massa magra no corpo, mais calorias você gasta." O fortalecimento dos músculos também é importante para manter a pele mais firme. "A pele tem ligações com a musculatura. Quanto mais forte, mais a pele vai ser puxada pelo músculo", diz. Os exercícios aeróbicos também são essenciais para a perda de peso e para promover a saúde.


A prática começa a ser liberada após 15 dias da cirurgia, mas apenas para exercícios mais leves. Práticas mais intensas podem ser feitas, sob autorização médica, após um mês.

Para Fabiana, a mensagem principal do estudo é que os candidatos à lipoaspiração devem ter a consciência de que a gordura pode retornar depois da cirurgia, caso as recomendações médicas não sejam seguidas adequadamente.

"E se, mesmo assim, optarem por se submeter à cirurgia, que entendam a enorme importância de fazer exercícios depois do procedimento" alerta a educadora física.

Popular

A lipoaspiração foi a cirurgia plástica mais realizada em 2011, de acordo com levantamento feito pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps) em conjunto com a SBCP. Em 2011, 211.208 lipoaspirações foram realizadas no Brasil.

No mesmo ano, foram 148.962 cirurgias de prótese de silicone nas mamas, que havia sido a mais realizada em 2007, ano do último levantamento. O mesmo estudo aponta que o número de cirurgias plásticas passou de 629.287, em 2008, para 905.124, em 2011, aumento de 43,8%.

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