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Escritor diz que críticos têm 'complexo de colonizados'

Para escritor espanhol Javier Moro, brasileiros se sentem mal por um estrangeiro contar 'a história que pensam que lhes pertence'

Moro: 'Certos intelectuais brasileiros, assim como na Índia, têm um nacionalismo febril que é absolutamente deplorável e que é resquício da mentalidade de colonizado' (Josep Lago/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de março de 2012 às 21h16.

Rio de Janeiro - O escritor espanhol Javier Moro, que está no Brasil para apresentar seu novo livro , 'O Império é você', acredita que há intelectuais brasileiros que 'têm um complexo de colonizados muito grande' e por isso se sentem mal por um estrangeiro contar 'a história que pensam que lhes pertence'.

'Certos intelectuais brasileiros, assim como na Índia, têm um nacionalismo febril que é absolutamente deplorável e que é resquício da mentalidade de colonizado', disse Moro em entrevista à Agência Efe.

O autor, que ontem à noite apresentou no Rio de Janeiro seu novo romance, viaja hoje a Brasília para continuar promovendo o livro, que recupera o papel fundamental do imperador Pedro I na história do Brasil.

'Ainda te veem como se fosse tirar-lhes algo e não que vá apresentar o conhecimento mútuo de dois povos. Para isso serve também a literatura, para conhecer-se melhor', refletiu o escritor, nascido em Madri em 1955.

Moro foi alvo de críticas por parte de escritores e historiadores brasileiros há algumas semanas quando começou a divulgação de seu romance no país.

O jornalista Laurentino Gomes, autor dos best-sellers '1808' e '1822', qualificou Moro recentemente como 'exemplo do neocolonialismo cultural da Espanha no Brasil', em declarações ao jornal 'O Globo'.


Moro contestou que 'é preciso ser bobo para dizer uma coisa assim' e que Gomes se sentiu mal porque um estrangeiro entrou 'naquele que ele acredita ser seu jardim'.

'Meu livro foi escrito de uma perspectiva e uma distância que permite contar a história do Brasil para ser lida no exterior, longe de disputas políticas locais', destacou o autor.

'Laurentino Gomes disse coisas absolutamente injustas que provam que não leu meu livro, porque caso contrário, não teria dito o que disse', acrescentou.

'É tão grosseiro e tão ridículo que o que mostram é que não gostam que venham de fora para contar sua história, acham que é deles, mas a história do Brasil não pertence a ninguém, pertence a todos', continuou o escritor espanhol.

Javier Moro define sua última obra como uma 'história romanceada' porque os diálogos foram recriados, e ressalta que se trata de uma interpretação pessoal da história.

'Quero deixar claro que não é uma fantasia histórica, não é um romance histórico, aqui não há personagens de ficção. Isto é história romanceada que segue muito de perto os fatos históricos', detalhou.


Segundo Moro, 'a história não é uma ciência exata e está muito condicionada pela visão de quem a escreve, seja um historiador ou um literato'.

As duras críticas no Brasil a sua obra fizeram-no lembrar da perseguição a outro de seus livros por setores nacionalistas indianos que queimaram em várias cidades fotografias suas e páginas do livro 'O Sári Vermelho'.

O escritor considera que seu romance ajudará os dois países a se entenderem, já que 'os espanhóis não sabiam nada de Pedro I nem da história do Brasil e de Portugal, muito interligada' com a da Espanha.

'O Império é você' vendeu mais de 400 mil cópias na Espanha e foi lançado também na Argentina, Uruguai, Equador, Colômbia, Venezuela, Chile, Peru e México.

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Rio de Janeiro - O escritor espanhol Javier Moro, que está no Brasil para apresentar seu novo livro , 'O Império é você', acredita que há intelectuais brasileiros que 'têm um complexo de colonizados muito grande' e por isso se sentem mal por um estrangeiro contar 'a história que pensam que lhes pertence'.

'Certos intelectuais brasileiros, assim como na Índia, têm um nacionalismo febril que é absolutamente deplorável e que é resquício da mentalidade de colonizado', disse Moro em entrevista à Agência Efe.

O autor, que ontem à noite apresentou no Rio de Janeiro seu novo romance, viaja hoje a Brasília para continuar promovendo o livro, que recupera o papel fundamental do imperador Pedro I na história do Brasil.

'Ainda te veem como se fosse tirar-lhes algo e não que vá apresentar o conhecimento mútuo de dois povos. Para isso serve também a literatura, para conhecer-se melhor', refletiu o escritor, nascido em Madri em 1955.

Moro foi alvo de críticas por parte de escritores e historiadores brasileiros há algumas semanas quando começou a divulgação de seu romance no país.

O jornalista Laurentino Gomes, autor dos best-sellers '1808' e '1822', qualificou Moro recentemente como 'exemplo do neocolonialismo cultural da Espanha no Brasil', em declarações ao jornal 'O Globo'.


Moro contestou que 'é preciso ser bobo para dizer uma coisa assim' e que Gomes se sentiu mal porque um estrangeiro entrou 'naquele que ele acredita ser seu jardim'.

'Meu livro foi escrito de uma perspectiva e uma distância que permite contar a história do Brasil para ser lida no exterior, longe de disputas políticas locais', destacou o autor.

'Laurentino Gomes disse coisas absolutamente injustas que provam que não leu meu livro, porque caso contrário, não teria dito o que disse', acrescentou.

'É tão grosseiro e tão ridículo que o que mostram é que não gostam que venham de fora para contar sua história, acham que é deles, mas a história do Brasil não pertence a ninguém, pertence a todos', continuou o escritor espanhol.

Javier Moro define sua última obra como uma 'história romanceada' porque os diálogos foram recriados, e ressalta que se trata de uma interpretação pessoal da história.

'Quero deixar claro que não é uma fantasia histórica, não é um romance histórico, aqui não há personagens de ficção. Isto é história romanceada que segue muito de perto os fatos históricos', detalhou.


Segundo Moro, 'a história não é uma ciência exata e está muito condicionada pela visão de quem a escreve, seja um historiador ou um literato'.

As duras críticas no Brasil a sua obra fizeram-no lembrar da perseguição a outro de seus livros por setores nacionalistas indianos que queimaram em várias cidades fotografias suas e páginas do livro 'O Sári Vermelho'.

O escritor considera que seu romance ajudará os dois países a se entenderem, já que 'os espanhóis não sabiam nada de Pedro I nem da história do Brasil e de Portugal, muito interligada' com a da Espanha.

'O Império é você' vendeu mais de 400 mil cópias na Espanha e foi lançado também na Argentina, Uruguai, Equador, Colômbia, Venezuela, Chile, Peru e México.

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