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Escolas de samba tradicionais do Rio sofrem na Série A

Doze escolas que já passaram pelo grupo de elite sofrem com a penúria da Série A, a segunda divisão do Carnaval


	Carnaval do Rio de Janeiro: falta de dinheiro, de espaço e de infraestrutura são os principais problemas das 17 escolas da Série A
 (Getty Images)

Carnaval do Rio de Janeiro: falta de dinheiro, de espaço e de infraestrutura são os principais problemas das 17 escolas da Série A (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2014 às 19h12.

Rio - Império Serrano, Estácio de Sá, Viradouro, Caprichosos de Pilares, Porto da Pedra, Acadêmicos da Rocinha, Renascer de Jacarepaguá, Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos de Santa Cruz, Tradição, Inocentes de Belford Roxo e Em Cima da Hora. As doze escolas já passaram pelo Sambódromo no grupo de elite do carnaval do Rio - algumas, como as três primeiras, têm passados gloriosos e apaixonadas torcidas -, mas hoje sofrem com a penúria da Série A, a segunda divisão da festa.

Falta de dinheiro, de espaço e de infraestrutura são os principais problemas das 17 escolas da Série A, que desfilam nesta sexta-feira, 28, e Sábado (1). O apoio da Prefeitura é de R$ 700 mil (no Grupo Especial, o valor, somado a outros repasses, como a renda obtida com a venda de CDs com os sambas-enredo, chega a R$ 2,5 milhões). As agremiações não contam com barracões apropriados - algumas mantiveram carros alegóricos ao relento. Por sorte, quase não tem chovido.

Os galpões são improvisados, não têm altura suficiente para comportar os carros alegóricos, sofrem com falta de água, ventilação, luz nem cobertura adequada. Ficam em áreas degradadas do área central do Rio e não contam com policiamento (as escolas providenciam seguranças). Uma saída é reciclar alegorias de carnavais anteriores e usar materiais alternativos para reduzir os gastos. As escolas lançam mão também do trabalho voluntário de integrantes devotados.

Os desfiles da Série A custam, em média, R$ 1,5 milhão - um décimo dos carnavais mais caros do Grupo Especial deste ano. O Império Serrano e a Viradouro conseguiram patrocínios das cidades de Angra dos Reis e Niterói, retratadas nos enredos (os valores são mantidos sob sigilo). Ainda assim, são muitas as dificuldades. "Este barracão não é nada adequado. São 4,5 metros de altura, e tenho carros de 8 metros. Tenho que montá-los na rua. O telhado está falho e, quando o tempo vira, alguém corre para cobrir as falhas com plástico, caso contrário molha os carros todos", diz o carnavalesco do Império, Eduardo Gonçalves, sentado num toco de isopor.

"A Série A virou uma segunda divisão importantíssima, com transmissão pela TV, repercussão e interesse do público, mas a estrutura não acompanha", lamenta. Em 67 anos de história, o Império conseguiu o título nove vezes. Desde 2010 está no segundo grupo. Campeã em 1997, a Viradouro ficou sem barracão por quase todo o período carnavalesco. O seu antigo espaço foi interditado por causa das obras na zona portuária e, com isso, a escola perdeu todo o material que poderia ter sido reaproveitado - um prejuízo de cerca de R$ 100 mil.

"Tivemos que trabalhar na rua mesmo. Criamos um carnaval em dois meses, pois fomos expulsos do barracão pela Prefeitura. Ainda assim, será um desfile digno", conta o carnavalesco João Vitor Araújo. A Caprichosos, escola fundada em 1949, passou só um ano na Cidade do Samba, onde desfrutou de barracão de quatro andares, com espaços separados para a construção e montagem dos carros, além de refeitório, almoxerifado e salas de reuniões. Cada galpão tem doze metros de pé direito.

"As exigências para a Série A são altas, pois temos que disputar um espaço no Grupo Especial. A sorte é que a comunidade não nos abandona. No nosso barracão pelo menos não chove dentro", brinca Amauri Santos, carnavalesco da Caprichosos. A Prefeitura estuda a criação de uma Cidade do Samba 2 para as escolas da Série A, mas ainda não há nada certo.

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