Emissoras de TV investem em séries spin-offs
'How I met your mother', 'Breaking Bad' e 'The Walking Dead' são algumas das últimas séries que se renderam ao spin-off, nome dado as séries derivadas
Da Redação
Publicado em 14 de janeiro de 2014 às 14h11.
Se a formula do sucesso foi descoberta, para que buscar outra? Deve ser isso que pensam os executivos das emissoras de televisão, que sucumbiram maciçamente ao fenômeno dos spin-offs, também conhecidos como "séries derivadas". Ou seja, as séries que nascem a partir de elementos de uma ficção preexistente, personagens como acontece na maioria dos casos ou outros elementos narrativos.
Séries como "How I met your mother", "Breaking Bad" e "The Walking Dead" já preparam suas respectivas ficções derivadas, torcendo para que se repita o sucesso dos originais. Mas é preciso levar em conta que, às vezes, o que parece uma aposta segura pode se transformar em um erro garrafal.
Uma autêntica avalanche
A sitcom "How I met your mother" foi uma das últimas a confirmar que terá com um spin-off. Se na popular série da CBS um pai narra para seus filhos como conheceu aquela que se tornaria sua mulher, a série derivada terá um ponto de vista feminino, e se chamará "How I met your dad". Um dos co-criadores da série, Carter Bays, confirmou através de seu Twitter que serão personagens totalmente diferentes, mas que haverá "muitos 'participações' surpresa".
A emissora AMC também optou por prolongar o sucesso de duas de suas joias: as séries "The Walking Dead" e "Breaking Bad". A primeira, atualmente na metade da quarta temporada, verá seu spin-off entrar no ar em 2015, e não se prenderá à história em quadrinhos de Robert Kirkman em que a série original se baseou.
Já a série derivada de "Breaking Bad" se centrará em um de seus protagonistas, o advogado Saul Goodman. "Better call Saul", pode preencher o vazio dos seguidores de "Heisenberg", depois do fim da série, em setembro.
Outra que poderia conseguir seu spin-off seria "Modern Family", deixando o protagonismo para um de seus personagens secundários, Gil Thorpe, interpretado por Rob Riggle, que mal apareceu em alguns episódios da quarta temporada.
O que mostra que a aposta da ABC continua a ser nos spins-offs, o que pode ser provado pelo lançamento de "Once upon a time in Wonderland", nascida por causa dos bons dados de "Once upon a time" e de "Ravenswood", cujo original é "Pretty Little Liars".
A lista de novidades é completada com os spin-offs de "Arrow", "Supernatural" e de "The Vampire Diaries" (todas do canal CW), e até o Showtime cogita espremer o filão de "Dexter". Seu presidente, David Nevins, deixou as portas abertas para uma futura série que continue a vida da criação original, já que para a companhia "é importante mantê-la viva".
Tentativas fracassadas
Diante dos milhares de novos projetos surgidos a partir de outros, a ideia de que um spin-off é sinônimo de sucesso fácil parece evidente. Mas nem sempre é assim. Que o diga os responsáveis de "Joey", derivado da histórica série "Friends". O final da série tinha atraído mais de 50 milhões de espectadores, então por que não continuar a explorar o filão do programa seguindo um dos mais carismáticos dos seis amigos?
Mas a audiência acabou dando as costas a "Joey", que não pôde lidar com a progressiva perda de espectadores e encerrou a segunda temporada mais cedo. A série não chegava a cobrir as expectativas dos seguidores dos seis amigos do "Central Perk", e Matt LeBlanc viu pela segunda vez ser cancelada uma série derivada protagonizada por ele, situação que viveu com a mal-sucedida "Top of the heap", um spin-off de "Married With Children" que só teve sete episódios.
Pelo menos no caso de "Joey" permanece na memória dos espectadores, em maior ou menor medida. Mas há outras séries cujos spin-offs tiveram muito menos repercussão. Hoje em dia, poucos lembram que a mulher do protagonista de "Columbo" teve uma série própria ("Mrs. Columbo"), que os mistérios sobrenaturais de "Arquivo X" continuaram durante pouco tempo com "The Lone Gunmen" e que David Hasselhoff pendurou o colete salva-vidas de "SOS Malibu" para fazer parte de uma agência de detetives na série derivada "Baywatch Nights".
O segredo do sucesso
Todas estas tentativas mostram que estar respaldado por uma série de sucesso não é suficiente para triunfar. Mariló García, redatora da revista especializada Cinemania e autora do blog "Yonomeaburro", afirma que casos em que um spin-off dá certo são "excepcionais". "Normalmente não agüentam, porque os protagonistas eram secundários no original e não têm tanta força".
Excepcionais ou não, há casos nos quais os spin-off funcionam, e muito bem. A referência por excelência é "Frasier", "possivelmente, uma das melhores comédias já feitas", elogiou Mariló. Surgida a partir de um dos personagens secundários de "Cheers", esta comédia de situação, retransmitida pela "NBC", chegou as 11 temporadas (1993-2004), e foi um sucesso de crítica e público. Algo que fez esquecer o fracasso de outra das séries derivadas de "Cheers", "The Tortellis", lançada anos antes e cancelada após os 13 primeiros capítulos.
Outros exemplos de ficções que ganharam o público são "Angel", spin-off de "Buffy, a Caça Vampiros", ou a britânica "Torchwood", cujo título é um anagrama que remete ao nome da série original, "Doctor Who".
Então, qual é o segredo para que um spin-off faça tanto sucesso quanto a original? Mariló acreditam que triunfam "as que se afastam do original e se regem por suas próprias normas". Alberto Nahum García, professor da Universidade de Navarra e autor do blog "Diamantes em série", concorda com a crítica de que o distanciamento é uma das chaves para um spin-off bem sucedido. São aqueles que constroem "um arco narrativo e dramático original, capaz de prender o espectador com um aroma familiar, mas propondo algo inovador, diferente e atraente".
A mensagem, definitivamente, é que o segredo para conquistar os espectadores talvez não seja "oferecer mais do mesmo", porque nesse caso, "preferirão o original em vez da cópia", afirmou o professor. O tempo dirá se estas novas séries derivadas cumprirão as expectativas ou se entrarão na lista das que cairão no esquecimento.
Por Isabel Reviejo García.