Casual

Em meio à alfaiataria masculina, 55% dos cargos de liderança são delas

Ricardo Almeida, referência em alfaiataria masculina, quebra padrões do setor com forte presença feminina em cargos de gestão

Ao centro, 
Ricardo Almeida. À esquerda, Andrea Paixão, Tatiane Silva e Flavia Roismann. À direita, Daniela de Carvalho,Giovana de Pieri e Larissa Morihama (Leandro Fonseca/Exame)

Ao centro, Ricardo Almeida. À esquerda, Andrea Paixão, Tatiane Silva e Flavia Roismann. À direita, Daniela de Carvalho,Giovana de Pieri e Larissa Morihama (Leandro Fonseca/Exame)

JS

Julia Storch

Publicado em 21 de junho de 2021 às 14h00.

Última atualização em 21 de junho de 2021 às 15h15.

Ricardo Almeida é uma referência em alfaiataria masculina. O que poucos sabem é que boa parte do sucesso da gestão da grife homônima ao estilista se deve à sua liderança feminina. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), entre os 9,5 milhões de brasileiros que trabalham no setor, 75% são mulheres, mas apenas 15% estão em posições de comando. Na Ricardo Almeida, 55% dos cargos são ocupados por elas.

Do departamento de marketing e estilo ao comercial, passando pelos recursos humanos e comunicação, muitas histórias se convergem em suas trajetórias. São os casos de Flavia Roismann, diretora de marketing e estilo, Larissa Morihama, gerente de trade marketing, Andrea Paixão, diretora comercial, e Tatiane Silva, gerente de plano de controle de produção. Somando o tempo trabalhado na marca, o quarteto comemora mais de 90 anos e passagens por diversos cargos.  

Roismann foi uma das pioneiras, ao entrar na marca em 1995. Na época, acabara de se formar em publicidade e propaganda, e por indicação de um professor e cliente da marca, foi à loja do Shopping Iguatemi, para ser entrevistada. Ela conta que mesmo conhecendo os ternos coloridos confeccionados na época, não sabia quem era Ricardo ao chegar na loja.

Após seis anos trabalhando como braço direito de Ricardo, conheceu Morihama, que frilava como camareira da marca durante os eventos do Morumbi Fashion Week. O convite para fazer parte da equipe como assistente de estilo foi assertivo mesmo antes da entrevista acontecer. “Parece história de novela”, conta Morihama sobre o dia em que a secretária de Ricardo ligou para sua casa para agendar a entrevista. “Minha mãe atendeu o telefone, e na hora de anotar o endereço do ateliê, ficou em choque. Era a mesma casa que ela havia morado na juventude”.

Histórias familiares também se estendem, como com a entrada de Silva na marca. Na infância, a gerente usava os retalhos das peças feitas por seu irmão, costureiro da marca, para vestir suas bonecas. Por influência do primogênito, não surgiu apenas seu gosto pela moda, como ao completar 17 anos, foi levada por ele para uma entrevista com Ricardo. Ao longo dos anos, foi ascendendo na empresa. De auxiliar de atendimento, hoje comemora 19 anos de empresa e gerencia toda a parte industrial na fabricação de camisaria e alfaiataria.

Porém, ainda que elas sejam maioria nos cargos de liderança, para crescer na empresa independe do gênero, comenta Ricardo. “As pessoas mais interessadas, crescem. A Tatiane quando entrou, era assistente da assistente, a Flávia é meu braço direito, a pessoa que mais conhece o meu negócio, assim como a Andrea na parte comercial, que está conosco desde 1991. As oportunidades são dadas a todos, basta que haja interesse em crescer”.

No início da pandemia, de abril a julho de 2020, dos 527 funcionários, apenas seis continuaram trabalhando presencialmente. Durante 90 dias, todas as lojas fecharam, assim como os shootings foram cancelados e os manequins das vitrines das lojas foram levados para a casa de Ricardo e Flavia. A diretora de marketing e estilo resgatou seus conhecimentos de fotografia aprendidos na faculdade e produziu uma campanha homemade.

Ainda que 2020 tenha desacelerado as vendas, com faturamento de 55% comparado ao ano anterior, a pandemia trouxe a reestruturação da marca. “Fizemos do limão, uma limonada”, conta Ricardo. “Aproveitamos o ano para nos organizar em muitas áreas, como a implantação dos softwares, reorganizar moldes, que para mim é o mais importante dentro da roupa. Também contratamos a Daniela de Carvalho, para liderar a equipe de Gente e Cultura”.

O azedo do limão se transformou em um doce refresco, visto que para o segundo semestre deste ano, estão previstas três novas lojas, em Brasília, Belo Horizonte e São Paulo. A última será em um espaço de 800 metros quadrados na Cidade Matarazzo, e funcionará com hora marcada como uma consultoria de estilo, a partir de outubro. “Faremos um trabalho diferenciado, um estudo com os clientes sobre seus perfis, explicando quais peças se enquadram ao seu estilo de vida e trabalho”, explica Ricardo.

Outra novidade para este ano é o rebranding da marca. Encabeçado por Giovana de Pieri, head de marketing que entrou na equipe no início do ano passado, o novo posicionamento da Ricardo Almeida pretende se aproximar dos consumidores através de suas campanhas, por exemplo, mas mantendo a exclusividade da marca. 

É uníssono entre elas que, após tantos anos de trabalho ao lado de Ricardo, as mentes começam a pensar juntas. “Com o tempo, começamos a pensar como ele pensa, a agir como ele age, e isso facilita para transmitir à equipe o que ele deseja para o negócio”, finaliza Andrea.

Assine a EXAME e acesse as notícias mais importante em tempo real.

Acompanhe tudo sobre:GestãoLiderançaModaMulheresMulheres executivasRoupas

Mais de Casual

W São Paulo: novo hotel de luxo chega à cidade

'Quiet luxury': Como criar um visual sofisticado com simplicidade

Harmonização de cervejas: dicas para combinar com pratos de Natal

Air France aposta na nova Business Class e estreia voos entre Salvador e Paris