Em Cannes, Resnais explora a relação entre cinema e teatro
Seu novo filme é uma adaptação de duas obras do dramaturgo francês Jean Anouilh
Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2012 às 13h14.
Cannes - O diretor Alain Resnais, 90 anos, um dos grandes cineastas do cinema francês, ofereceu nesta segunda-feira aos espectadores do Festival de Cinema de Cannes uma prova de seu grande amor pelo teatro e pelos atores com seu filme "Vous n'avez encore rien vu" (Você ainda não viu nada).
Resnais, que ganhou notoriedade em 1959 com "Hiroshima mon amour", continua a experimentar neste novo filme, na competição pela Palma de Ouro, que é uma adaptação de duas obras do dramaturgo francês Jean Anouilh (1910-1987), "Eurídice" e "Querido Antonio ou o amor falido".
"O que os terráqueos sabem sobre o que acontece na Terra, sobre o que nos acontece? Nós não podemos ver o ultravioleta ou o infravermelho. Não sabemos o que nos espera", disse Resnais, cujos temas recorrentes são a memória e a morte.
Resnais inventa neste filme um alter ego, o dramaturgo Antoine d'Anthac, interpretado por Denis Podalydès, ator da Comédie Française, que faz com que seus amigos acredites que está morto e pede, em seu testamento, que voltem a interpretar "Eurídice".
O cineasta destacou o seu "grande afeto" pelos atores, pelo cinema e pelo teatro. "Desde que eu era criança, ouço que o teatro é nobre e o cinema secundário. Nunca concordei com isso, sempre quis explorar o que é gêmeo nestas duas artes", afirmou.
"A iluminação do filme não é realista. Eu quis passar uma impressão de magia na imagem, que os atores entram em transe, como sonâmbulos", acrescentou.
Uma série de experientes atores franceses, entre eles Sabine Azema, Michel Piccoli, Pierre Arditi e Lambert Wilson, interpretam as obras de Anouilh, enquanto uma jovem companhia de teatro oferece uma encenação das mesmas obras.
Vários pares de atores interpretam o mito do amor infeliz de Orfeu e Eurídice através do texto Anouilh.
"Os filmes de Alain Resnais são todos diferentes, são aventuras emocionantes, há tanto estranheza quanto familiaridade", disse Pierre Arditi, que já atuou em vários de seus trabalhos.
A atriz Anne Dupery destacou a realização deste filme. "Alain Resnais explicita um amor enorme pelo teatro, cinema", disse.
"A obra cinematográfica de Alain Resnais é um país maravilhoso para onde todos os amantes do cinema gostariam de viajar. Esta filmagem foi uma grande oportunidade", declarou o ator Hypolite Girardot.
"Faço filmes como um artesão. Não tenho respostas sobre a morte. Eu teria gostado de ser um professor da Sorbonne para especular sobre o tema da memória e da morte. Desde o nascimento estamos condenados, isso sabemos imediatamente. Cada minuto nos coloca diante do inevitável", disse Resnais, rejeitando ser este filme seu testamento.
O cineasta recordou que começou a ver filmes ainda na época do cinema mudo. "Isso me influenciou muito. Estou preso aos fantasmas da memória", disse.
O sexto dia do Festival de Cinema de Cannes guardou nesta segunda-feira outros fortes destaques, como a exibição do filme "Like someone in love" (como alguém apaixonado) e "3", do uruguaio Pablo Stoll.
O filme de Kiarostami, filmado em Tóquio, com atores japoneses e competindo pela Palma de Ouro, conta a história de uma jovem estudante de sociologia que se prostitui.
Já "3" é uma comédia agridoce do jovem diretor Pablo Stoll Ward, apresentado na seção paralela "Quinzena", conta a história de Rudolph (Humberto Vega), que ao longo de dez anos tenta voltar para a casa de sua família.
O ponto de partida do filme é "o sonho de todos nós que temos pais divorciados", afirmou o cineasta uruguaio, em um café à beira-mar de Cannes, lotado desde domingo por causa da chuva, que causou, inclusive, o cancelamento da algumas projeções.
Cannes - O diretor Alain Resnais, 90 anos, um dos grandes cineastas do cinema francês, ofereceu nesta segunda-feira aos espectadores do Festival de Cinema de Cannes uma prova de seu grande amor pelo teatro e pelos atores com seu filme "Vous n'avez encore rien vu" (Você ainda não viu nada).
Resnais, que ganhou notoriedade em 1959 com "Hiroshima mon amour", continua a experimentar neste novo filme, na competição pela Palma de Ouro, que é uma adaptação de duas obras do dramaturgo francês Jean Anouilh (1910-1987), "Eurídice" e "Querido Antonio ou o amor falido".
"O que os terráqueos sabem sobre o que acontece na Terra, sobre o que nos acontece? Nós não podemos ver o ultravioleta ou o infravermelho. Não sabemos o que nos espera", disse Resnais, cujos temas recorrentes são a memória e a morte.
Resnais inventa neste filme um alter ego, o dramaturgo Antoine d'Anthac, interpretado por Denis Podalydès, ator da Comédie Française, que faz com que seus amigos acredites que está morto e pede, em seu testamento, que voltem a interpretar "Eurídice".
O cineasta destacou o seu "grande afeto" pelos atores, pelo cinema e pelo teatro. "Desde que eu era criança, ouço que o teatro é nobre e o cinema secundário. Nunca concordei com isso, sempre quis explorar o que é gêmeo nestas duas artes", afirmou.
"A iluminação do filme não é realista. Eu quis passar uma impressão de magia na imagem, que os atores entram em transe, como sonâmbulos", acrescentou.
Uma série de experientes atores franceses, entre eles Sabine Azema, Michel Piccoli, Pierre Arditi e Lambert Wilson, interpretam as obras de Anouilh, enquanto uma jovem companhia de teatro oferece uma encenação das mesmas obras.
Vários pares de atores interpretam o mito do amor infeliz de Orfeu e Eurídice através do texto Anouilh.
"Os filmes de Alain Resnais são todos diferentes, são aventuras emocionantes, há tanto estranheza quanto familiaridade", disse Pierre Arditi, que já atuou em vários de seus trabalhos.
A atriz Anne Dupery destacou a realização deste filme. "Alain Resnais explicita um amor enorme pelo teatro, cinema", disse.
"A obra cinematográfica de Alain Resnais é um país maravilhoso para onde todos os amantes do cinema gostariam de viajar. Esta filmagem foi uma grande oportunidade", declarou o ator Hypolite Girardot.
"Faço filmes como um artesão. Não tenho respostas sobre a morte. Eu teria gostado de ser um professor da Sorbonne para especular sobre o tema da memória e da morte. Desde o nascimento estamos condenados, isso sabemos imediatamente. Cada minuto nos coloca diante do inevitável", disse Resnais, rejeitando ser este filme seu testamento.
O cineasta recordou que começou a ver filmes ainda na época do cinema mudo. "Isso me influenciou muito. Estou preso aos fantasmas da memória", disse.
O sexto dia do Festival de Cinema de Cannes guardou nesta segunda-feira outros fortes destaques, como a exibição do filme "Like someone in love" (como alguém apaixonado) e "3", do uruguaio Pablo Stoll.
O filme de Kiarostami, filmado em Tóquio, com atores japoneses e competindo pela Palma de Ouro, conta a história de uma jovem estudante de sociologia que se prostitui.
Já "3" é uma comédia agridoce do jovem diretor Pablo Stoll Ward, apresentado na seção paralela "Quinzena", conta a história de Rudolph (Humberto Vega), que ao longo de dez anos tenta voltar para a casa de sua família.
O ponto de partida do filme é "o sonho de todos nós que temos pais divorciados", afirmou o cineasta uruguaio, em um café à beira-mar de Cannes, lotado desde domingo por causa da chuva, que causou, inclusive, o cancelamento da algumas projeções.