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Ele perdeu 100 quilos sem cirurgia e conta como

Em um país em que a obesidade mata tanto quanto a fome, a história do professor de inglês e influenciador digital Gustavo Victor pode ser inspiradora

Gustavo Victor: “Desde que você esteja saudável, tudo bem ser gordo. Seja você" (Atilla Chopa/Divulgação)

Gustavo Victor: “Desde que você esteja saudável, tudo bem ser gordo. Seja você" (Atilla Chopa/Divulgação)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 16 de dezembro de 2017 às 07h00.

Última atualização em 18 de dezembro de 2017 às 10h27.

São Paulo - Em um país em que a obesidade mata tanto quanto a fome e que a cada cinco brasileiros, um está obeso, a história do professor de inglês Gustavo Victor pode ser inspiradora. Ele perdeu 100 quilos sem cirurgia e ficou famoso no Instagram (@dotobefit), com 180 mil seguidores.

“Não quero ser um sarado marombeiro. Quero ganhar mais vida a cada quilo eliminado”, diz o professor de Taubaté, interior de São Paulo.

Victor teve consciência do sobrepeso pela primeira vez quando se pesou na escola. Mas a medida de 55 quilos na balança não dizia nada para um menino de dez anos. “Sempre fui uma criança gordinha, mas não tinha consciência. Até que a professora disse que eu tinha o mesmo peso que ela e que aquilo era um absurdo. Meus amigos riram”, conta.

O médico disse que era preciso esperar ele crescer. “Eu não comia muita quantidade, mas comia errado. Era bolacha recheada, refrigerante, bolo e nenhuma atividade física”, relata. Aos 18 anos, a família sofreu um sequestro e o adolescente de 130 quilos entrou em depressão e engordou ainda mais.

Aos 19, na primeira viagem de avião da vida, para Londres, mais um marco. “Foi um choque. Como eu caberia na poltrona?”. O auge de sobrepeso foi aos 24 anos, quando atingiu 194 quilos após o falecimento do pai e mais uma depressão. “Eu me sentia o centro das atenções em todos os lugares, vivia desmotivado”, diz.

As primeiras tentativas para emagrecer foram frustradas. Victor incluiu folhas de alface no prato e consumiu shakes vendidos como milagrosos, mas faltava ajuda profissional. Disposto a fazer a cirurgia bariátrica, procurou uma médica, que recomendou que, para operar, ele precisaria emagrecer 15 quilos.

A solução mais fácil foi tomar um coquetel de remédios por indicação de uma ginecologista, que o fez perder 20 quilos em um mês. Mais tarde, ele descobriria que era uma fórmula anoréxica. Professor de inglês, ele perdeu alunos pelo mau-humor e temperamento abatido.

O desvio na rota serviu para ver que, no seu caso, poderia ser possível emagrecer sem cirurgia. “A cirurgia não seria fácil, mas eu não tinha tentado tudo o que eu poderia antes de operar”, conta. Era hora de mudar.

A mudança

Na própria festa de aniversário de 31 anos, Victor não comeu doces pela primeira vez e anunciou aos amigos que mudaria de vida. A transformação começou sem milagres: com visitas à nutricionista – que alterou radicalmente sua alimentação –, caminhadas diárias e musculação. Mas a maior motivação veio com a corrida.

“Tinha vontade de correr porque sempre fui tímido e achava que a corrida era um esporte solitário, que me desafiaria. Não imaginava que me traria tantos amigos”, conta.

Na primeira prova, em Taubaté, ele percorreu cinco quilômetros em 42 minutos. Hoje, faz a mesma distância em 25 minutos: quase metade do tempo.

- (Gustavo Victor/Divulgação)

Empolgado com a nova rotina, Victor costumava postar no Instagram as marmitas de frango e batata doce e as compras de frutas e verduras no mercado. “Seu Instagram está chato”, diziam os amigos, que sugeriram que ele abrisse seu Instagram para os interessados.

O incentivo dos seguidores trazia ânimo. Victor passou a ser procurado por marcas grandes, como Adidas, Volkswagen e Bio Ritmo, e se tornou um influenciador digital. “O Instagram me ajuda muito a manter o foco. Não posso falhar com as pessoas”, conta. Hoje, ele divulga grupos de corrida da Adidas, mas não parou de dar aulas de inglês.

Há três anos, Victor segue à risca a rotina intensa de exercícios e dieta e perdeu a vontade de comer doces e frituras. Treina sete dias por semana e reveza entre musculação e spinning, além das corridas.

Saiu do número 72 de calça para o 46. Do tamanho de camiseta XXXXL, chegou ao L. “Não quero ser P, quero respeitar meu corpo”, diz o professor, hoje com 94 quilos. A meta agora é atingir o M e correr 70 quilômetros na Disney em 2019.

Em uma sociedade que ainda impõe padrões de beleza, mas que debate o direito de ser quem se é, Victor diz que optou pela saúde. “Desde que você esteja saudável, tudo bem ser gordo. Seja você. Essa é a bandeira que eu levanto”.

 

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