O artista e dissidente chinês Ai Weiwei protesta para pedir a libertação de Julian Assange em frente ao tribunal de Londres de Old Bailey (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 29 de setembro de 2020 às 10h08.
Última atualização em 29 de setembro de 2020 às 22h22.
O artista e dissidente chinês, Ai Weiwei, protestou em silêncio nesta segunda-feira (28) em Londres para exigir a libertação do fundador do Wikileaks, Julian Assange, em frente ao tribunal que atualmente analisa o pedido de extradição para os Estados Unidos para julgá-lo por espionagem.
Ai Weiwei permaneceu calado diante do tribunal, cobrindo a boca com a mão e exibindo uma camisa rosa na qual estava ao lado do australiano, de 49 anos, fazendo um gesto obsceno junto à mensagem "Free Assange" (libertem Assange).
"Deixem que seja uma pessoa livre", disse o artista aos repórteres e considerou que o fundador do Wikileaks "representa o valor fundamental daquilo pelo o que estamos lutando: a liberdade de imprensa".
Assange reivindica justiça dos Estados Unidos, onde enfrenta 18 acusações por espionagem e hackeamento que podem lhe render uma pena de 175 anos de prisão, pela publicação, a partir de 2010, de 700.000 documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas americanas, especialmente no Iraque e Afeganistão.
Ai, que em 2011 ficou preso por 81 dias por ter criticado o governo chinês, explicou que optou por uma manifestação silenciosa porque "todas as palavras que gostaríamos de dizer já foram ditas".
"Precisamos de muitas manifestações, em diferentes formas", acrescentou o dissidente chinês. "Como artista, se não posso usar minha arte, que é muito limitada, prefiro permanecer em silêncio".
Assange foi preso na embaixada do Equador em Londres em abril de 2019 após viver sete anos no local, onde se refugiou, violando sua liberdade condicional pelo medo de ser extraditado aos Estados Unidos.
A Justiça britânica agora deve determinar se o pedido de extradição dos EUA cumpre uma série de critérios jurídicos e, especialmente, se não é desproporcional ou incompatível com os direitos humanos.
A juíza Vanessa Baraister, encarregada do caso, já alertou que sua decisão "provavelmente será anunciada após as eleições (presidenciais) dos Estados Unidos" em 3 de novembro.