Caso Neymar: se não houver novos fatos, a polícia encerra nesta sexta a fase de depoimentos (Nacho Doce/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de junho de 2019 às 08h03.
São Paulo — A Polícia Civil ouve nesta sexta-feira (28), o último depoimento no inquérito que investiga a acusação de estupro da modelo Najila Trindade contra o atacante Neymar. A advogada Yasmim Abdalla será ouvida à tarde na 6.ª Delegacia de Defesa da Mulher. Se não houver novos fatos, a polícia encerra nesta sexta a fase de depoimentos.
Yasmin não se apresentou oficialmente como advogada de Najila, mas esteve no caso ao lado de Danilo Garcia, o segundo advogado da modelo. O objetivo principal do depoimento de hoje é o sumiço do celular de Najila. Na visão dos investigadores, o celular é importante por conter imagens do segundo encontro entre Neymar e a modelo em Paris. Najila diz que perdeu o aparelho, mas não registrou Boletim de Ocorrência e não pediu o bloqueio da linha.
Na segunda-feira termina o prazo para a conclusão do inquérito ou solicitação de um tempo maior de apuração. A tendência é que o relatório final seja entregue nesse dia. A partir daí, o relatório será encaminhado ao Ministério Público, que pode denunciar (fazer acusação formal contra o jogador), pedir o arquivamento ou requisitar novas diligências. A promotoria tem 15 dias para decidir. O arquivamento significa, na prática, o fim do caso. Najila poderá pedir a reabertura desde que apresente novas provas.
Se o MP oferecer uma denúncia, o juiz passa a analisar o pedido. Aí, começa o processo: Neymar apresentaria sua defesa. Mesmo que se torne réu, ele não fica impedido de sair do Brasil. Ao final, o juiz sentencia.
Najila não autorizou que o ginecologista André Malavasi revelasse detalhes da consulta realizada após ela ter voltado da França. Na delegacia, o profissional confirmou que a modelo é sua paciente, que houve consulta, mas que não poderia revelar o conteúdo por causa do sigilo da relação entre médico e paciente.
A posição da modelo causou estranhamento entre os responsáveis pela investigação, pois o depoimento do ginecologista poderia fortalecer a alegação de agressão e estupro defendida por Najila. Sem a autorização da paciente, a fala do especialista trouxe pouca contribuição ao inquérito. O atual advogado de Najila, Cosme Araújo, afirma que não teve participação na convocação do ginecologista para depor. "Foi um acerto entre os dois, ela e o médico", disse.
Os investigadores já haviam se surpreendido com o fato de Najila não ter citado o ginecologista em seu primeiro depoimento. Najila só tinha informado uma consulta com Eduardo Campedelli, especialista em gastroenterologia, no dia 21 de maio. O laudo cita hematomas e arranhaduras em seu corpo.